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Dia Internacional em Memória do Holocausto

Esse memorial é uma ferramenta muito poderosa na luta contra o antissemitismo

Lawrence Maximus - 27/01/2023 12h11

Museu Memorial do Holocausto Yad Vashem em Jerusalém, Israel Foto: EFE/EPA/ABIR SULTAN

O Holocausto foi a tentativa da Alemanha nazista, e seus colaboradores, de assassinar os judeus da Europa. Durante os seis anos da Segunda Guerra Mundial, a perseguição e opressão sistemática, burocrática, patrocinada pelo Estado e organizada pelo governo resultou na morte de 6 milhões de judeus europeus de todo o continente.

A perseguição aos judeus na Alemanha começou em 1933, quase imediatamente após os nazistas chegarem ao poder. O assassinato sistemático em massa de judeus, no entanto, ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial: primeiro, em processos de guetização (os guetos eram distritos de vilas e cidades na Europa Oriental ocupada pelos alemães, nos quais os judeus eram forçados a viver segregados da população em geral), e tiroteios em massa na Europa Central e Oriental. Depois, entre 1941 e 1945, deportações para centros de extermínio como Auschwitz, Treblinka e Belzec. Essa fase de assassinato sistemático foi referida pelos nazistas como a Solução Final da Questão Judaica – termo eufemístico usado pelas autoridades alemãs nazistas para se referir ao plano de aniquilar o judaísmo europeu.

A data marca o aniversário da libertação pelas tropas soviéticas do Campo de Concentração e Extermínio Nazista de Auschwitz-Birkenau, em 27 de janeiro de 1945. O Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto foi proclamado oficialmente pela Assembleia Geral das Nações Unidas em novembro de 2005.

Por que os judeus foram alvo de perseguição e aniquilação?
Hitler e os nazistas eram antissemitas raivosos que falsamente alegaram que os judeus alemães haviam traído a Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial e foram responsáveis por sua derrota. A ideologia nazista também se baseava em uma ideologia racista cujo objetivo era a eliminação dos judeus e outros grupos indesejáveis da sociedade alemã. Os nazistas ainda responsabilizavam os judeus pela miséria econômica da Alemanha durante a depressão do final dos anos 20 e início dos anos 30.

O ódio aos judeus tem uma longa história na sociedade europeia. Pogroms e expulsões mancharam a história de quase todos os países da Europa na Idade Média e até mesmo na era moderna. Isso foi baseado na representação dos judeus como “assassinos de Cristo” pelas autoridades cristãs e na persistência de estereótipos antissemitas na arte e na literatura. Durante o século 19, o ódio religioso aos judeus combinou-se com crenças sobre diferença racial e superioridade que se concentravam no “sangue” em vez da crença para produzir o antissemitismo moderno.

O pioneiro historiador do Holocausto Raul Hilberg argumentou que o ódio aos judeus evoluiu ao longo dos tempos, mas com notáveis continuidades em métodos e objetivos: “Os missionários do cristianismo disseram com efeito: ‘Vocês não têm o direito de viver entre nós como judeus’. Os governantes seculares que se seguiram proclamaram: ‘Você não tem o direito de viver entre nós’. Os nazistas alemães finalmente decretaram: ‘Você não tem o direito de viver'”.

Por que e como essa ideia foi endossada pela sociedade alemã tem sido objeto de debate. Alguns estudiosos argumentaram que os nazistas eram uma expressão de uma forma particularmente alemã de antissemitismo e era a base de seu apelo. Outros alegaram que os alemães se tornaram antissemitas depois que os nazistas tomaram o poder e assumiram o controle da educação, da radiodifusão e da mídia.

Como os alemães sabiam quem era judeu?
As autoridades alemãs identificaram os judeus que residiam na Alemanha por meio dos registros normais criados por um Estado moderno. Eles usaram registros do censo, declarações de impostos, listas de membros da sinagoga, registros paroquiais (para judeus convertidos), formulários de registro policial rotineiros, mas obrigatórios, o interrogatório de parentes e informações fornecidas por vizinhos e funcionários municipais.

No território ocupado pela Alemanha nazista ou seus parceiros do Eixo, os judeus foram identificados em grande parte por meio de listas de membros da comunidade judaica, documentos de identidade individuais, documentos de censo capturados e registros policiais e redes de inteligência locais.

As leis raciais da Alemanha identificavam um “judeu” como qualquer pessoa com três ou mais avós judeus, independentemente de sua identidade ou prática religiosa. As conversões ao cristianismo foram declaradas ilegítimas há duas gerações, formalizando e instituindo teorias raciais nazistas.

O que era o Partido Nazista?
O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) foi um partido político alemão de extrema direita fundado em 1920 após a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial. Foi liderado por Adolf Hitler de 1921 a 1945.

O partido prometeu que defenderia os valores culturais alemães contra as influências judaico-cosmopolitas, rescindiria as duras disposições do Tratado de Versalhes que desmilitarizou e impôs enormes encargos econômicos à Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, protegeria a Alemanha contra a ameaça percebida do comunismo e restauraria a Alemanha à sua grandeza pré-Primeira Guerra Mundial na arena internacional.

