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Pastores que oram pelos mortos: Uma nova-velha heresia

"Senhor, eu oro por fulano e em tuas mãos entrego sua alma"

Renato Vargens - 18/02/2021 11h29

Outro dia, ao participar de uma cerimônia fúnebre, ouvi a seguinte oração feita por um pastor a favor do morto: “Senhor, eu oro por fulano e em tuas mãos entrego sua alma”.

Como é que é? Talvez você esteja pensando com os seus botões: “Foi isso mesmo que eu li?”

Pois é, lamentavelmente foi exatamente isso que aconteceu. O pastor, demonstrando uma enorme ignorância bíblica, intercedeu pelos mortos.

Prezado amigo, infelizmente, essa equivocada doutrina católica está ganhando adeptos entre os evangélicos que, por desconhecerem as doutrinas fundamentais das Escrituras, comportam-se de forma absolutamente antagônica ao ensino bíblico.

A prática de orar pelos defuntos começou por volta do 5º século (d.C.), quando a Igreja passou a dedicar um dia específico do ano para rezar pelos seus mortos. No entanto, o culto de finados seria instituído na França apenas no século X, por intervenção de um abade beneditino de nome Cluny.

Um século depois, os papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) obrigaram os fiéis a dedicar um dia inteiro aos mortos. Já no século XIII, o dia de rezar pelos finados começou a ser celebrado em 2 de novembro. Essa data foi definida por ser um dia depois da comemoração da Festa de Todos os Santos, no qual se celebrava a morte de todos os que faleceram em estado de graça e que, por algum motivo, não foram canonizados.

Caro leitor, a Bíblia é bastante clara ao afirmar que, após a morte, só nos resta o juízo. Ela ensina também o fato que de toda e qualquer decisão por Cristo só pode ser tomada em vida, o que, por conseguinte, leva-nos a entender que não existe fundamento teológico para interceder a favor dos mortos.

Para os católicos romanos, a referência bíblica que fundamenta essa prática encontra-se em 2 Macabeus 12:44. Entretanto, nós, protestantes, não reconhecemos a canonicidade deste livro e tampouco a legitimidade desta doutrina, uma vez que o protestantismo não se submete às tradições católicas, e sim às doutrinas das Sagradas Escrituras.

Segundo a interpretação protestante, a Bíblia nos diz que a salvação de uma pessoa depende única e exclusivamente da sua fé na graça salvadora que há em Cristo Jesus, que esta fé deve ser declarada por ela durante sua vida na terra (Hebreus 7:24-27; Atos 4:12; 1 João 1:7-10), que, após sua morte, a pessoa passa diretamente pelo juízo (Hebreus 9:27) e que vivos e mortos não podem comunicar-se de maneira alguma (Lucas 16:10-31).

Ora, do ponto de vista bíblico é inaceitável acreditar que os mortos estejam no purgatório ou no limbo, aguardando uma segunda oportunidade para a salvação. Em hipótese alguma nós, como cristãos, devemos celebrar ou participar de culto aos mortos; ao contrário, fomos e somos chamados a anunciar aos vivos a vida que podemos experimentar somente em Cristo Jesus.

Soli Deo gloria!

Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro e conferencista. Pregou o evangelho em países da América do Sul, do Norte, Caribe, África e Europa. Tem 32 livros publicados em língua portuguesa e um em língua espanhola. É membro dos conselhos do TGC Brasil e IBDR.

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.

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