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Guerra na Ucrânia: Um ano que abalou o mundo

A Rússia cometeu “crimes contra a humanidade” durante sua invasão na Ucrânia

Lawrence Maximus - 24/02/2023 14h36

Guerra na Ucrânia já dura um ano Foto: EFE/EPA/OLEG PETRASYUK

A Rússia invadiu a Ucrânia por terra, ar e mar em 24 de fevereiro de 2022, o maior ataque de um Estado contra outro na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

A guerra na Ucrânia entrou em seu segundo ano sem fim à vista e a Rússia se isolou na Organização das Nações Unidas (ONU) em uma votação exigindo que suas forças se retirem; enquanto os líderes do G7 devem coordenar mais apoio à Ucrânia nesta sexta-feira (24).

CRIMES DE GUERRA
A guerra de um ano já matou dezenas de milhares, tirou milhões de suas casas, golpeou a economia global e transformou Putin em um pária no Ocidente.

O assassinato indiscriminado de civis é característico do procedimento dos russos nesta guerra: dentro de seus tanques, os invasores levaram joias, dinheiro, frigideiras e até brinquedos para as crianças na Rússia. Após a liberação das localidades, as redes sociais foram inundadas com relatos de testemunhas e imagens perturbadoras.

O governo norte-americano concluiu formalmente que a Rússia cometeu “crimes contra a humanidade” durante sua invasão na Ucrânia, que dura quase um ano, disse a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris.

Kamala Harris Foto: EFE/EPA/Yuri Gripas/ABACA / POOL

Em suas observações, Harris citou como “barbárie e desumano” as dezenas de vítimas encontradas em Bucha logo após a invasão da Rússia em fevereiro passado; o atentado de 9 de março a uma maternidade de Mariupol; torturas, decapitações, genocídios e agressões sexuais contra mulheres e crianças, identificadas pelo relatório da ONU.

Na mesma medida em que são chocantes a matança e a pilhagem indiscriminadas promovidas pelos invasores, é encorajadora a bem-sucedida defesa de Kiev e de outras cidades. Mesmo que prossiga a escalada de violência de Moscou, os parceiros ocidentais não devem hesitar em apoiar a Ucrânia com todos os meios.

Guerra cibernética
A guerra “escondida” começou muito antes disso. Mesmo antes da invasão em grande escala, na noite de 13 para 14 de janeiro de 2022, a Ucrânia foi sujeita a um ataque hacker em massa contra as estruturas governamentais. Os ataques repetiram-se a 15 e a 23 de fevereiro.

Peritos do Serviço Estatal Ucraniano de Comunicações Especiais e Proteção da Informação alegam que a agressão russa incluiu uma dimensão digital desde o início. Ou seja, que a Rússia está tentando coordenar ciberataques maciços com operações militares no campo de batalha.

– Até agora, neste conflito, penso que vimos que embora tenha havido um excesso de atividade cibernética do lado dos russos, esta ainda não se traduziu necessariamente num feito militar no campo de batalha. E isto não é por falta de tentativas – afirma Gavin Wild, especialista em tecnologia do fundo Carnegie Endowment for International Peace.

Ucrânia despertou UE dos escombros
A vitória dos ucranianos contra o despotismo russo seria uma chance para toda a Europa, aquela que se reinventa agora enquanto comunidade de valores, do lado dos ucranianos. O que está em jogo é o futuro de todo o continente.

Ao invadir a Ucrânia, Vladimir Putin apostou na desunião de uma Europa em crise, mal preparada para enfrentar seus desafios, incapaz de lidar com mais uma guerra em suas fronteiras.


Vladimir Putin

A guerra teve como resultado o inverso do que Putin pretendia, a união da Europa, de toda a Europa, inclusive dos países como Hungria e Polônia, reticentes com relação às diretrizes de Bruxelas.

Ao contrário do que se imaginava, as respostas e sanções mais duras foram adotadas pela UE e não pelos Estados Unidos. Pela primeira vez, a Europa decidiu comprar armas para fornecer à Ucrânia; inclusive, aviões de combate.

Portanto, enquanto os russos se imaginarem invencíveis, em seu delírio expansionista, não haverá paz duradoura na Europa. Despertando dos escombros, a Europa tem um déjà vu da Segunda Guerra Mundial, ciente que esse horror não pode se repetir, jamais!

Quais são os impactos hoje?
Depois de um ano de combates, não há fim à vista para a guerra na Ucrânia. Milhões de civis não conseguem voltar para casa. Muitos ainda no país são forçados a viver sem acesso a comida, água ou eletricidade.

