Refutando que Davi e Jônatas possuíram um caso homossexual
Será que a Bíblia justifica relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo?
Renato Vargens - 20/01/2020 10h59
Ultimamente tenho lido textos escritos por algumas pessoas afirmando que Davi e Jônatas possuíram um caso homossexual. Os que defendem esse pensamento fundamentam sua crença nos seguintes textos bíblicos:
“Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. Saul, naquele dia, o tomou e não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai. Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma.” (1 Samuel 18:1-3)
“Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras amabilíssimo para comigo! Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres.” (2 Samuel 1:26)
Diante destes versos pergunto: Será que os episódios narrados em Samuel demonstram efetivamente que Jônatas e Davi tiveram um relacionamento homossexual? Será que a Bíblia justifica relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo?
Minha resposta é: Claro que não, senão vejamos:
1. A Bíblia jamais irá contra a própria Bíblia. As Escrituras não apoiam, nem tampouco incentivam qualquer tipo de relacionamento homo-afetivo, antes pelo contrário, a Palavra de Deus refuta esse comportamento. (Levítico 18:22, Levítico 20:13, Romanos 1:26-27, 1 Coríntios 6.9-11 e 1 Timóteo 1.8-11)
2. A Lei mosaica condenava o pecado da homossexualidade o que nos leva a entender que caso Davi e Jônatas realmente tivessem tido uma relação homossexual, teriam sidos condenados pelo comportamento vivenciado. Como isso não aconteceu entendemos claramente que Davi e Jônatas não tiveram em relacionamento homossexual.
3. A relação de Jônatas e Davi vai muito além de um relacionamento afetivo sexual. Na verdade, os textos bíblicos sobre suas vidas nos mostram que a relação entre o homem segundo o coração de Deus e o filho de Saul, fora uma relação de amizade. Além disso, a expressão “ultrapassando o amor de mulheres”, não aponta para um amor homossexual, aliás, quem foi que disse que o amor entre iguais é maior que o amor de mulheres? Ora, vamos combinar uma coisa? Essa é uma interpretação equivocada e que tenta de alguma maneira, ainda que de forma inconsciente, incutir na cabeça de quem quer que seja, que o amor entre homossexuais é maior que entre os heterossexuais.
Vale a pena ressaltar que a palavra “ahavá” usada por Davi significa muito mais que amor sexual. A palavra também é usada no sentido paternal (“Isaque gostava de Esaú”, em Gênesis 25:28), no sentido de amizade (“Saul afeiçoou-se a Davi”, em 1 Samuel 16:21), no sentido de amor a Deus (“Amarás o Senhor, teu Deus”, em Deuteronômio 6:5) e no sentido de amor ao próximo (“Amarás o próximo como a ti mesmo”, em Levítico 19:18). Ademais, ao contrário do que defendem alguns, as Escrituras nos mostram que Davi e Jônatas vivenciaram uma amizade genuína, pura e santa. Do ponto de vista da Bíblia a amizade entre dois homens além de viável é extremamente louvável. O livro de provérbios por exemplo destaca que existem amizades tão fortes que podem até superar o amor de irmãos: “O homem que tem muitos amigos sai perdendo; mas há amigo mais chegado do que um irmão.” (Provérbios 18:24).
4. As Escrituras nos mostram que Davi teve várias esposas e concubinas, como Mical, Abigail, Ainoã, Maaca, Hagita, Abital, Eglá, e outras, isso sem falar no adultério cometido com a mulher de Urias (1 Samuel 18:27, 25:42-43, 2 Samuel 3:2-5, 11:1-27), portanto, a Bíblia nos aponta pecados cometidos por Davi quanto a sua paixão por mulheres e não nos concede margem para pensarmos que ele tinha qualquer tipo de tendência homossexual.
Isto posto, concluo afirmando que por razões claramente mostradas pela Bíblia, Davi e Jônatas não tiveram uma relação homossexual, e que as afirmações contrárias a isso, apontam para um grande equívoco na interpretação das Escrituras.
Pense nisso!
Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro e conferencista. Pregou o evangelho em países da América do Sul, do Norte, Caribe, África e Europa. Tem 24 livros publicados em língua portuguesa e um em língua espanhola. É também colunista e articulista de revistas, jornais e diversos sites protestantes. |