Leia também:
X O cessar-fogo em Gaza é uma péssima notícia para os antiTrump

Treinar é investir: O corpo é o único patrimônio que não aceita calote

Cada treino é um depósito no seu fundo de saúde. E cada dia parado é uma dívida crescente

Paola Machado - 15/10/2025 09h26

Exercício físico (Imagem ilustrativa) Foto: Pixabay

Quando falamos em investimento, a maioria pensa em dinheiro. Mas existe um ativo ainda mais valioso — e que define a sua capacidade de gerar renda, aproveitar oportunidades e viver com qualidade: o corpo.

Assim como na educação financeira, cuidar da saúde exige disciplina, constância e visão de longo prazo. Quem começa cedo, aplica com regularidade e evita desperdícios constrói um capital físico e mental que rende dividendos por décadas.

O exercício é o equivalente corporal dos juros compostos: pequenas ações diárias que se acumulam até gerar um grande retorno. Cada treino, cada refeição equilibrada e cada noite bem dormida são aportes no seu patrimônio biológico. O resultado aparece em energia, foco, imunidade, produtividade e até estabilidade emocional.

E, como em qualquer investimento, quem adia o início paga mais caro — com dinheiro, saúde e tempo perdido.

Como eu sempre digo, o exercício é o maior multiplicador que existe. Ele potencializa tudo o que toca: melhora o humor, amplia a produtividade, fortalece o sistema imune, aumenta a clareza mental e até melhora as relações pessoais. Quem se movimenta com constância não apenas ganha saúde — ganha potência. É o tipo de investimento que multiplica resultados em todas as áreas da vida.

Ignorar o corpo tem custo alto. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a inatividade física custará mais de 300 bilhões de dólares aos sistemas públicos de saúde até 2030.

Só no Brasil, cerca de R$ 290 milhões por ano do orçamento do SUS estão relacionados à falta de atividade física. E estudos mostram que pessoas fisicamente ativas reduzem em até 30% o risco de doenças cardiovasculares e têm menor necessidade de medicamentos contínuos — uma economia direta no bolso e uma proteção silenciosa para o futuro.

Nas empresas, o retorno também é mensurável. Programas corporativos de bem-estar podem reduzir em 27% o absenteísmo e aumentar a produtividade em até 22%.

A Harvard Business Review mostrou que iniciativas consistentes de promoção à saúde geram, em média, 3 dólares de retorno para cada 1 dólares investido; chegando à proporção de 6 para 1 em casos de excelência. Em outras palavras: cuidar do corpo é também cuidar da economia.

Mesmo assim, o brasileiro ainda vê o exercício como gasto de tempo. Mais de 60% dos frequentadores de academias abandonam o treino nos primeiros três meses, enquanto países como a Noruega têm taxas de evasão três vezes menores. Essa diferença não é genética: é cultural. Aqui, falta estrutura, incentivo e, principalmente, mentalidade de investimento — a ideia de que constância vale mais que intensidade.

Para mudar o jogo, é preciso aplicar à saúde as mesmas regras que valem no mercado financeiro:

– Planejamento – marcar o treino como compromisso inadiável;
– Diversificação – variar estímulos e modalidades de exercício;
– Gestão de risco – ouvir o corpo antes que pequenas dores virem grandes lesões; e
– Reinvestimento – usar o ganho de energia e foco do treino para melhorar desempenho no trabalho e na vida.

O raciocínio é simples: quem cuida do corpo com regularidade acumula liberdade. Quem negligencia, acumula dívida. O tempo cobra juros e o corpo não aceita parcelamento.
Você pode até terceirizar seu dinheiro, mas não terceiriza o seu metabolismo.

E, no fim, só existe um investimento que realmente garante lucro vitalício: o que você faz todos os dias por si mesmo.

Paola Machado é doutora e mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP, especializada em Fisiologia do Exercício, Nutrição e Fisiopatologia da Obesidade. Com mais de 2000 textos publicados, ela se destaca como uma referência em emagrecimento, performance pessoal e rotinas de sucesso de forma prática, acessível e eficaz.

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.