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Governo paralelo e a subversão do Estado

Se o Estado continuar se rendendo, a barbárie deixará de ser exceção para se tornar regra

Rafael Satiê - 29/10/2025 10h38

Megaoperação no Rio de Janeiro Foto: EFE/ Antonio Lacerda

O Rio de Janeiro amanheceu, nesta terça-feira, 28 de outubro de 2025, sob o som de tiros, helicópteros e sirenes. Uma megaoperação deflagrada pelas forças de segurança estaduais deixou dezenas de criminosos mortos, dezenas de feridos e mais de 80 presos. Foi uma ação de guerra, com tanques nas ruas, barricadas explodidas e armas de grosso calibre apreendidas — mais de 70 fuzis, granadas e drones utilizados por facções que dominam comunidades inteiras.

O cenário, mais uma vez, escancara uma verdade incômoda: o Estado brasileiro perdeu o controle sobre partes do seu próprio território.

O governador Cláudio Castro relatou que pediu, por três vezes, o apoio do governo federal. Solicitou reforço de tropas, blindados e equipamentos pesados. E teve o pedido negado. Em coletiva, apresentou documentos oficiais comprovando que o governo federal, sob a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, se recusou a autorizar o uso das Forças Armadas ou o envio de reforços.

Castro foi direto: “O Rio está sozinho”. Uma frase que sintetiza a tragédia de um país que já não consegue defender seus próprios cidadãos.

Enquanto o Estado fluminense trava uma guerra real contra o tráfico, Brasília prefere o conforto da retórica. O Ministério da Justiça alegou que “tem atendido prontamente aos pedidos” — uma resposta burocrática, fria, desconectada da realidade.

O povo do Rio, que vive sob o medo constante das balas perdidas e das leis impostas por traficantes e milicianos, sabe bem quem está nas ruas e quem apenas escreve notas oficiais. A negação do apoio federal não é apenas uma decisão administrativa. É um ato político. E, pior, é um ato de omissão.

Quando o governo se nega a ajudar, o que podemos fazer? Essa pergunta precisa ecoar na consciência de todos os brasileiros. Porque quando o Governo se ausenta, outro poder se ergue — o poder paralelo.

Hoje, nas favelas do Rio, esse poder tem nome, armamento, regras e até um “código de conduta”. É o crime organizado substituindo o Estado. É o governo paralelo se consolidando, enquanto a população civil — o trabalhador, o comerciante, o morador de bem — é obrigada a obedecer à lei do fuzil.

O que se viu nesta operação foi a prova viva de que, sem as forças de segurança estaduais, a cidade seria tomada. A Polícia Militar e a Polícia Civil, com recursos limitados, sustentam uma linha tênue entre a civilização e a barbárie. Mas essa linha se rompe a cada dia que o governo federal escolhe não agir.

O Rio não precisa de discursos. Precisa de respaldo. Precisa de um governo que não tema enfrentar o inimigo real: o crime organizado.

El Salvador mostrou que é possível. Quando o presidente Nayib Bukele assumiu, o país estava dominado por gangues e cartéis. Em poucos meses, decretou estado de exceção, prendeu mais de 70 mil criminosos e recuperou o controle das ruas. Foi criticado por “exagerar”, mas hoje El Salvador é um dos países mais seguros da América Latina.

A diferença é simples: lá, a lei vale. No Brasil, a lei hesita. E cada hesitação custa vidas.

O que falta ao Brasil é coragem — coragem de instaurar uma verdadeira política de Lei e Ordem. Coragem de enfrentar o crime sem medo de ser chamado de autoritário. Coragem de entender que direitos humanos não podem ser escudo de bandido. O que está em jogo não é apenas a segurança pública, mas a própria soberania do Estado brasileiro.

Quando o governo nega ajuda a um estado sitiado, ele nega a sua própria razão de existir.

Há algo ainda mais grave: o paralelo incômodo entre certas figuras do poder federal e o próprio crime organizado. Políticos eleitos com apoio de facções, verbas públicas desviadas para ONGs ligadas a líderes criminosos, discursos ambíguos que defendem “o diálogo” com quem controla favelas. Não há mais disfarces possíveis. O crime já não é apenas um problema policial — é um projeto político.

O Rio de Janeiro, com suas dores e tragédias, tornou-se o espelho do Brasil. Um país em que o crime se organiza, o governo se omite e a população resiste sozinha. O que resta ao cidadão é clamar por uma nova era de autoridade. Porque, se o Estado continuar se rendendo, a barbárie deixará de ser exceção para se tornar regra.

É hora de escolher de que lado estamos: o lado da ordem e da lei, ou o lado da conivência e da covardia. Porque, no fim das contas, o verdadeiro inimigo não é apenas o traficante armado — é o Estado que finge não ver.

Rafael Satiê é vereador pelo Rio de Janeiro.

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.

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