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Crianças sofrem pela crise de representatividade familiar e pela ignorância dos pais

Wesley Safadão dança música, de clara conotação sexual, com a filha de 8 anos!

Marisa Lobo - 26/07/2022 16h12

Wesley Safadão dançando com sua família Fotos: AgNews e Arquivo pessoal

Na semana passada, um vídeo que viralizou nas redes sociais me chamou bastante atenção, causando também tristeza e indignação ao mesmo tempo. Nele, o cantor Wesley Safadão aparece dançando a sua nova música, de clara conotação sexual, tendo ao seu lado ninguém menos que a própria filha, de apenas 8 anos!

A criança exposta no vídeo pelo próprio pai, não apenas dança a música, como também canta a letra. Para que os leitores tenham uma noção do que estamos falando, transcrevo abaixo um trecho da música, chamada Macetando:

“Ai, vida, ai, vida, ai, vida
Bota de red de melancia, pra novinha, com gin que tu vai ver
P****** (vai, bebê!)
Chama as amiguinha, o baile vai ferver!
Só quem é gostosa levanta a mão”.

Na sequência, a letra continua: “Sentando, sentando, sentando, sentando, novinha, sentando, sentando, sentando (Ma-maceta)”.

Não é preciso fazer qualquer esforço mental para entender o que a letra está querendo dizer; e mais do que isso, incentivar! Se trata, sim, de sexo com “novinha”.

Nenhum malabarismo argumentativo será capaz de me fazer dizer o contrário. Como psicóloga e autora de livros sobre família, concordo 100% com a colega Cecilia Antipoff, que também é doutora em Educação. Ela comentou sobre o vídeo de Wesley Safadão com a filha para a revista Marie Claire: “Não dá para ver e ouvir certas coisas e só sentir uma revolta interna. É preciso fazer algo. Temos que cuidar das nossas crianças (…). É com o coração dilacerado que venho testemunhando crianças sendo erotizadas pelo acesso a músicas e danças completamente apelativas, que desrespeitam a fase de desenvolvimento em que estão”.

CRISE DE REPRESENTATIVIDADE
O vídeo deplorável de Wesley Safadão, com a filha, é mais uma demonstração do quanto a nossa sociedade atual vive uma crise de representatividade familiar. Como podemos esperar que crianças cresçam moralmente saudáveis, se o mau exemplo vem dos próprios pais?

A boa representatividade, nesse caso, é o exercício responsável da paternidade e da maternidade. E isto é algo que vai muito além do fornecimento de cuidados básicos na forma de recursos materiais e moradia.

Não adianta nós, conservadores e cristãos em geral, lutarmos diariamente por pautas que defendem a família, dando nossa cara a tapa, muitas vezes até enfrentando processos judiciais e censura, se dentro de casa não tivermos pais e mães dispostos a fazer o mesmo pelos filhos.

Crianças querem ser amadas e se sentir pertencidas. Ou seja, para elas, o maior alvo a ser “conquistado” são os pais. Para isso, é natural que a criança desenvolva determinados comportamentos e gostos como tentativa de agradá-los. Todavia, a criança é imatura e não possui o discernimento de vida que o adulto deve ter.

É por causa dessa falta de discernimento do adulto, os pais, que temos visto um aumento assustador de crianças e adolescentes emocionalmente doentes, desenvolvendo comportamentos que não víamos nas gerações passadas, justamente porque elas são o fruto de uma época onde a representatividade familiar está em crise.

CONCLUSÃO
A boa representatividade familiar tem a ver com ser capaz de garantir e proteger o desenvolvimento físico, moral, afetivo e até espiritual dos filhos, saudavelmente. Para que isso ocorra, os pais devem servir de modelo desde os primeiros anos de vida das crianças.

Por fim, a infância deve ser protegida, e isto significa, também, afastar das crianças qualquer conteúdo que estimule a erotização precoce. Entender isso é o mínimo que esperamos dos pais, sobretudo dos que se dizem cristãos.

Criança não namora; não faz sexo; não deve dançar, cantar, nem mesmo ouvir músicas erotizadas. Criança deve brincar, aprender conteúdos compatíveis com a idade e explorar o universo infantil, onde a inocência é absolutamente natural, desde que não destruída pela ignorância de alguns pais.

Marisa Lobo possui graduação em Psicologia, é pós-graduada em Filosofia de Direitos Humanos e em Saúde Mental e tem habilitação para Magistério Superior.

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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