Vergonha: Irã se juntará à Comissão de Direitos da Mulher da ONU
ONU está enviando uma mensagem de que os direitos das mulheres podem ser vendidos para acordos políticos e comerciais
Lawrence Maximus - 25/03/2022 17h38

Não é piada, nem brincadeira de mau gosto, trata-se de uma realidade vergonhosa! O regime islâmico do Irã começará, nesta sexta-feira (25), um mandato de quatro anos no principal órgão de direitos das mulheres da ONU, tendo sido eleito no ano passado com os votos de pelo menos quatro Estados ocidentais.
Uma escolha vexatória, moralmente um insulto às mulheres oprimidas do Irã. Este é um dia sombrio para os direitos das mulheres em todo o mundo.
O regime fundamentalista se juntará à Comissão sobre o Estatuto das Mulheres – o principal órgão intergovernamental global dedicado exclusivamente à promoção da igualdade de gênero e ao empoderamento das mulheres – quando abre formalmente sua 67ª sessão em 25 de março de 2022.
O TERRÍVEL HISTÓRICO DO IRÃ CONTRA OS DIREITOS DAS MULHERES
A perseguição do Irã às mulheres é grosseira e sistemática, tanto na lei quanto na prática. Em 2020, o próprio secretário-geral da ONU relatou a discriminação persistente do Irã contra mulheres e meninas.
Os fundamentalistas do Irã forçam as mulheres a cobrir seus cabelos, uma preconização diária sob a lei misógina do hijab. Eles exigem que uma menina receba permissão de seu pai para se casar. A idade legal para uma garota se casar no Irã é de 13 anos — com garotas ainda mais jovens autorizadas a se casar com o consentimento paterno e judicial.
O regime do aiatolá Khamenei aprisiona corajosas ativistas dos direitos das mulheres, como Nasrin Sotudeh, Mojgan Keshavarz, Yasaman Aryani e Monireh Arabshahi, pelo crime de exigir pacificamente sua dignidade humana.
Por que, então, a ONU nomeou um dos piores opressores das mulheres do mundo como um juiz mundial e guardião da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres?
Por fim, como educador, profissional e acadêmico das ciências políticas, com ênfase na cooperação internacional, quero externar meu repúdio diante dessa decisão estapafúrdia e anacrônica. Ao elevar um regime misógino ao seu mais alto órgão de direitos das mulheres, a ONU está enviando uma mensagem de que os direitos das mulheres podem ser vendidos para acordos políticos e comerciais.
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Lawrence Maximus é cientista político, analista internacional de Israel e Oriente Médio, professor e escritor. Mestre em Ciência Política: Cooperação Internacional (ESP), Pós-Graduado em Ciência Política: Cidadania e Governação, Pós-Graduado em Antropologia da Religião e Teólogo. Formado no Programa de Complementação Acadêmica Mastership da StandWithUs Brasil: história, sociedade, cultura e geopolítica do Oriente Médio, com ênfase no conflito israelo-palestino e nas dinâmicas geopolíticas de Israel. |
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