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A profecia do dia 30 de março e como o cristão deve lidar com profecias

A Palavra de Deus é suficiente para o cristão

Renato Vargens - 30/03/2021 08h41

A profecia do dia 30 de março e como um cristão deve lidar com profecias Foto: Public Domain Pictures

Na semana passada, um vídeo publicado por um pastor com uma profecia para a madrugada do dia 30 de março aterrorizou milhares de cristãos. No vídeo, o pastor afirmou que Deus havia lhe mostrado que, na madrugada do dia 30, algo terrível iria acontecer.

O pastor também disse que, em virtude disso, todos os cristãos deveriam permanecer em suas casas, ungindo os umbrais das portas, a fim de serem salvos do anjo da morte. Além disso, ele também afirmou que o número de acidentes dobraria e que as pessoas cairiam mortas nas ruas e nos supermercados.

Na verdade, o pastor garantiu que isso aconteceria no mundo inteiro num cenário apocalíptico, com mortes em todos os lugares.

Diante do exposto, surge a pergunta: Como lidar com profecias? Como saber se aquilo que os homens dizem é da parte de Deus?

A PALAVRA DE DEUS É SUFICIENTE
A primeira coisa que precisamos entender é que a Palavra de Deus é suficiente para o cristão e que tudo aquilo que Deus deseja falar está nela.

As Escrituras são, por definição, a única Palavra de Deus escrita como também a única expressão verbal das verdades de Deus publicamente acessível, visível e infalível no mundo.

A Bíblia possui suprema autoridade em matéria de vida e doutrina e somente ela é o árbitro de todas as controvérsias. Ela é a “norma normanda”, e não a “norma normata” para todas as decisões de fé e vida. Junta-se a isso o fato de que a autoridade das Escrituras é superior à da Igreja, à da tradição, como também à de qualquer estrutura hierárquica religiosa ou mesmo à experiência mística e sobrenatural.

Os reformadores consideravam que somente as Escrituras possuíam a palavra final em matéria de fé e prática. João Calvino, por exemplo, costumava dizer que o verdadeiro conhecimento de Deus está na Bíblia. Para o reformador francês, a Bíblia é a Palavra de Deus. Calvino também afirmou que a Bíblia é o único escudo capaz de nos proteger do erro.

AS ESCRITURAS
Para o protestantismo, a Bíblia é a revelação verbal de Deus. É Deus falando aos homens. É a voz do próprio Deus.

O apóstolo Paulo, ao escrever a sua 2ª epístola a Timóteo, afirmou: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”.

Pedro, em sua 2ª carta, explicou que os homens que escreveram as Escrituras foram “inspirados pelo Espírito Santo”, para que nenhuma parte dela fosse “produzida por vontade de homem algum” ou deturpada pela “interpretação particular do profeta”.

Em segundo lugar, todo aquele que diz que está falando em nome de Deus e coloca a sua “revelação” acima das Escrituras comete um erro crasso, proferindo heresias escabrosas. E a própria história nos mostra inúmeros relatos de ensinos espúrios que surgiram depois de uma suposta revelação ou doutrina dada por anjos.

Em terceiro lugar, todo aquele que se diz “profeta de Deus” deve ter sua palavra julgada. Aliás, lembro que, há alguns anos, uma “apóstola” profetizou que Jesus voltaria num sábado de 2007. Na época, correu a notícia de que Cristo voltaria num sábado e que todos deveriam estar preparados. Como todos sabemos, a “profecia” não se cumpriu, demonstrando assim que a revelação da “apóstola” era falsa.

Caro leitor, à luz deste fato e de tantos outros (como, por exemplo, a profecia sobre o dia 30 de março), é fundamental que entendamos que, como cristãos, devemos, à luz da Palavra de Deus, analisar todas aqueles que dizem possuir uma profecia. O apóstolo Paulo escreveu: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem” (1 Coríntios 14:29).

O apóstolo João fala que devemos “provar os espíritos”: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 João 4:1).

Ademais, profecias de morte e cataclismas (como a que foi profetizada pelo tal pastor) opõem-se claramente àquilo que Paulo ensinou quanto ao papel da profecia de que quem “profetiza o faz para a edificação, encorajamento e consolação dos homens” (1 Coríntios 14:3)

Em quarto e último lugar, é fundamental que entendamos que, tanto quanto ao fim dos tempos como quanto a questões doutrinárias, tudo o que tinha que ser revelado já foi revelado e encontra-se nas Escrituras.

A Palavra de Deus é suficiente e nela encontramos tudo aquilo de que precisamos para uma vida plena de fé, levando-nos à compreensão de que tudo aquilo que for proferido por quem quer que seja e que se oponha à Palavra de Deus deve ser rejeitado por nós.

Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro e conferencista. Pregou o evangelho em países da América do Sul, do Norte, Caribe, África e Europa. Tem 32 livros publicados em língua portuguesa e um em língua espanhola. É membro dos conselhos do TGC Brasil e IBDR.

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.

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