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Opinião Russell Shedd: Gratidão

Nós todos que fomos restaurados da condenação do mundo e temos a segura esperança da entrada no paraíso devemos ser gratos

Russell Shedd - 18/02/2018 08h00

A Bíblia declara claramente que Deus exige gratidão de suas criaturas. Paulo escreve aos mundanos pagãos em Romanos 1: ” … tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram, nem lhe renderam graças …” Essa descrição da reação dos que recebem todos os benefícios da mão generosa de Deus, mas não sentem qualquer obrigação de agradecer-lhe, caracteriza o mundo alienado do seu Criador. Dentre os costumes que bons pais procuram inculcar nos filhos um é expressarem verbalmente seu sentimento de gratidão toda vez que recebem um presente não merecido. Deus, como Pai perfeito, não admite que seus filhos deixem de notar que Ele é o doador de toda boa dádiva e dom perfeito que vêm do alto.

O versículo “Deem graças ao Senhor, porque ele é bom. O seu amor dura para sempre” (Salmos 136:1) revela a base em que a necessidade de expressar gratidão está arraigada. A bondade do Senhor deveria abrir a boca das suas criaturas para expressar louvores, como o canário canta suas belas canções cada manhã. Este parece dizer em linguagem de passarinho quão contente ele está com a vida, mesmo estando preso numa gaiola. O que é natural para um canário deveria ser muito mais para criaturas racionais e inteligentes.

Por que não é hábito humano agradecer a Deus e nem sentir desejo de oferecer ações de graças ao seu benfeitor? Creio que a principal razão dessa omissão inexplicável ocorre por causa da natureza pecaminosa do homem. Todos que participam da natureza herdada de Adão experimentam duas reações diante da bondade de Deus. Uma é reclamar, uma vez que, a nosso ver, as circunstâncias da vida poderiam ser muito melhores. A segunda reação me parece ainda mais comum: indiferença, esquecimento da fonte dos maravilhosos presentes que Deus oferece para nós. Agimos como crianças que acham que merecem tudo que seus amorosos pais lhes dão, mas não pensam em agradecer o sacrifício deles. Além do mais, no meio de tanta bondade, aparecem alguns espinhos e abrolhos, dificuldades que amarguram a vida. Não é fácil para pecadores imaginar que Deus planeja as circunstâncias desagradáveis da vida para bem dos que O amam.

Os pais que ensinam seus filhos a expressar gratidão por benefícios recebidos descobrem muito cedo que crianças não sentem gratidão naturalmente. Precisam ser ensinadas. Não é comum, mesmo depois de concentrado esforço, ouvir adolescentes dizerem quão gratos são pelos atos bondosos recebidos. Se não é natural agradecer, será necessário sermos ensinados por Deus a sempre ser gratos.

Espiritualidade bíblica idealiza um espírito perpetuamente grato. Paulo escreveu para os filipenses que ele tinha aprendido o segredo de “viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito ou passando necessidade”. Reclamar somente se explica à luz de uma fé defeituosa. Ou Deus não tem poder ou Ele não é amoroso o suficiente para fazer tudo o que for melhor para nós como a Palavra de Deus afirma. Quase sempre descontentamento reflete uma atitude fatalista que atribui os acontecimentos ao acaso e não a um Pai Todo-Poderoso que sempre tem nosso bem em vista.

Para o apóstolo Paulo, a cruz de Cristo é a garantia cristã que “aquele que não poupou Seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós, certamente nos dará de graça todas as coisas”. Todos os presentes de Deus são de menos valor do que este, portanto, o amor demonstrado na cruz deve provar absolutamente que Deus quer nosso bem.

Alguns criaram o hábito de oferecer ações de graça. Abraçaram uma postura de fé no Deus da Bíblia, o Deus que é amor e cuja benevolência dura para sempre. Começam o dia louvando o Senhor pelo descanso e a antecipação do bom-dia que se inicia. São gratos pelo sol ou a chuva, pelo alimento, pelo trabalho, pela esposa e filhos, amigos e colegas, pela igreja, pela Bíblia e pela oração. Eles têm a convicção de que Deus faz com que todas as coisas cooperem para o bem daqueles que amam a Deus. Assim, agradecem a tudo o que produz felicidade ou não.

Esta vida serve de vestibular para a vida gloriosa do futuro. São raros os alunos que se empenham em estudar horas a fio se não entendem que os exames seriam a chave da porta da formação e, consequentemente, uma vida melhor.

Jesus foi surpreendido pela gratidão do samaritano ex-leproso que o procurou após sua cura para agradecer-lhe com palavras o milagre que restaurou a sua vida. Nós todos que fomos restaurados da condenação do mundo e concedido a segura esperança da entrada no paraíso devemos dizer: “Obrigado Senhor, mil vezes obrigado!”.

Russell Shedd Era conferencista internacional, bacharel em Teologia com especialização em Bíblia e Grego, Mestre em Novo Testamento e PhD em Filosofia. Nascido na Bolívia, filho de pais missionários, veio para o Brasil em 1962. Escreveu mais de 30 livros, publicados pela Shedd Publicações e pela Edições Vida Nova, fundadas por ele. Faleceu em 2016, aos 87 anos, vítima de câncer. Neste espaço, recebe homenagem do Pleno.News, que publica textos daquele que foi conhecido como o maior teólogo do Brasil.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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