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O retrato da violência no futebol

O Brasil tornou-se o país onde mais se mata torcedor de futebol no mundo

Sergio du Bocage - 19/07/2017 12h53

Vasco é punido com seis mandos de campo Foto: EFE/Antonio Lacerda

A primeira coluna não dá pra gente começar sem agradecer esse novo canal que surge pra se conversar sobre futebol. Recebi o convite com alegria e vou encarar esse desafio confiante, como bom cristão presbiteriano. Não será um canal de mão única, e espero que vocês participem e opinem.

Sou adepto de pesquisas e números porque eles sempre trazem à tona algumas verdades. Espero, com isso, apresentar temas para debates que possam ser levados para o seu cotidiano.

E vou começar falando de um assunto que tem dominado as páginas esportivas, infelizmente: a violência no futebol. Recentemente conversei com o professor e sociólogo Mauricio Murad, um dos maiores pesquisadores desse fenômeno no Brasil, que envolve as torcidas organizadas (TO). Vejam os dados que ele traz:

No Brasil, as TO’s são representadas por mais de 700 agremiações, que reúnem de 2 a 2,5 milhões de brasileiros, 85% deles homens. Dessas agremiações, 107 formam as maiores do país; e apenas 5% desse grupo são os vândalos que tanto nos assustam;

Desde 2009, o Brasil superou a Itália e tornou-se o país onde mais se mata torcedor de futebol no mundo;

O noticiário das torcidas saiu das páginas esportivas para as policiais em 1988, quando o palmeirense Cléo Sóstenes foi assassinado a tiros na porta da sede da torcida Mancha Verde, que ele presidia. O crime jamais foi esclarecido.

De imediato, percebemos que a culpa da violência não é das TO’s, mas sim, como diz Murad, de questões sociais, educacionais e jurídicas, como a falta de punição, de repressão e, principalmente, de prevenção. Há criminosos infiltrados nas torcidas, envolvidos em venda de drogas, mas alguns clubes, em todo o país, colaboram com esse cenário ao manter vínculos com torcedores por interesses pessoais de certos dirigentes.

Não é um cenário fácil de mudar, mas é possível. A Itália levou dez anos para reduzir esse problema. Vamos arregaçar as mangas e começar?

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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