Se Deus é bom porque Ele permite o furacão Dorian?
As tragédias são indescritíveis e não têm hora para chegar, invadem nossas vidas
Renato Vargens - 10/09/2019 10h26
A aproximação do furacão Dorian da Flórida e com a eminente possibilidade de uma tragédia, geralmente ouvimos a pergunta: “Por que Deus permite tragédias?”.
Ora, tragédias são indescritíveis. Elas não têm hora para chegar, não pedem licença e sem que as autorizemos abruptamente invadem nossas vidas interrompendo sonhos, projetos e ideais. Tragédias nos provam, nos sacodem existencialmente, violentam a alma. Tragédias possuem a cruel capacidade de sugar de nossos corações a expectativa de um mundo melhor.
Infelizmente a vida nos reserva momentos extremamente difíceis, mesmo porque, existem instantes na caminhada que a tragédia arromba as portas da nossa casa levando-nos ao pranto e desespero. Em situações como estas é comum o questionamento: “Por que Senhor? Por que permite furacões como o Dorian que poderá destruir cidades, bem como matar pessoas? Por que sendo bom, Deus permite tragédias como o tsunami que matou milhares de pessoas na década passada? O que fizemos para merecer tal coisa?”.
Ora, não quero ser simplista em tentar explicar tragédias, até porque, nem sempre nos é possível fazê-lo. Todavia, as Sagradas Escrituras nos apontam um Deus Soberano que tudo sabe e tudo vê, e que entrelinhas nos ensina a confiar exclusivamente nele. Ademais, a Bíblia também nos mostra que devido ao pecado de Adão, toda a natureza sofreu as conseqüências de sua desobediência. Em outras Palavas, tsunamis, terremotos, furacões e tufões apontam de forma efetiva para a criação caída que geme esperando o dia da sua redenção.
Em Romanos 8:19-21 encontramos o ensino que diz: “A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus”. A Queda da humanidade em pecado afetou tudo, incluindo o universo onde habitamos. Tudo na criação está sujeita a corrupção. O pecado é a causa principal para os desastres naturais, da mesma forma que é a causa principal para a morte, doenças e sofrimento.
Tudo bem, talvez você esteja dizendo, mas, será que Ele não poderia impedir esses desastres naturais, afinal de contas, Ele não é bom? Dirão alguns.
Sim. Deus poderia impedir desastres naturais e inúmeras vezes, devido a sua bondade e misericórdia ele o fez no decorrer da história. As Escrituras e os relatos de crentes de todas as gerações nos mostram isso. Todavia, Deus às vezes usa os desastres naturais como um amplificador de sua voz, cujo objetivo é mostrar aos homens a finitude da vida bem como a necessidade de voltarmos ao Criador. Além disso, as Escrituras também nos ensinam que existem casos em que tragédias podem apontar para o juízo de um Deus justo e santo sobre uma sociedade que se rebelou contra os seus decretos e Palavra.
Por fim, concluo esse texto afirmando que Deus revelado pelas Escrituras não é um déspota masoquista que tem prazer na dor e no sofrimento dos homens. Nosso Senhor usa as agonias e angustias da vida, no intuito de que a humanidade enxergue sua fragilidade, sua finitude, bem como seu estado de rebelião para com Ele, entendendo assim a necessidade de arrepender-se de seus pecados reconhecendo-o como único e suficiente Salvador.
Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro e conferencista. Pregou o evangelho em países da América do Sul, do Norte, Caribe, África e Europa. Tem 24 livros publicados em língua portuguesa e um em língua espanhola. É também colunista e articulista de revistas, jornais e diversos sites protestantes. |