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Wild Wild Country

Filme retrata Bhagwan Shree Rajneesh, que promoveu uma controversa experiência religiosa, com sua seita, que pregava sexo livre, meditação, amor, celebração, coragem, criatividade, humor e vida comunitária

Maurício Zágari - 29/01/2020 19h00

Bhagwan Shree Rajneesh, conhecido no final de sua vida como Osho, foi um entre muitos gurus indianos que surgiram ao longo dos séculos. Porém, Bhagwan foi diferenciado: o homem gostava de dinheiro, ostentava joias e uma frota de dezenas de Rolls Royces, era a favor do armamentismo, falava palavrões à vontade e promoveu uma controversa experiência religiosa, que abalou os Estados Unidos. Sua seita, os Rajneeshes, pregava sexo livre, meditação, amor, celebração, coragem, criatividade, humor e vida comunitária. Mas, na prática, o grupo acabou saindo dos trilhos, como relata o seriado da Netflix Wild Wild Country.

Escorado na força de sua secretária, a impositiva Ma Anand Sheela, Bhagwan mudou-se com seus seguidores da Índia para a minúscula cidade de Antelope, no estado do Oregon, nos Estados Unidos, e criou uma comunidade conhecida como Rajneeshpuram. Porém, logo, o grupo de milhares de pessoas começou a entrar em conflito com os moradores do condado, o que levou a uma série de batalhas judiciais e políticas que visavam a encerrar as atividades da comunidade. Até que, quatro anos após a criação de Rajneeshpuram, em 1981, a comunidade implodiu, em decorrência da prisão de seus principais líderes, inclusive o próprio Bhagwan, com acusações que iam de fraudes de imigração e envenenamento em massa à tentativa de assassinato.

A série documental é dividida em seis episódios de pouco mais de uma hora de duração. E, para quem não gosta de documentários, cabe frisar que a trajetória de Rajneesh e seus discípulos não deixa nada a dever às melhores séries de ficção. A trama é tão cheia de episódios inacreditáveis que mais parece ter saído da mente criativa de algum roteirista de Hollywood. Chega a ser difícil acreditar que a história é real, com tantas reviravoltas, personagens sui generis e tramas macabras. Mas, acredite, tudo o que está ali aconteceu. E, até hoje, os livros de Osho enchem as prateleiras das livrarias, inclusive no Brasil. Totalmente antibíblicos, seus escritos se tornaram febre e movimentam grandes fortunas, apesar dos escândalos que marcaram os últimos anos de vida desse que se tornou conhecido como “o guru do sexo”.

Além de a saga de Osho e seus seguidores dar base para um documentário muito bem construído pelos cineastas Maclain Way e Chapman Way, a história promove uma reflexão pertinente sobre os perigos que pode haver por trás de ideais religiosos supostamente pacíficos se eles caem em mãos erradas. A história de Rajneeshpuram mostra quão facilmente pessoas podem ser manipuladas por líderes que usam a religião em prol dos próprios interesses.

Wild Wild Country é um brado de alerta para pessoas de todas as linhas religiosas. Afinal, líderes inescrupulosos existem em qualquer religião. Interesses escusos há entre seguidores de todo credo. E pessoas que acabam se tornando massa de manobra existem em diferentes sistemas doutrinários. A história de Rajneeshpuram pode se repetir em qualquer tradição religiosa se não houver senso crítico, controle coletivo, muita transparência e o coração no lugar certo.

Nesse sentido, fica a recomendação para se assistir a Wild Wild Country com uma visão que vá além da seita de Osho, refletindo o que ocorre quando multidões são manipuladas com palavras de amor e paz, quando, na verdade, o que há por trás são os interesses mais escusos que se possa imaginar.

Maurício Zágari é publisher da editora GodBooks, teólogo, comentarista bíblico, escritor, editor e jornalista.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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