Yvelise de Oliveira - 28/11/2017 09h15

Acordei e resolvi que não iria mais sentir saudades de quem vive e está próximo de mim. Que basta um gesto, uma mão que se estenda, um pedido de desculpas, algo assim tão simples para que a saudade – essa dor misteriosa, dolorosa, que atormenta e quase nos enlouquece – nos dê a chance de respirar, de aceitar o colo amigo, o ombro onde apoiar-se. Conviver com a saudade exige um controle muito maior do que nós e é, muitas vezes, possível suportar.

Pensei comigo mesma: quais seriam as saudades que não poderiam deixar de doer ao serem tocadas, porque não há volta e quais eu poderia reverter, quem sabe? Se existisse amizade e ela fosse sincera, poderia haver um novo recomeçar. Carinho é sempre um presente, um alívio para o coração.

Assim, parti em busca dos amigos saudosos, que por motivos que nunca valem a pena, se afastaram de mim.

Não vou desperdiçar segundos, horas, minutos, sentindo esse sentimento tão doído, se posso revertê-lo com a ajuda de Deus e o coração sincero e aberto para a vida, que passa rápido e deve e tem que ser vivida com uma intensidade que eu nunca havia sentido necessidade de ter.

Assim, escrevi para os que amo e, espero, ainda me amem, e vou procurá-los – não importa, vou tentar e vou conseguir trazê-los para o meu coração. Olhar nos seus olhos e sorrir, apenas sorrir.

Você é um deles. Volte, porque o caminho é certo e breve e a gente erra quando menos quer errar. E machuca pessoas que na realidade só quiseram ajudar; sem pensar, sem lembrar quando e como a gente esqueceu de perdoar ou de pedir perdão. Nem sempre é fácil reconhecer que errou, voltar atrás e dizer simplesmente:

– Vamos recomeçar? Me dá uma chance…

Afinal, basta um gesto…

Yvelise de Oliveira é Presidente do Grupo MK de Comunicação; ela costuma escrever crônicas sobre as suas experiências e percepções a cerca da vida. Há alguns anos lançou o livro Janelas da Memória, um compilado de seu material. Atualmente está em processo de finalização de uma nova obra, Suspiros da Alma.