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Coluna Russell Shedd: Corações perturbados

O escudo para o crente fiel continua sendo crer

Russell Shedd - 14/01/2018 08h00

Antes de Jesus ser preso, na noite em que foi traído por Judas, Ele falou as seguintes palavras de encorajamento para seus discípulos: “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus, creiam também em mim” (Jo 14:1, NVI). Quem não tem experimentado ansiedade e medo ao enfrentar um futuro desconhecido que promete perigo e assombro? A insegurança intensa e os temores horríveis fragilizam as emoções e perturbam o coração.

Ameaças físicas tiram a paz da pessoa ameaçada porque ela não pode calcular a intensidade do sofrimento que virá. A imaginação age como um carrasco desmontando a segurança da vida interior diante da possibilidade de torturas ainda não sentidas. O sofrimento, que somos incapazes de processar, aflige a alma com dores quase reais, dores agudas e insuportáveis.

Perturbação ocorre quando um médico anuncia tristemente que o câncer que devora as células saudáveis não tem cura. Quais são os sentimentos que desestabilizam o coração no momento em que um passageiro, olhando pela janela de um jato transatlântico, vê um dos motores lançando chamas e fumaça em cima do mar?

Marcos informa que, na noite da traição, os discípulos fugiram (Jo 14:50), uma reação natural ao se confrontar com uma ameaça que ultrapassa os recursos disponíveis ao coração. Pedro, mais corajoso, acompanhou o desenvolvimento mantendo sua distância do foco do perigo. Quando, porém, foi acusado repetidas vezes de ser seguidor do réu, negou com veemência e juramentos, afirmando que não era. Aí está mais uma maneira de se tentar escapar do perigo assombroso.

Naquelas horas em que o perigo mortal se aproximava, Jesus declarou: “Não se perturbe o seu coração; creiam!”. Quando a mais adequada escapatória for negar, jurar inocência e fugir para se esconder, é bom ouvir do Senhor: “Não se perturbe o coração”. O escudo para o crente fiel continua sendo “Creia”.

Crer, no sentido empregado por Jesus, significa confiar na soberania Dele e na todo-poderosa transformação da ameaça em bênção. Crer em Cristo significa confiar Naquele que, de sua espontânea vontade, aceitou a cruz e todas as agonias inconcebíveis da morte do Filho perfeito. O profeta Isaías relatou esta verdade: “Meu servo justo justificará muitos e levará a iniquidade deles” (53:11, NVI). Os piores e mais terríveis sofrimentos que a vida ou a morte podem lançar sobre nós foram levados pelo nosso substituto divino. “Ele foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação” (Rm 4:25). É essencial que creiamos nesta verdade para nos beneficiarmos deste recurso eterno.

“O aguilhão da morte é o pecado”, disse Paulo (1 Co 15:26), mas se Jesus tomou sobre si o castigo de nosso pecado, que sofrimento sobrará para justificar os nossos temores? Receber pela fé esse preciosismo deve anular a ansiedade e o medo. Logo em seguida, após a ressurreição de Jesus, Pedro mostrou uma invejável segurança e coragem. Acusou os judeus na mesma cidade em que Jesus foi condenado e crucificado. “Vocês”, disse ele, “com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz” (At 2:23b, NVI). O que mudou nesse discípulo amedrontado, que buscava com juramentos negar sua passada intimidade com Jesus?

“Mantenha a si em paz, primeiro”, disse o sábio Thomas a Kempis, “e então você poderá pacificar outras pessoas. O homem pacífico realiza mais bem do que aquele que é erudito… O homem bom, pacífico, vira todas as coisas para o bem” (A Imitação de Cristo, Shedd Publicações, p. 62).

Mas o caminho da paz depende da fé em Deus e no Senhor Jesus, que passou pelo vale profundo da morte e falou para seus seguidores: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14:27, RA).

Paulo descreve essa paz que excede todo entendimento como “fruto do espírito”, junto com o amor e a alegria (Gl 5:22). Não se compara com a paz que conversas com um psicólogo possam prover nem uma solução inesperada para uma ameaça sombria. Se um dos maiores males que afligem a civilização ocidental hoje é o estresse, resultando em depressão, vale a pena atender a recomendação de Jesus Cristo: “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus, creiam também em mim!”.

Russell Shedd Era conferencista internacional, bacharel em Teologia com especialização em Bíblia e Grego, Mestre em Novo Testamento e PhD em Filosofia. Nascido na Bolívia, filho de pais missionários, veio para o Brasil em 1962. Escreveu mais de 30 livros, publicados pela Shedd Publicações e pela Edições Vida Nova, fundadas por ele. Faleceu em 2016, aos 87 anos, vítima de câncer. Neste espaço, recebe homenagem do Pleno.News, que publica textos daquele que foi conhecido como o maior teólogo do Brasil.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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