Leia também:
X Não ignore os avisos!

Seriam juízo de Deus as tragédias ocorridas no Brasil?

Nada pode surpreendê-Lo. Todavia, afirmar que as supracitadas tragédias são tipos de castigos de Deus, ultrapassa em muito nosso poder de conhecimento

Renato Vargens - 14/03/2019 12h09

Deus permanece soberano sobre todas as coisas Foto: EFE/Sebastião Moreira

Os três primeiros meses de 2019 têm sido marcados por tragédias. A morte de centenas de pessoas em Brumadinho, dos jovens atletas do Flamengo no ninho do urubu, do jornalista Ricardo Boechat, das chuvas no Rio de Janeiro e agora em Suzano, São Paulo.

Lamentavelmente, diante da dor e das tragédias que nos sacudiram a alma nesse inicio de ano, o que temos visto por parte de alguns evangélicos são explicações duras, despóticas e vingativas que apontam exclusivamente para a existência de um Deus que se regozija no castigo.

Infelizmente, tais indivíduos afirmaram que as tragédias ocorridas se deram exclusivamente em virtude da ira divina sobre o país, que se encontra mergulhado em pecado. Para os defensores da teologia do castigo, Deus julgou os homens em virtude de suas iniquidades. Segundo os advogados desta linha de pensamento, o Senhor amaldiçoou a nação devido às suas transgressões.

Em Lucas 13:1-9 o Senhor Jesus trata de forma clara e objetiva sobre dois tipos de tragédias. A primeira que Ele menciona é aquela que é gerada por homens (1-3). Certos galileus haviam sido mortos por soldados de Pilatos. A Bíblia nos dá a entender que “alguns” colocaram-se como críticos e juízes; deduzindo que aqueles que haviam sofrido violência humana, seriam mais pecadores que os demais. O ensino ministrado por Jesus é o seguinte: “Não vamos nos colocar no lugar de Deus. Não vamos nos concentrar em um possível juízo ou julgamento sobre as vítimas”. O Senhor em essência diz: “Cuidem de si mesmos! Constatem os seus pecados! Arrependam-se!”.

Entretanto, Ele também nos traz o relato de um segundo tipo de tragédia. São tragédias geradas por aparentes “fatalidades”. Ele fala da Torre de Siloé. O texto (4-5) diz que ela desabou, deixando 18 mortos. Jesus sabia que, mesmo quando, aos nossos olhos, mortes ocorrem como conseqüência de acidentes, isso não impede que, rapidamente, exerçamos julgamento; não impede que tentemos nos colocar no lugar de Deus. E Jesus pergunta: “Acham que eram mais culpados do que todos os demais habitantes da cidade?”. O ensino é idêntico: não se coloquem no lugar de Deus. Não se concentrem em um possível juízo ou julgamento sobre as vítimas. Cuidem de si mesmos! Constatem a sua culpa! Arrependam-se!

Diante do exposto, considero extremamente equivocado, arbitrário e difamatório, afirmar que Deus resolveu castigar os que morreram em virtude de seus pecados. Junta-se a isso o fato de que, em nenhum momento, as Escrituras Sagradas nos mostram a existência de um “deus infantilizado” que se deixa levar passionalmente pelos rompantes humanos. Deus é Deus, e Seus planos já foram estabelecidos antes da fundação do mundo. As Escrituras nos mostram que Ele está no controle de todas as coisas. Nosso Deus reina soberanamente sobre a História. Nosso Senhor tem em Suas mãos o poder da vida e da morte, e faz tudo acontecer debaixo dos Seus propósitos eternos. Nada pode surpreendê-Lo, todavia, afirmar que as supracitadas tragédias são tipos de castigos de Deus, ultrapassa em muito nosso poder de conhecimento.

O que precisamos entender é que as tragédias da vida não fogem à onisciência do Criador. Os desastres e aparentes acidentes não podem, em hipótese alguma, surpreender ao Todo-Poderoso. Como rei e sustentador do cosmos, Ele sabe de todos os acontecimentos, fazendo dos dramas da existência humana um profícuo instrumento de amplificação, cujo propósito é falar ao coração dos homens sobre a brevidade da vida e a sandice de viver sem Cristo.

Estas são as verdades contidas na Bíblia. Elas respondem à nossa necessidade existencial de crer que, por trás do tragicamente inexplicável, existe alguém no controle, ainda que, olhando a tragédia a partir de dentro, ela pareça nos revelar exatamente o contrário!

Tenho plena convicção de que o meu Redentor governa soberanamente. Do Gênesis ao Apocalipse, Ele se revela como o Sustentador do Universo. Acreditar nesta verdade me proporciona a certeza de que absolutamente nada foge ao Seu conhecimento.

Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro e conferencista. Pregou o evangelho em países da América do Sul, do Norte, Caribe, África e Europa. Tem 24 livros publicados em língua portuguesa e um em língua espanhola. É também colunista e articulista de revistas, jornais e diversos sites protestantes.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.