Carta pela democracia de hoje é um arremedo da Carta de 1977
O risco que nobres brasileiros, signatários da carta, correm ao ouvir a cantilena das esquerdas é no mínimo o de cair numa grande armadilha
Marco Feliciano - 12/08/2022 17h00
Eu não poderia deixar de comentar a “carta pela democracia” apresentada ao país pela Faculdade de Direito da USP, em ato público realizado no Pátio das Arcadas, no Largo São Francisco. Essa é uma academia de grandes tradições culturais pela qual passaram figuras de destaque do mundo acadêmico, científico, artístico e cultural. No entanto, a íntegra do documento explícita o teor político de sua essência, com nítido viés esquerdista.
Há ainda uma dúvida que paira sobre os signatários, que são das mais diversas matizes laborais. Mas, em síntese, pessoas importantes em sua área de atuação, porém, com interesses díspares em vários espectros da política nacional. E se encontram em fileiras cerradas com um único candidato que tenta voltar ao poder, com promessas mirabolantes de solução para todos os males que assolam o país. Apresentando, na verdade, uma panaceia milagreira que tornará as terras tupiniquins em um verdadeiro paraíso.
E quem são esses signatários? Banqueiros, alguns industriais que subscrevem tal missiva de cunho eminentemente ideológico, misturando no mesmo cadinho, capitalistas de quatro costados, marxistas, anarquistas, e até alguns tipos de cristãos não praticantes. Essa carta lembra até a Revolução Francesa, quando, os carrascos das nobres perderam os pescoços para seus recentes ex-amigos. Chegando até Stálin que executou todos os seus melhores ex-amigos.
Na verdade, o risco que esses nobres brasileiros correm ao ouvir a cantilena das esquerdas é no mínimo o de cairmos na armadilha que está adrede preparada pelos que agora estão muito mais ladinos para tomar o poder após ganharem as eleições. E acredite, se assim for, isso será com o grande aparato daqueles que lhes colocaram um tapete vermelho rumo ao Planalto. Também, com todos os malabarismos jurídicos de quem tirou um criminoso da cadeia e o tornou elegível com direitos plenos de voltar, como bem disse um, hoje, seu aliado “ao local do crime”.
Eu reputo essa carta pela democracia de hoje, como um arremedo da Carta de 1977, do grande jurista Gofredo Teixeira da Silva Teles, tal qual um placebo, carregando em si elemento ativo zero.
Sendo muito sincero, agradeço a Deus por não encontrar em tão comentada “carta pela democracia”, nenhuma assinatura de pessoas preocupadas com os ataques às liberdade de expressão, prisões por opiniões divergentes, desigualdade social, aborto, liberação das drogas… Enfim, pautas defendidas por conservadores cristãos que engrossam as multidões que apoiam o presidente Bolsonaro por onde passa; numa rara demonstração de afeto a um chefe de Estado em pleno mandato, enfrentando uma pandemia, guerras e crise econômica mundial.
Finalizo agradecendo a Deus por nos permitir o discernimento de separar o joio do trigo, e tendo a certeza de que no próximo 7 de Setembro estaremos nas ruas, mostrando o verde e amarelo símbolo de um povo.
Marco Feliciano é pastor e está em seu quarto mandato consecutivo como deputado federal pelo Estado de São Paulo. Ele também é escritor, cantor e presidente da Assembleia de Deus Ministério Catedral do Avivamento. |
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