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Coluna Sergio du Bocage: Viva a polêmica!

A não utilização do árbitro de vídeo, no Campeonato Brasileiro, tem de ser lamentada e muito; pois um gol mal marcado ou anulado pode tirar um título e causar um prejuízo de R$ 7 milhões

Sergio du Bocage - 07/02/2018 09h30

O Campeonato Brasileiro de 2018, que começa no dia 14 de abril, terá duas novidades e um fato a se lamentar. A novidade maior é que os clubes poderão voltar a vender mandos de campo durante a competição, com o limite de cinco dos 19 jogos a que farão em casa, sem no entanto poderem usar essa prática nas cinco últimas rodadas do campeonato. A novidade menor é a manutenção da liberação do campo com grama sintética – e é novidade porque, em 2016, eles (os clubes) tinham definido que em 2018 isso seria proibido. Ou seja, voltaram atrás do que nem foram à frente – a volta dos que não foram. E o lamento é o não uso do árbitro de vídeo.

A questão da grama sintética nem vale comentar. É prática comum lá fora e já ficou claro que a vantagem, que seria do Atlético-PR por ser o único do país com um estádio sem grama artificial, não é tão grande assim. Vida que segue.

A venda do mando de campo, apesar dos protestos de quem é sócio-torcedor – eu considero positiva. Há jogos que se mostram deficitários e negociar a transferência dele para outra praça, onde certamente o público será maior e a receita também, é benéfico para o chamado futebol profissional. E mais que isso, é bom também para satisfazer o torcedor que tem a mesma paixão por determinado time, mas que mora distante do estado onde ele se apresenta.

Lances difíceis podem ser resolvidos pelo árbitro de vídeo Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG/Fotos Públicas

Mas a não utilização do árbitro de vídeo tem de ser lamentada, e muito. É verdade que o custo da implantação do sistema, de R$ 20 milhões, deveria ser bancado pela CBF, organizadora do Brasileirão e, por isso, interessada no sucesso de seu produto. Mas não, ela decidiu que os clubes deveriam ratear esse valor, cabendo a cada um a cota de R$ 1 milhão, que dividida pelos 19 jogos que cada um faz, como mandante, daria a bagatela de R$ 52.631 por partida.

Em 2017, a TV pagou a Corinthians e Flamengo, R$ 170 milhões para cada um. Ao São Paulo, R$ 110 milhões; Palmeiras e Vasco, R$ 100 milhões. Quem menos recebeu foram Chapecoense, Ponte Preta, Atlético-GO e Avaí, cada um R$ 23 milhões. Não dava para gastarem num investimento que reduz as polêmicas nos jogos?

O campeão de 2017 faturou R$ 18 milhões de premiação; o vice, R$ 11,4 milhões; o 3º, R$ 7,8 milhões. Ou seja, um gol mal marcado ou anulado pode tirar um título e causar um prejuízo de R$ 7 milhões.

Apesar disso tudo, dos 19 clubes – sim, não foram 20 porque o representante do São Paulo foi embora antes, tal a importância que ele dá ao assunto – votaram a favor da implantação do sistema Palmeiras, Chapecoense, Bahia, Grêmio, Inter, Flamengo, Botafogo. Os demais votaram contra: Corinthians, Santos, Cruzeiro, Vasco, Atlético-MG, Atlético-PR, Fluminense, Sport, Vitória, América-MG, Ceará, Paraná.

Vamos aguardar quem será o primeiro a reclamar de uma marcação polêmica da arbitragem.

Mas eu digo, dos que votaram contra, nenhum têm o direito de reclamar. Eles preferem a polêmica, pois muitas vezes elas acobertam as falhas de administrações ruins.

Sergio du Bocage é carioca e jornalista esportivo desde 1982. Trabalhou no Jornal dos Sports, na TV Manchete e na Rádio Globo. É gerente de programas esportivos da TV Brasil e apresenta o programa “No Mundo da Bola”.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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