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O avanço do veganismo e a proteção animal

No Brasil, vários famosos como Luisa Mell, a modelo Raica Oliveira e o desportista Eder Jofre aderiram à prática

Vinícius Cordeiro - 07/06/2018 10h58

O avanço do veganismo e a proteção animal Foto: Pixabay

O veganismo é o modo de vida que busca eliminar toda e qualquer forma de exploração animal, não apenas na alimentação, mas também no vestuário, em testes, na composição de produtos diversos, no trabalho, no entretenimento e no comércio. Os veganos opõem-se, obviamente, à caça e à pesca, ao uso de animais em rituais religiosos, bem como a qualquer outro uso que se faça de animais.

Portanto, o veganismo é um movimento que visa promover os direitos e o bem-estar dos animais. O boicote às práticas que ferem esses princípios é uma das principais ações dos veganos. Mas não confunda, pois existem muitos tipos de veganos, como os junk food vegans e os raw food vegans, por exemplo. O primeiro grupo consome pratos fritos, empanados ou elaborados com carne de soja, enquanto o segundo consome apenas comida crua.

A dieta vegana é estritamente à base de vegetais, livre de todos os alimentos de origem animal, como carne, laticínios, ovos e mel. Ainda, os veganos também não consomem produtos como o couro e qualquer outro testado em animais.

Segundo a Vegan Society: “O veganismo é uma filosofia de vida que busca excluir, na medida do possível e do praticável, todas as formas de exploração e crueldade com os animais, para alimentação, vestuário ou qualquer outra finalidade; e por extensão, promove o desenvolvimento e o uso de alternativas livres de abuso animal para o benefício humano, animal e ambiental. Em termos alimentares, denota a prática de dispensar todos os produtos derivados total ou parcialmente de animais”.

Algumas celebridades são ativistas veganos, tais como: Paul McCartney, Yoko Ono, Miley Cyrus, Ellen Degeneres, Natalie Portman, Ariana Grande, Serena Williams e alguns dos craques da NBA, como Kyrie Irving e Javale McGee, ou o velocista Carl Lewis, entre outros. No Brasil, vários famosos como Luisa Mell, a modelo Raica Oliveira e o desportista Eder Jofre aderiram à prática.

O número de adeptos ao veganismo cresce vertiginosamente – só no Reino Unido foi registrado um aumento de mais de 350% nos últimos dez anos – e tudo indica que continuará a subir. No Brasil, já existe toda uma economia vegana em crescimento, com o aumento de restaurantes, casas especializadas, publicações e eventos relacionados com a alimentação e o estilo de vida vegano.

São duas as causas que lideram o boom desse estilo de vida em escala global: o meio ambiente e a saúde. “Estamos, faz tempo, no ‘cheque especial’ da Terra”, comenta Adriana Charoux, integrante do Greenpeace à frente do projeto Desmatamento Zero, sobre o esgotamento dos recursos naturais. “Isso ameaça a população e não temos um planeta B”, diz.

De acordo com números da ONG, no Brasil, a pecuária está diretamente ligada à destruição de biomas essenciais, como a Amazônia, com 4,1 milhões de quilômetros quadrados de floresta (49% do território nacional). Por lá, os 70 milhões de hectares para criação de gado representam 60% do terreno já desmatado. A maior parte dos bois é criada de maneira extensiva. “As pastagens são formadas sobre antigas áreas de vegetação nativa, o que significa tornar um local que comportava uma grande biodiversidade em um terreno de capim, soja ou milho, habitado por uma única espécie”, esclarece o biólogo Sérgio Greif, especialista em gestão ambiental. “A transformação de florestas em pasto altera o ciclo dos nutrientes, evitando que o esterco seja incorporado ao solo, o que faz ele virar poluição”, diz.

Segundo dados do Greenpeace, os gases emitidos por bovinos representam 62% do efeito estufa no Brasil. “Menos floresta implica em menos chuva, menos produção de alimentos e menos rios saudáveis”, comenta Adriana. Como desmatamento, “a cada ano, entre 10 e 100 mil espécies entram em extinção – não há como reverter a perda deste patrimônio genético”, complementa Sérgio.
A vida marinha também está severamente prejudicada.

Conforme a FAO, agencia da ONU para a Agricultura e Alimentação, 52%do território marinho está totalmente explorado. Só nas zonas de pesca da América Latina são retirados do Atlântico Sul 7 milhões de peixes por ano. O problema é que as redes não capturam apenas eles, mas outros animais que não servem para o consumo – fazendo com que 30% das espécies de tubarões e raias estão globalmente ameaçadas de extinção. Se a questão ambiental dá motivos para repensar os hábitos alimentares, outros estudos comprovam que a chamada dieta vegetal, por exemplo, é melhor para o organismo, podendo reverter doenças crônicas não transmissíveis.

“Sem cortar carboidratos ou contar calorias, uma alimentação à base de plantas reduz a glicose no sangue, ajuda na perda de peso e reduz os riscos cardiovasculares com mais eficácia”, afirma o médico Michael Greger. Ele ainda ressalta o poder de uma nutrição saudável nos casos de distúrbios mentais.

Uma pesquisa de Bonnie Beezhold, publicada no Nutrition Journal, aponta que os pacientes que seguiram a dieta vegetariana estrita apresentaram menor tensão, ansiedade, depressão, raiva e fadiga.

Finalmente, a mastologista Karla Santone destaca que o consumo de produtos de origem animal pode impulsionar as chances de uma pessoa ter câncer, porque a proteína animal aumenta a proliferação celular, inclusive das células cancerosas.

Vinicius Cordeiro é advogado, ex-Secretário de Proteção Animal do Rio de Janeiro.
Bruna Franco é ativista, dirigente da ONG ADDAMA e produtora executiva da ONG Celebridade Pet.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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