O libertador
Renato Gaúcho é liberto de estereótipos. Ele é o único profissional brasileiro campeão da Copa Libertadores como jogador e como técnico
Sergio du Bocage - 01/12/2017 10h09
Renato Gaúcho entrou para a história do futebol brasileiro. Desde a noite de quarta-feira ele é o único profissional brasileiro campeão da Copa Libertadores como jogador e como técnico. E nem adianta querer minimizar o fato. Basta ver que em 57 anos de disputas só agora alguém alcançou esse feito. Então, parabéns!
O polêmico Renato faz história há algum tempo. Desde quando, aos 21 anos, foi um dos grandes responsáveis pelos títulos da Libertadores e do Mundial, conquistados pelo Grêmio. Mais alguns anos de brilho no Sul e a convocação para a Copa de 86 foi mais do que justa. E, novamente, ele se destacou – foi cortado do grupo pelo técnico Telê Santana, por ter sido solidário ao amigo Leandro, o lateral direito. Que depois viria a pedir o desligamento do grupo, retribuindo a solidariedade.
No Flamengo, Renato continuou sendo campeão. Foi para a Itália, mas lá não brilhou. Estava fadado a ser o Rei do Rio. Ganhou títulos como jogador, e na cidade passou a ser técnico. Fez campanhas brilhantes em Copas do Brasil e até numa Libertadores, onde foi vice-campeão pelo Fluminense.
Sempre contestado, por seu jeito falastrão e irônico, Renato não faz questão alguma de agradar quem o contesta. Ao contrário, provoca. É confiante até quando está em baixa. Talvez seja essa sua maior virtude. No Grêmio, recuperou jogadores, uniu o time e fez opções arriscadas, abrindo mão de disputar o Brasileiro para buscar o sonho da Libertadores.
Está valorizado. Mesmo não sendo um teórico, um estudioso, um professor, seja lá o adjetivo que os técnicos gostam de adotar. Ele é liberto de estereótipos. Muito provavelmente, Fábio Carille, do Corinthians, será eleito o melhor técnico do Brasileirão. Mas acho que Renato Gaúcho merece o de melhor da temporada.
E você, o que acha?
Sergio du Bocage é carioca e jornalista esportivo desde 1982. Trabalhou no Jornal dos Sports, na TV Manchete e na Rádio Globo. É gerente de programas esportivos da TV Brasil e apresenta o programa “No Mundo da Bola”. |