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Os limites do pacto conjugal – parte 1

O casamento é um pacto que gera benefícios para as partes que o celebram. Ele amplia os recursos, une as forças, é garantido por leis, mas tem limites

Josué Gonçalves - 19/05/2018 08h00

Queridos amigos do Pleno.News, semana passada tratamos do casamento como um pacto e hoje quero começar a abordar sobre os limites desse pacto que fazemos ao nos casar. Nesta e na próxima semana, trataremos deste assunto

Casamento é uma longa conversa entremeada de disputa. (Robert Louis Stevenson)

O casamento é um pacto que gera benefícios para as partes que o celebram. Ele amplia os recursos, une as forças, é garantido por leis. Alguém poderá, então, pensar que um pacto “é só alegria”. Claro que há muitos benefícios em pactuar-se com a pessoa amada e com Deus, que também participa dos pactos matrimoniais.

Os pactos, no entanto, também preveem responsabilidades e têm limites que precisam ser observados e respeitados.

Embora os benefícios do pacto possam dar um “brilho” a essa nova situação, os limites é que reforçam os laços e podem garantir a sua estabilidade. Vejamos:

Quais são os limites do pacto conjugal?
Em nossos dias, ouvimos a todo o momento alguém falar em pós-modernidade. Vivemos na pós-modernidade. Em seguida, as pessoas afirmam que “hoje os valores são outros”. Na pós-modernidade, tudo é relativizado. Isto significa que aquilo que vale para mim pode não valer para você. Em outras palavras, não há absolutos. Tudo é relativo. Será que isso funciona na prática?

Imagine uma situação hipotética. Você tem o seu cônjuge, ama o seu cônjuge e está feliz com ele. Vocês vivem um conto de amor. São fiéis um ao outro e estão seguros em sua relação.

No entanto, uma pessoa, de fora da relação, com a mentalidade pós-moderna, relativiza os valores e não acredita que é preciso haver valores absolutos. Essa pessoa, então, “dá em cima” do seu cônjuge, paquera o seu cônjuge e o seduz.

Você descobre e, naturalmente, fica indignado ou indignada. Para você, a fidelidade é um valor absoluto. Ora, cada panela com a sua tampa! Mas “outra” panela está querendo ser “fechada” com a sua tampa.

O que eu quero dizer com isso, e você já deve ter notado a mensagem, é que, embora a mentalidade corrente na atual geração queira nos impor uma nova maneira de pensar, isso não faz com que os limites e valores absolutos do pacto criado por Deus, há milhares de anos devam ser alterados por causa das nossas variações e da relativização na maneira de pensar. Não somos nós que alteramos o curso das coisas criadas por Deus.

Os casais que celebram um pacto na presença de Deus – e digo mais! – os casais que pretendem estabelecer uma relação sólida e constituir uma família, ainda que pensem diferentemente de Deus, devem seguir os parâmetros que estão postos desde sempre.

O casamento, como pacto criado por Deus, segue necessariamente essa linha de condução. Os tempos mudam – e mudam mesmo! – mas isso não significa que Deus ajuste o Seu modo de pensar e valorizar as coisas simplesmente porque nós mudamos. Aliás, é o contrário. A estabilidade de Deus e a sua permanência imutável é que se tornam para nós o referencial seguro. Imagine se o Senhor mudasse de opinião cada vez que o homem muda o seu modo de pensar e comportar-se! O mundo estaria pior do que vemos.

O escritor russo Fiódor Dostoiévski sabiamente escreveu: “Se Deus não existe, tudo é permitido”.

Assim, como Deus existe, nem tudo é permitido. Sigamos, então, os limites estabelecidos para o casamento. Vejamos alguns deles:

O CASAMENTO É UMA UNIÃO HETEROSSEXUAL
Na sociedade relativista, o homem ou a mulher que pensa e age de acordo com as “novas convenções” o faz seguindo os seus próprios interesses egoístas. Pensa em si, não nos outros, não na espécie, não em Deus.

