Titulares e reservas
O futebol mudou. Agora não é apenas o técnico quem define a escalação. Você apoia a prática de poupar jogadores?
Sergio du Bocage - 30/08/2018 10h32
Houve um tempo no futebol em que os times eram formados por 11 titulares e seus reservas. O torcedor sabia quem ia entrar pra jogar, não só porque as transferências de jogadores eram mais raras, mas principalmente porque os titulares jogavam e não eram poupados. Corriam o risco da lesão, mas quando isso acontecia, lá estava o reserva, pronto para entrar e tentar ganhar a posição dentro de campo. O técnico tinha sempre os melhores jogadores em campo e os médicos que se virassem pra devolver o titular aos treinos.

Nos novos tempos, quem é capaz de dizer que time vai entrar em campo na próxima rodada ou competição? Do goleiro ao “ponta-esquerda” – entre aspas mesmo, porque até as posições mudaram de nome e algumas foram extintas. Atualmente é um tal de vetarem ou pouparem jogadores pelo risco da lesão, que se por um lado os médicos, fisioterapeutas e fisiologistas terminam o ano felizes e realizados, por outro muitos técnicos perdem até o emprego, com derrotas imprevistas e campeonatos perdidos. Tudo porque não puderem contar com seus titulares.
Você tem todo o direito de dizer que “não é bem assim”. Concordo que o tema é bem mais profundo e digno de muita discussão. Mas que hoje o futebol está com muito mimimi não há como negar. Sugiro esse exercício a você: experimente colocar no papel os 11 titulares e reservas do seu time. E confira, nos últimos cinco jogos, por exemplo, se esse time se repetiu.
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Sergio du Bocage é carioca e jornalista esportivo desde 1982. Trabalhou no Jornal dos Sports, na TV Manchete e na Rádio Globo. É gerente de programas esportivos da TV Brasil e apresenta o programa “No Mundo da Bola”. |