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Alguns evangélicos têm vocação para procurar o diabo em tudo

A bola da vez é uma tiara que segundo alguns o uso faz alusão a demônios

Renato Vargens - 14/10/2019 10h18

Em minha caminhada cristã tenho ouvido e visto histórias do arco da velha. Já ouvi alguns afirmarem que cantores incrédulos são satanistas, que um famoso refrigerante tem pacto com o demo, que alguns discos de vinil (ainda existem?) tocados ao contrário exaltam o cramulhão, que o ratibum cantado na música Parabéns Pra Você é uma maldição, que a Disney pertence a coisa ruim, que o rock é o ritmo do inferno, e muito mais. Agora, a bola da vez é uma tiara que segundo alguns o uso faz alusão a demônios.

Parece que alguns dos evangélicos têm vocação para ghostbusters, isto porque, procuram o diabo em tudo que é lugar. Aliás, assusta-me o fato de que o adversário de nossas almas receba tanta atenção por parte dos cristãos. Em alguns dos cultos evangélicos o diabo é entrevistado, dá dicas espirituais e em alguns casos até prega.

Ora, confesso que não entendo porque alguns dos nossos cultos são tão esquisitos. Sinceramente, diariamente me questiono porque as pessoas ficam procurando chifre em cabeça de cavalo. Não dá para engolir modismos desse naipe. Vamos combinar uma coisa? Parte da chamada Igreja de Jesus se tornou extremamente supersticiosa. Sei de líderes que orientam o rebanho a não usar roupa íntima de cor vermelha, pois atrai maus espíritos, a não pensar em voz alta, pois o diabo pode ouvir e frustrar seus planos, a não ouvir determinados cantores seculares, pois são agentes do diabo e por aí vai.

Caro leitor, alguma precisa ser feita, os valores do reino de Deus precisam ser resgatados, a Bíblia necessita novamente ocupar a centralidade de nossa fé, e o Evangelho de Cristo pregado com graça, sabedoria e poder. Mais do que nunca é imprescindível que reflitamos a luz da história sobre o significado e a importância da Reforma. Acredito piamente que os conceitos pregados pelos reformadores precisam ser resgatados e proclamados a quantos pudermos, até porque, somente agindo desta forma poderemos sair deste momento preocupante e patológico da Igreja evangélica brasileira.

Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro e conferencista. Pregou o evangelho em países da América do Sul, do Norte, Caribe, África e Europa. Tem 24 livros publicados em língua portuguesa e um em língua espanhola. É também colunista e articulista de revistas, jornais e diversos sites protestantes.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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