Do atentado à perseguição: Basta de injustiça
Contra o rolo compressor dos togados, a frase que ressoa é simples e direta: Bolsonaro livre, anistia já!
Juliana Leite - 18/08/2025 09h52

É de um absurdo kafkiano — e eu uso a palavra com precisão — assistir à prisão de Bolsonaro, não pelo que fez, mas pelo que nunca aconteceu. O processo inteiro se ergue sobre um castelo de cartas chamado “golpe”, um espectro que jamais se materializou fora das manchetes convenientes e das narrativas fabricadas em gabinetes. O único golpe real, concreto, sangrento, foi a facada que rasgou seu corpo e que até hoje o condena a uma vida de dores, cirurgias e cicatrizes físicas e políticas.
A Justiça, que deveria proteger a realidade dos fatos, resolveu virar ficção e criminalizar um roteiro mal escrito, no qual o herói é transformado em vilão apenas porque ousou existir contra o establishment.
O grotesco se aprofunda quando vemos a sanha persecutória atingir até os figurantes mais inofensivos dessa tragédia nacional. Prende-se até o vendedor de rua, “leproso”, que apenas oferecia sua mercadoria aos que estavam na passeata de 8 de janeiro. O Brasil virou uma peça onde o elenco não importa: basta estar próximo da cena para ser arrastado ao cárcere.
É o teatro do absurdo, encenado por um STF que não se contenta em aplicar a lei, precisa fabricar inimigos. O problema é que, diferentemente do que imaginam, não se pode dobrar a percepção de um povo com manchetes, blogueiros pagos e slogans melosos de “amor”. Não há campanha publicitária que apague o gosto amargo da tirania.
Essa farsa não convencerá ninguém que ainda tenha memória, olhos e consciência. O tribunal pode rasgar a Constituição em praça pública, pode transformar adversários políticos em criminosos inventados, pode até acreditar que controla a verdade, mas não controla a indignação que cresce, subterrânea e persistente. A história, essa senhora cruel, sabe distinguir justiça de vingança, liberdade de autoritarismo, coragem de covardia. E no fim, mesmo contra o rolo compressor dos togados, a frase que ressoa — e ressoará — é simples e direta: Bolsonaro livre, anistia já!
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Juliana Moreira Leite é jornalista especialista em cultura, escritora e curiosa. Nesse espaço vai falar sobre assuntos da atualidades sob a sua visão. |
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