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Pastores que sofrem nas mãos da igreja

Lidar com desdém e desprezo com o salário de homens de Deus que dedicam suas vidas à oração, ensino e pastoreio de vidas é opor-se aos ensinamentos dos apóstolos

Renato Vargens - 22/04/2019 11h05


Devido à existência de uma casta de pastores que vivem nababescamente fazendo do nome Deus catapulta para o enriquecimento pessoal, um número incontável de pessoas associam o ministério pastoral a um meio fácil e desonesto de enriquecer e ganhar dinheiro.

Lamentavelmente, sou obrigado a concordar que alguns dos chamados “ministros de Deus”, em virtude da fama e do poder que o ministério lhes pode conceder, negociaram a fé, trocando suas almas, sonhos e dignidade por trinta moedas de prata. Tais pessoas, imbuídas de uma espiritualidade mística e sensacionalista, transformaram-se em mascates da fé, promovendo invencionices escalafobéticas, cujo objetivo final é a sua prosperidade financeira. Todavia, ao contrário do que se possa imaginar, existe em nosso país milhares de pastores que não se dobraram diante deste espírito mercantilista. Na verdade, conheço inúmeros ministros do Evangelho que passam significativas necessidades, simplesmente pelo fato de terem se recusado a vestir a carapuça do coronelismo, optando assim por viver a vida cristã de forma santa, irrepreensível e ilibada.

Alguns destes ministros (nem todos, graças a Deus) sofrem horrores nas mãos de seus conselhos, presbitérios e assembleias que, de forma desrespeitosa, humilham seus pastores pagando-lhes um salário de fome. Não são poucas as vezes que, diante de uma crise financeira, a igreja propõe a diminuição do salário pastoral ou o corte do plano de saúde dos filhos, ou até mesmo a demissão do ministro. Para piorar a situação, alguns consideram o trabalho do pastor fácil demais, daí não entenderem a necessidade do pastor gozar férias, isto sem falar no massacre emocional que fazem sobre sua esposa e família, exigindo deles perfeição em todos os momentos da vida.

Caro leitor, ouso afirmar que alguns irmãos não tratam seus pastores como deveriam. Vez por outra recebo emails ou ouço de algumas pessoas, críticas relacionadas ao salário dos pastores. Ora, como mencionei anteriormente, sei que existem alguns pastores que vivem nababescamente, usufruindo do dinheiro do povo de Deus. No entanto, a esmagadora maioria dos líderes cristãos luta com dificuldade para sustentar suas famílias. Sei de incontáveis histórias de homens de Deus que trabalham duro fazendo tendas, visto que a igreja que pastoreiam não valoriza o seu serviço pastoral, pagando-lhes um salário indigno.

Ora, assim como os membros de sua igreja, o pastor precisa pagar suas dívidas, saldar seus impostos, vestir seus filhos, pagar escola, comprar material escolar, e tantas outras coisas mais. No entanto, parece que parte da igreja de Cristo encontra-se anestesiada quanto às necessidades de seus líderes espirituais, mesmo porque, para alguns, o pastor não deveria receber salário.

Há pouco soube de uma história no mínimo triste. O tesoureiro de uma igreja teve a cara de pau de afirmar o seguinte: “Ué, ele não é pastor? Que viva pela fé! A igreja não tem dinheiro para pagar este mês o salário dele”. Em outra situação, a junta diaconal disse: “Ele tá reclamando de quê? Ele que espere! Quando a igreja tiver dinheiro, paga o que lhe deve!”.

A Bíblia ensina que quem ministra do altar deve viver do altar. “Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o Evangelho, que vivam do evangelho”.

Caro leitor, a orientação do Senhor é clara em afirmar que os que anunciam o Evangelho devem viver dele. Além disso, as Escrituras afirmam que “Os anciãos que governam bem, sejam tidos por dignos de duplicada honra, especialmente os que labutam na pregação e no ensino. Porque diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando debulha. E: Digno é o trabalhador do seu salário” (Timóteo 5:17-18).

Diante do exposto, acredito que a Igreja de Cristo deva tratar com amor, respeito e consideração àqueles que, no Senhor, os têm presidido. Lidar com desdém e desprezo com o salário de homens de Deus que dedicam suas vidas à oração, ensino e pastoreio de vidas é opor-se aos ensinamentos dos apóstolos.

Pense nisso!

Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro e conferencista. Pregou o evangelho em países da América do Sul, do Norte, Caribe, África e Europa. Tem 24 livros publicados em língua portuguesa e um em língua espanhola. É também colunista e articulista de revistas, jornais e diversos sites protestantes.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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