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Coluna Russell Shedd: Materialismo e nihilismo

Pessoas bem-sucedidas não pensam somente nelas, mas também em seu legado. Satisfação na vida envolve esforço para melhorar a vida dos outros

Russell Shedd - 11/02/2018 08h00

 

A realidade do “homem vazio” que T. S. Eliot, o poeta inglês, chamava de o indivíduo alienado se prolifera no mundo ocidental. Este homem moderno bebe das fontes do relativismo e narcisismo que predominam nas universidades e departamentos de filosofia. A descrição desse mal dos nossos dias também se encontra na Bíblia. Paulo escreveu que a natureza foi submetida à maldição da inutilidade por Deus, que, por causa da rebelião humana, a mantém nesse estado até futuramente ser “liberada da escravidão da decadência em que se encontra” (Romanos 8:20,21).

O terceiro filho de Robert Kennedy, irmão do presidente John Kennedy, sofreu desse mal antes de morrer. Um amigo disse a seu respeito: “David não tinha nada que o prendesse à vida. Mesmo quando não estava drogado, a personalidade dele era tomada por um sentimento profundo e arrasador de nihilismo. Ninguém, nenhum emprego, nenhuma distração lhe dava alguma coisa para se ligar” (Charles Colson, na introdução do livro “Uma fé mais forte que as emoções”, de Jonathan Edwards, Editora Palavra, 2008, p. 29).

O escritor Colson continua citando sobre o pecado de “não acreditar em nada, não se importar com nada, não gostar de nada, não viver para nada e só continuar vivo porque não há nada que o leve a morrer” (p. 29). Esses sentimentos que negam qualquer razão para existir, mostram a nulidade e o vazio da vida em que Deus foi substituído pela própria criatura. As drogas acrescentadas ao nihilismo simplesmente aceleram o processo de inutilidade que Salomão comenta em Eclesiastes: “Vaidade de vaidades; tudo é vaidade!”.

Se pararmos para pensar, notamos que a necessidade de uma pressão interna empurra os seres humanos a agir para suprir suas carências. A primeira forma para suprir essas carências é por meio das disciplinas normais da vida humana que levam as pessoas a se esforçar para ganhar o dinheiro necessário para arcar com o custo dos alimentos que seu corpo necessita. Emprego, salário, dinheiro dependem dessa disciplina.

Em segundo lugar, para se proteger contra os elementos como o frio e a chuva, o homem precisa de abrigo. A pressão interna o motiva a trabalhar para adquirir uma moradia. Uma vez providenciada a proteção de roupa, casa, confortos e muros, o homem tem de pensar sobre a necessidade de ter pessoas em volta. Uma esposa, filhos, amigos e comunhão suprem esta necessidade básica. Entende-se porque isolamento total somente se encontra numa prisão de máxima segurança.

Alimentados, aquecidos e protegidos, os homens começam a pensar em seguida sobre o propósito da própria vida. “O homem que Deus usa”, disse pastor Oswald J. Smith, que liderou a Igreja do Povo em Toronto, no Canadá, “é aquele que tem um propósito central em sua vida”. Pessoas bem-sucedidas não pensam somente em si mesmas, mas também em seu legado. Satisfação na vida envolve um esforço sacrificial para melhorar a vida dos outros.

Pessoas no Ocidente, neste novo século, recebem estímulos opostos. Por um lado, há os fascinados com os valores materiais. A televisão e a propaganda nas revistas dão reforço ao refrão dos coríntios: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos” (1 Coríntios 15:31).

Por outro lado, nos confrontamos com a proposta que nega o materialismo porque todos os valores são inválidos. Negação de todos os valores é o caminho da paz. Não ame ninguém, não se preocupe com nada e pare de se esforçar! O budista quer convencer que o esforço para adquirir posses materiais ou relacionamentos amorosos significa decepção e sofrimento. Melhor seria evitar o sofrimento, uma vez que a vida individual acabará se unindo com o vasto oceano do inconsciente universal.

O cristão, porém, escolhe a terceira via. Por intermédio da fé em Cristo, que morreu como nosso substituto, Deus cancela a culpa que nosso pecado merece. Ele vive pela fé, pois, ainda nesta vida, crê e vive em função dessa fé de que Deus registrou seu nome no livro da vida.

Russell Shedd Era conferencista internacional, bacharel em Teologia com especialização em Bíblia e Grego, Mestre em Novo Testamento e PhD em Filosofia. Nascido na Bolívia, filho de pais missionários, veio para o Brasil em 1962. Escreveu mais de 30 livros, publicados pela Shedd Publicações e pela Edições Vida Nova, fundadas por ele. Faleceu em 2016, aos 87 anos, vítima de câncer. Neste espaço, recebe homenagem do Pleno.News, que publica textos daquele que foi conhecido como o maior teólogo do Brasil.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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