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O Tráfico de animais

O Brasil é um dos principais alvos do tráfico de animais, contribuindo com 10% do total arrecadado com a atividade

Vinícius Cordeiro - 26/10/2017 09h05

Um dos mais lucrativos comércios ilegais do mundo é o tráfico de animais, que movimenta aproximadamente 20 bilhões de dólares/ano, sendo a terceira atividade clandestina que mais gera dinheiro, ficando apenas atrás do tráfico de drogas e armas.

O tráfico de animais consiste na retirada dos animais de seu habitat e estes serem destinados à comercialização. Os destinos são zoológicos, colecionadores, laboratórios para fabricação de medicamentos, ou ainda são mortos, como a onça-pintada e jacarés, para terem suas peles ou outras partes do corpo retiradas e vendidas.

O Brasil é um dos principais alvos do tráfico de animais, contribuindo com 10% do total arrecadado com a atividade. Além da grande variedade de espécies (peixes, aves, insetos, mamíferos, répteis, anfíbios, entre outros), outro fator que contribui para essa prática no país é a falta de fiscalização e de punições severas. Traficantes são presos em flagrante várias vezes com diversos animais; no entanto, pagam fiança e respondem ao processo em liberdade. Segundo estimativas, seriam cerca de 38 milhões de animais retirados de seu habitat anualmente, de até 12 milhões de espécimes distintas.

Conforme o IBAMA, aproximadamente 90% dos animais silvestres morrem logo depois de serem retirados de seus locais de origem. Os animais que apresentam comportamento amigável são os preferidos no momento da compra. Micos, papagaios, araras e peixes ornamentais são os mais vendidos. Quanto mais raro for o animal, maior o seu valor de venda no mercado; aproximadamente 90% dos animais capturados no Brasil são comercializados no próprio país, sendo o Rio de Janeiro um dos maiores centros consumidores. O Rio de Janeiro pouco tem feito pelo assunto, com a quase-omissão da Prefeitura do Rio, e o pouco efetivo da Polícia Civil e dos órgãos ambientais do Estado. Infelizmente, são conhecidos os locais nos quais se vendem animais ilegalmente.

Os animais, depois de capturados, são submetidos a várias práticas agressivas durante o transporte para os centros consumidores. Por exemplo, o papagaio é sedado e escondido em tubos de PVC no fundo de uma mala, as cobras são presas em meias de nylon, vários animais são covardemente dopados. A maioria não resiste durante o transporte, ou as condições de aprisionamento, morrendo logo. O tráfico de animais contribui bastante para o desequilíbrio ecológico, havendo uma mudança drástica na cadeia alimentar, reduzindo a biodiversidade de um determinado ambiente. Mas os problemas dessa prática atingem também os seres humanos, pois micro-organismos presentes nos animais silvestres podem causar o surgimento de doenças e sua disseminação na população.

Vinicius Cordeiro é advogado, ex-Secretário de Proteção Animal do Rio de Janeiro.
Bruna Franco é ativista, dirigente da ONG Celebridade Pet.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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