O conflito contínuo na Ucrânia está causando danos civis extremos e deixando milhões sem acesso a alimentos, água e outros suprimentos essenciais. Civis inocentes foram cruelmente apanhados no conflito, com quase 19 mil vítimas desde 24 de fevereiro de 2022. Mais de 8 mil pessoas foram mortas, com o número real provavelmente muito maior. Mais de 5,4 milhões foram deslocados internamente.

Houve danos catastróficos à infraestrutura civil, incluindo hospitais e escolas. Nos últimos meses de inverno, as famílias procuraram abrigo em edifícios danificados não adequados para lidar com quedas repentinas de temperatura ou fortes nevascas.

A partir de outubro de 2022, ondas de ataques aéreos deixaram ainda mais pessoas em todo o país enfrentando o frio sem acesso a gás, eletricidade ou sistemas de aquecimento centralizados. Em apenas um dia, em meados de novembro, 7 milhões de ucranianos ficaram sem eletricidade devido aos combates.

Em novembro de 2022, havia mais de 8 milhões de refugiados da Ucrânia registrados em toda a Europa.

Volodymyr Zelensky Foto: EFE/EPA/SERGEY DOLZHENKO

Apoio dos EUA e G7
Depois de uma visita surpresa a Kiev, às vésperas de completar um ano desde a invasão da Rússia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reunirá virtualmente nesta sexta-feira (24) com líderes do G7 e do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, para marcar o aniversário de um ano da invasão e anunciar novas sanções contra aqueles que ajudam o esforço de guerra da Rússia, informou a Casa Branca.

O mesmo grupo se reuniu no ano passado, horas depois que o presidente russo, Vladimir Putin, lançou sua invasão da Ucrânia, impondo a primeira rodada de uma série de sanções. Os EUA também anunciarão um novo pacote de ajuda ucraniana que incluirá apoio econômico, de segurança e energético, acrescentou.

Homenagens e vigílias
Paris iluminou a Torre Eiffel de azul e amarelo e pessoas envoltas em bandeiras ucranianas se reuniram em uma vigília em Londres nesta quinta-feira (23), enquanto o mundo marca um ano de guerra entre Ucrânia e Rússia.

– Haverá uma vida depois desta guerra, porque a Ucrânia vencerá – disse a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, em um discurso antes de a Torre Eiffel ser iluminada para mostrar solidariedade com a Ucrânia.

Torre Eiffel Foto: EFE/EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

– Acho que ninguém vai ficar sem esse desejo feroz de liberdade, da Europa, da democracia que os ucranianos estão mostrando – completou.

Em Bruxelas, os edifícios da União Europeia, incluindo os do Parlamento Europeu e da Comissão, foram igualmente iluminados com as cores da bandeira ucraniana.

Em Londres, pessoas envoltas em bandeiras ucranianas e segurando cartazes – incluindo uma que dizia “Coloque Putin na lixeira” em uma referência ao presidente russo – se reuniram na Trafalgar Square em uma vigília para marcar o aniversário.

– Amanhã é o aniversário da invasão em grande escala da Rússia no meu país, é por isso que eu pensei que simplesmente não posso ficar em casa – disse Olena Iliuk, uma ucraniana de 18 anos, na vigília.


Vigília em Londres

Um ano de guerra à espera da vitória
A Ucrânia teve sucesso com contraofensivas no final de 2022 para tomar grande parte do território que perdeu no início – a guerra se estabeleceu em trincheiras de atrito e perdas crescentes em ambos os lados. A Rússia controla cerca de um quinto da Ucrânia um ano depois.

Por fim, o megalomaníaco e ditador Putin avança com a guerra, em contrapartida, o mundo contempla o corajoso líder Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, que abandonou os palcos, câmeras, terno e gravata, pela farda do seu exército, para lutar corajosamente ao lado de seu povo…

Lawrence Maximus é cientista político, analista internacional de Israel e Oriente Médio, professor e escritor. Mestre em Ciência Política: Cooperação Internacional (ESP), Pós-Graduado em Ciência Política: Cidadania e Governação, Pós-Graduado em Antropologia da Religião e Teólogo. Formado no Programa de Complementação Acadêmica Mastership da StandWithUs Brasil: história, sociedade, cultura e geopolítica do Oriente Médio, com ênfase no conflito israelo-palestino e nas dinâmicas geopolíticas de Israel.

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.

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