Coluna Vinicius Cordeiro e Bruna Franco: As faunas da cidade do Rio de Janeiro
A cidade, além de lidar com a fauna silvestre, tem também de estar atenta à fauna marinha e costeira, e a seu complexo lacunar
Vinícius Cordeiro - 25/01/2018 08h00
O Rio de Janeiro tem algumas particularidades que, às vezes, são esquecidas por muitos. Além de conter a maior floresta urbana do mundo, possui também um complexo lacunar de extensa área, como o de Jacarepaguá-Marapendi, e boa parte de áreas costeiras, além das baías de Sepetiba e da Guanabara. Tal característica faz com que essa grande cidade, além de lidar com a fauna silvestre, tenha também de estar atenta à fauna marinha, costeira, e de seu complexo lacunar, objeto deste artigo.
Embora a cidade tenha hoje mais de 6 milhões de habitantes, é impressionante a biodiversidade existente. Temos aves e répteis em manguezais, canais, rios de nossa cidade, ameaçados constantemente pela ocupação humana, pela falta de controle ambiental, poluição do ar, lixo, dejetos de esgoto e pela falta de política pública para o setor. Na Prefeitura e no Governo do Estado ainda se fazem ausentes políticas claras para a defesa dessa fauna, restando ações pontuais e isoladas, ou mesmo a atuação de ONGs ou ambientalistas, que minorem os problemas.
A Prefeitura do Rio de Janeiro trata do assunto através da sua Patrulha Ambiental. A equipe, composta por técnicos ambientais e guardas municipais do Grupamento de Defesa Ambiental, atende a denúncias de danos à fauna, resgate de animais mantidos em cativeiro ou comercializados irregularmente, captura e caça e maus-tratos, desmatamentos, corte de encostas, ocupações irregulares em estágio inicial, poluição hídrica, poluição atmosférica, do solo, apoio às subprefeituras da cidade em operações de controle urbano e outras. Disponível 24 horas por dia, o serviço tem como objetivo flagrar e coibir agressões ou danos ambientais, através do 1746 (portal e número de telefone).
São comuns as histórias envolvendo jacarés aparecendo em condomínios, répteis, e a necessidade de livrar da pesca e da depredação tartarugas e outros espécimes que têm de ser atentamente protegidos e monitorados, como os botos.
O trabalho feito é importante. Mas é pouco, diante da realidade de que animais ainda são presas fáceis ao tráfico, pouco coibido na cidade; e são vítimas mesmo de balas perdidas, e a fiscalização ainda é pequena. Os órgãos de proteção municipal são vítimas de cortes orçamentários, e os estaduais sofrem com restrição de pessoal e penúria, com o foco sendo no atendimento às denúncias e não na proteção preventiva, como deveria ser.
Essa tarefa não pode ser do Governo, e toda a sociedade tem de entender a importância de proteger não só os animais domésticos, mas nossa fauna silvestre, marinha e costeira.
Vinicius Cordeiro é advogado, ex-Secretário de Proteção Animal do Rio de Janeiro. | |
Bruna Franco é ativista, dirigente da ONG ADDAMA e produtora executiva da ONG Celebridade Pet. |