O insano Grupo B do Rally
Carros de sonhos nasceram desse experimento - Parte 1
Leandro Sauerbronn - 01/11/2017 12h00
Em 1982, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) criou o GRUPO B substituindo os Grupos 4 e 5 no qual corriam carros de turismo modificados e protótipos.
O GRUPO B fugia das “burocracias” do GRUPO A que exigiam um número de carros fabricados (5.000); a tecnologia era podada para aliviar custos, o carro tinha limite de peso, restrição de potência máxima. Tudo isso não existia no GRUPO B. Imaginem poder fazer o que quisesse no carro praticamente e por para correr.
Apareceram grandes joias para os fãs de carros, os grandes fabricantes europeus queriam a qualquer custo ser campões dessa categoria e não economizavam no desenvolvimento desses bólidos. Era realmente algo fora do comum, por onde passavam arrastavam multidões.
Em 1986, quando o GRUPO B foi extinto, os carros já estavam com mais de 600 cv de potência; isso percorrendo estradas de cascalho, neve, terra batida, uma verdadeira loucura! Só os pilotos mais corajosos e loucos pilotavam esses brinquedos.
Algumas estrelas desse campeonato:
Audi Quattro S1
Carro revolucionário da Audi, com seu motor 5 cilindros turbo e tração integral, foi o maior ganhador da categoria, até hoje o projeto ainda impressiona.
Veja um vídeo do Audi Quattro S1
Citroën BX 4TC
A Citroën introduziu o modelo BX 4TC em 1986, mas não obteve sucesso. O carro tinha tração integral e motor de 2.1 litros com 16 válvulas e turbo, rendia 405 cv. Depois a potência foi reduzida para 380 cv.
Ford RS200
A Ford não podia ficar fora dessa, mas infelizmente só correu no último ano em que teve o GRUPO B, em 1986. O carro possuía motor de 2.5 litros Turbo, chegando em algumas versões a ter mais de 650 cv.
Foi quando uma tragédia aconteceu na etapa de Sintra, em Portugal; mais de 500 mil pessoas assistiam à etapa quando o piloto Joaquim Santos, ao desviar de um espectador, perdeu o controle e avançou em cima da multidão. Uma mulher e seu filho de apenas 8 meses morreram na hora, além de mais de 30 pessoas ficarem feridas. Essa foi uma das tragédias que decretaram o fim da categoria.
Lancia Rallye 037
A Lancia tinha talvez o melhor carro de rally fabricado no início dos anos 80: o Lancia Stratus. Quando soube do GRUPO B tratou de ter sua versão que seria o Lancia Rallye 037, com duas versões a E1 [1982-1983] e a E2 [1984-1986].
Com motor Fiat Twin Can 4 cilindros e 16 V, na primeira versão, um 2.0 litros. E, na segunda, um 2.1 litros. Eles rendiam 315 cv e 345 cv, respectivamente, trabalhavam com um supercharger tipo Roots e carburação Weber 40.
Lancia Delta S4
A Lancia resolveu substituir o vitorioso Rallye 037, desenvolveu o Delta S4 (S= Supercharger e 4 – Tração 4WD), em 1985. Ele foi projetado pelo grupo Abarth.
O carro pesava apenas 800 kg e seu motor, de 1.8 litros de duplo comando de válvulas supercharger e turbo, entregava 615 cv.
O acidente na etapa de Córsega com o piloto Henri Pauli Toivonen e seu navegador Sergio Cresto, ambos morreram carbonizados, foi o fato que ajudou a decretar o fim da categoria e da evolução desse magnífico carro.
Abraços e Pé no Porão!
Leandro Sauerbronn
Fim da primeira parte
Leandro Sauerbronn é aficionado por carros e motores; possui ferrugem e gasolina nas veias desde nascença; começou a estudar o automóvel muito cedo, ainda criança. Hoje se tornou restaurador, customizador e educador; ensina a nobre arte da mecânica em seu curso. |
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