Após o início da Grande Depressão em 1929-1930, o Partido Nazista subiu de 2,6% nas eleições parlamentares alemãs de 1928 para se tornar o segundo maior partido político do país após as eleições de setembro de 1930, com 18,3% dos votos. Nas eleições de julho de 1932, foi o maior partido com 37,3% dos votos.

Depois que Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha em janeiro de 1933, o Partido Nazista tornou-se o partido e movimento político dominante e logo o único na Alemanha. Desde 1949, o Partido Nazista foi proibido na Alemanha.

Rostos de Adolf Hitler Foto: EFE/ Javier Castro Bugarín

Quem foi Adolf Hitler?
Adolf Hitler foi o líder (Führer), ou ditador incontestado, da Alemanha de 1933, quando chegou ao poder, até 30 de abril de 1945, quando cometeu suicídio em seu bunker em Berlim.

Nascido na Áustria em 1889, ele foi inicialmente malsucedido na vida, tornando-se profissional nas artes visuais em Viena, na pré-Primeira Guerra Mundial. Em 1913, fugiu da Áustria e serviu no exército alemão durante a Primeira Guerra. Depois, se tornou o líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (conhecido como Partido Nazista) no início da década de 20.

Um orador carismático, Hitler defendia o nacionalismo radical e visões virulentamente antissemitas, baseadas em grande parte no falso conceito de que os judeus foram responsáveis pela derrota da Alemanha na Primeira Guerra, e que a grandeza da Alemanha seria restaurada pela eliminação dos judeus e outras raças inferiores, bem como oponentes políticos do nazismo e outros elementos indesejáveis da sociedade.

O que era a SS?
A SS (Schutzstaffel; Esquadrões de Proteção) foi originalmente uma organização paramilitar que forneceu segurança ao Partido Nazista. Sob a liderança de Heinrich Himmler, a SS se expandiu para se tornar um estado virtual dentro do estado na Alemanha nazista: responsável por impor políticas raciais nazistas, identificar e perseguir políticos e outros oponentes do regime nazista.

A partir de março de 1933, a SS dirigiu a rede de campos de concentração nos quais os opositores do regime nazista eram presos, torturados e frequentemente mortos. A partir de 1941, isso incluiu os campos de extermínio na Polônia ocupada pelos nazistas, onde milhões de judeus foram assassinados durante o Holocausto. Para fazer isso, a SS aplicou conhecimentos e técnicas desenvolvidas para matar deficientes físicos e mentais no programa T4 “Eutanásia” entre 1939 e 1941.

Quem perpetrou o Holocausto?
O Holocausto foi concebido, planejado e dirigido pelo regime nazista-alemão liderado por Adolf Hitler. Foi implementado em grande parte por oficiais da SS (Schutzstaffel; literalmente, Esquadrões de Proteção), uma organização paramilitar nazista que veio para administrar e controlar grandes partes do Estado alemão e os territórios conquistados pelos nazistas. Não teria sido possível assassinar tantos judeus como eles fizeram, no entanto, sem colaboradores e cúmplices de toda a Europa ocupada pelos nazistas.

Embora grande parte do assassinato real de judeus durante o Holocausto tenha ocorrido em campos de extermínio na Polônia ocupada, a perseguição aos judeus, seu encarceramento em guetos e sua deportação de suas casas ocorreram à vista de seus vizinhos não judeus em cidades e vilas em toda a Europa. Na Europa Ocidental, os regimes domésticos ajudaram na identificação e aprisionamento de judeus; na Europa Oriental, as populações civis muitas vezes tomaram na própria a mão a matança.

O antissemitismo, está prosperando novamente no mundo
“O antissemitismo, infelizmente, está prosperando novamente no mundo”, diz Dani Dayan – presidente do Memorial do Holocausto Yad Vashem, localizado no Monte da Lembrança, em Jerusalém.

O crescente ódio aos judeus em todo o mundo, disse Dayan – é o que o leva a alertar todos os líderes mundiais que visitam o Yad Vashem: “Quando você vir o antissemitismo, aja imediatamente, não espere. Se você esperar, o antissemitismo se metastatizará em dimensões monstruosas e será impossível detê-lo”.

Dayan vê a comemoração da Shoah (Dia Internacional em Memória do Holocausto), como uma ferramenta muito poderosa na luta contra o antissemitismo. “Nós não tentamos educar os antissemitas”, disse ele. “Tentamos educar as pessoas decentes do mundo – que eu acredito serem a grande maioria – para se posicionarem contra o antissemitismo”.

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Lawrence Maximus é cientista político, analista internacional de Israel e Oriente Médio, professor e escritor. Mestre em Ciência Política: Cooperação Internacional (ESP), Pós-Graduado em Ciência Política: Cidadania e Governação, Pós-Graduado em Antropologia da Religião e Teólogo. Formado no Programa de Complementação Acadêmica Mastership da StandWithUs Brasil: história, sociedade, cultura e geopolítica do Oriente Médio, com ênfase no conflito israelo-palestino e nas dinâmicas geopolíticas de Israel.

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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