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E se Cristo não tivesse nascido, o que seria de nós?

Renato Vargens - 18/12/2019 10h30

Concordo plenamente com aqueles que afirmam que muitos dos argumentos utilizados por pastores e teólogos no combate ao Natal, se fundamentam num frio puritanismo (que procura ser mais rigoroso do que o mais rigoroso dos verdadeiros puritanos). Ou ainda num neopentecostalismo que defende o banimento das celebrações natalinas firmado no entendimento de que árvores de Natal, guirlandas, pisca-piscas, e demais enfeites são na verdade evocações de divindades pagãs.

Caro leitor, celebrar o Natal é celebrar a encarnação. Celebrar o Natal é entender que Deus soletrou a si mesmo numa linguagem que o ser humano possa entender. É entender que por amor aos eleitos Ele se tornou um de nós. “E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade” (João 1:14a).

Natal tem a ver com a própria personagem da autossoletração de Deus a nós: Jesus Cristo (João 14:9). Ele é Deus com face humana tangível (2 Coríntios 4:6), com jeito de falar — sem tradução e sem sotaque! — a língua da gente. É encarnação às últimas consequências (Filipenses 2:8), é identificação radical (Filipenses 2:6), é o Eu Sou que “colou”, que se aderiu à realidade humana (Filipenses 2:7). Encarnação é a maneira pela qual Deus dá um jeito de nascer na forma humana (João 1:14), numa verdadeira reentrada no mundo que já era Seu (João 1:11), mas sem se tornar ordinário (Isaías 53:9b, 1 Pedro 2:22).

Isto posto, fico a pensar se Cristo não tivesse nascido, o que seria de nós?

Há alguns anos foi publicado um curioso cartão de Natal, com os dizeres:

“Se Cristo não tivesse nascido.”

Um pastor adormeceu em seu escritório numa manhã de Natal e sonhou com um mundo para o qual Jesus nunca tinha vindo. Em seu sonho, viu-se andando pela casa: mas lá não havia presentes, nem árvore de Natal, nem guirlandas enfeitadas; e não havia Cristo para confortar, alegrar e salvar.

Andou pelas ruas, mas não havia igrejas com suas torres agudas apontando para o Céu. Voltou para casa e sentou-se na biblioteca, mas todos os livros sobre o Salvador tinham desaparecido.

Alguém bateu-lhe à porta, e um mensageiro pediu-lhe que fosse visitar sua pobre mãe à morte. Ele apressou-se a acompanhar o filho choroso; chegou àquela casa e disse: “Eu tenho aqui alguma coisa que a confortará”. Abriu a Bíblia, procurando alguma promessa bem conhecida, mas viu que ela terminava em Malaquias. E não havia Evangelho, nem promessa de esperança. E ele só pôde abaixar a cabeça e chorar com a enferma, em angústia e desespero.

Não muito depois, estava ao lado de seu esquife, dirigindo o ofício fúnebre, mas não havia mensagem de consolação, nem palavra de ressurreição gloriosa, nem céu aberto; mas somente “cinza à cinza e pó ao pó” e um longo e eterno adeus.

O pastor percebeu, afinal, que “Ele não tinha vindo”. E rompeu em lágrimas e amargo pranto, em seu triste sonho. De repente, acordou ao som de um acorde. E um grande brado de júbilo saiu-lhe dos lábios, ao ouvir, em sua igreja ao lado, o coro a cantar:

“Ó vinde, fiéis, triunfantes, alegres,
Sim, vinde a Belém, já movidos de amor.
Nasceu vosso Rei, o Cristo prometido!
Oh, vinde, adoremos ao nosso Senhor!”

Regozijemo-nos e alegremo-nos hoje, porque ELE VEIO!
Aleluia! Cristo é o motivo da nossa festa! Cristo é o motivo da nossa alegria! Cristo é o sentido do Natal.

Pense nisso!

Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro e conferencista. Pregou o evangelho em países da América do Sul, do Norte, Caribe, África e Europa. Tem 24 livros publicados em língua portuguesa e um em língua espanhola. É também colunista e articulista de revistas, jornais e diversos sites protestantes.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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