Juliana Leite - 13/10/2025 09h16

É curioso, para não dizer tragicômico, observar o silêncio ensurdecedor da esquerda caviar diante da vitória de María Corina Machado, a mulher que desafiou uma ditadura real — não o fantasma patriarcal das mesas de bar do Leblon.

Enquanto ela enfrenta o aparato brutal de Maduro com a coragem que falta a metade dos machos de terno socialista, as nossas “progressistas” de Instagram seguem ocupadas com seus filtros sépia e citações mal digeridas de Simone de Beauvoir, como se repetir “ninguém nasce mulher, torna-se mulher” em um story pago fosse algum tipo de resistência.

Essas mesmas sacerdotisas do Projac, sempre prontas a posar com cartazes sobre “sororidade” e “empoderamento”, não abriram a boca para saudar uma mulher que realmente coloca a vida em risco pela liberdade. O feminismo delas é o equivalente ideológico do brunch: bonito na foto, vazio no conteúdo e sempre servido com espumante francês. São capazes de organizar campanhas contra o ar-condicionado, mas não contra o autoritarismo.

A opressão que as incomoda é a que cabe em 280 caracteres — não a que prende, tortura e silencia dissidentes.

A verdade é que a esquerda midiática não celebra mulheres fortes; celebra apenas aquelas que reforçam sua narrativa. María Corina não cabe no figurino: é liberal, anticomunista, elegante e livre — adjetivos que soam quase indecentes para o feminismo de ioga e Chardonnay.

A ironia final é que essas intelectuais de novela, embaladas por discursos prontos e hashtags, ainda acreditam ser herdeiras de Beauvoir, quando na prática não passam de figurantes em um reality show de vaidade ideológica. A diferença entre elas e María Corina é simples: uma luta pela liberdade; as outras lutam por engajamento.

Juliana Moreira Leite é jornalista especialista em cultura, escritora e curiosa. Nesse espaço vai falar sobre assuntos da atualidades sob a sua visão.

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