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A guerra não terminou e está longe de terminar

O Hamas não foi destruído, nem todos os reféns estão em casa

Lawrence Maximus - 17/10/2025 14h24

Combatentes do Hamas Foto: EFE/EPA/MOHAMMED SABER

A guerra não chegou ao fim — nem para Israel, nem para seus inimigos — independentemente de quantas vezes o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, proclame seu encerramento, ou de quantos documentos, solenemente assinados por negociadores israelenses e pelo Hamas, tentem conferir-lhe uma aparência de conclusão.

A guerra persiste porque os dois objetivos estratégicos e moralmente imperativos de Israel permanecem incompletos: a recuperação integral dos reféns — muitos dos quais mortos — ainda não se concretizou, e o Hamas, apesar dos golpes recebidos, não foi definitivamente neutralizado como força militar e política em Gaza.

Contudo, a segunda-feira, 13 de outubro, foi talvez o dia mais jubiloso para Israel desde aquele que ficou marcado como o mais trágico de sua história recente — exatamente dois anos antes.

Pela primeira vez, desde a invasão perpetrada pelo Hamas, um ataque de brutalidade inominável que muitos acreditaram prenunciar a destruição de Israel, o país pôde respirar um instante de alívio: não há mais reféns vivos mantidos nas profundezas infernais do aparato terrorista do Hamas em Gaza.

As cenas de reencontro ultrapassaram qualquer registro anterior. Tratava-se de algo quase metafísico: vidas humanas retornando do limiar do abismo, após 738 dias sob o jugo da barbárie, voltavam a caminhar, falar, abraçar e sorrir; testemunhos vivos da resiliência do espírito humano diante do terror.

Mas a questão dos reféns mortos permanece uma ferida aberta. O documento de 29 de setembro, composto de 20 cláusulas, afirmava com clareza: “Dentro de 72 horas após a aceitação pública deste acordo por Israel, todos os reféns, vivos e mortos, serão devolvidos.”

Entretanto, o acordo subsequente, datado de 9 de outubro, introduziu uma subcláusula ambígua que ofereceu ao Hamas margem para descumprir essa obrigação inicial. Reconheceu-se, de modo pragmático, que a organização terrorista poderia não localizar de imediato todos os restos mortais.

Trump afirmou, na terça-feira seguinte, que “o trabalho ainda não está concluído”, uma vez que os corpos prometidos não foram entregues. Tanto ele quanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu advertiram que medidas de força poderiam ser retomadas caso o Hamas persistisse na manipulação dos termos acordados.

Até o momento, apenas parte dos corpos foi devolvida — um gesto parcial que, segundo fontes israelenses, não decorre de incapacidade logística, mas de uma calculada provocação, prolongando o sofrimento das famílias e a tensão diplomática.

Israel acredita que o Hamas é capaz de devolver a maioria dos reféns mortos, argumenta que o grupo está violando o acordo e ameaça retomar os combates.

A guerra não terminou — e está longe de terminar…

Lawrence Maximus é cientista político, analista internacional de Israel e Oriente Médio, professor e escritor. Mestre em Ciência Política: Cooperação Internacional (ESP), Pós-Graduado em Ciência Política: Cidadania e Governação, Pós-Graduado em Antropologia da Religião e Teólogo. Formado no Programa de Complementação Acadêmica Mastership da StandWithUs Brasil: história, sociedade, cultura e geopolítica do Oriente Médio, com ênfase no conflito israelo-palestino e nas dinâmicas geopolíticas de Israel.

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.

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