Não é, portanto, uma união homossexual que delineia o limite do pacto, mas sempre e, soment,e a união heterossexual. É bom que se deixe isso bem claro.

Lembro-me de ouvir o Douglas, meu filho, contar de quando estava na faculdade e ouviu um de seus professores dizer em sala de aula: “Olha, não é uma questão de sexo, é uma questão de papéis: se duas mulheres cumprem bem o papel de marido e de esposa, se dois homens cumprem bem o papel de marido e de esposa, o que importa são os papéis”.

Não. Não. Não! Esse é um modo relativista de pensar. A sociedade não pensa assim; quem pensa assim é uma minoria, mas como é uma minoria que faz barulho por ter os meios de comunicação nas mãos, fica a impressão de que de repente todos pensam assim.

A Bíblia também não diz isso, nem dá margem para uma interpretação dessa natureza. O que lemos na Bíblia é: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gênesis 2:24).

Isso também deve ficar bem claro para os nossos filhos e para toda a nossa família: o casamento é uma união heterossexual.

Somente um casamento cuja característica seja heterossexual pode prover a plenitude dos propósitos para essa união e, consequentemente, o pacto. Estou falando de procriação de modo natural, de afetuosidade, de papéis “de fato” e não de mentirinha, de desenvolvimento emocional e coisas como essas.

O casamento heterossexual é a única maneira de propiciar as mais profundas realizações ao ser do gênero masculino e ao ser do gênero feminino. O homossexualismo, embora alguns argumentem em contrário, sempre será limitador, castrador das possibilidades mais amplas de realização física, emocional, efetiva, biológica e, especialmente, espiritual pela perspectiva bíblica tradicional.

Você quer realizar-se plenamente? Case-se com alguém do sexo oposto. É assim que Deus planejou o casamento. É assim que a biologia provê os meios para a continuidade e preservação da espécie. É esse o modo natural, mais básico e simples de ser feliz. E esse é o primeiro limite do pacto.

O CASAMENTO É UMA UNIÃO MONOGÂMICA
Outro equívoco sobre o casamento e suas possibilidades, e também equívoco sobre como a Bíblia nos orienta, é a questão de o casamento ser uma união monogâmica. Nunca foi o ideal divino permitir, no casamento, a bigamia nem a poligamia.

A monogamia, como norma divina para o bem-estar do homem, está implícita primeiramente na história de Adão e Eva. A história que lemos no livro do Gênesis é que quando Deus criou a mulher, “ele aplicou uma anestesia geral” (estou recontando a história, evidentemente do meu jeito), o homem adormeceu profundamente e então o Senhor fez uma cirurgia.

Ele tirou uma costela do homem e fez a mulher. O texto diz: “Então o Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a levou até ele” (Gênesis 2:21,22).

A minha pergunta diante deste texto é: Quantas costelas ou quantas “derivadas” o Senhor extraiu do homem?

Olhando para o texto e o cenário onde tudo aconteceu, não é difícil perceber que aquele foi um momento único. O Senhor fez o que deveria ter sido feito e o fez muito bem. “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia” (Gênesis 1:31).

O Senhor poderia ter feito duas mulheres para o homem? Sim, poderia. O Senhor poderia ter feito três, quatro ou mais mulheres para o homem? Sim, poderia. E por que poderia? Porque não falta poder ao Senhor. E por que não o fez? Será que ele “deixou” para o homem essa tarefa?

Não. Deus não o fez porque havia um limite que definiria o bem-estar e o respeito. E, dentro desse limite, estava contemplado o atendimento das necessidades todas, tanto do homem quanto da mulher.

Essa não era uma impossibilidade para o Senhor, mas seguramente posso afirmar que seria uma inadequação para o casal. O que o Senhor faz é muito bom aos seus próprios olhos. Aos nossos, é tudo perfeito. Quando o Senhor estabeleceu essa realidade para o casal, ele estava estabelecendo a situação ideal na qual deve ser encontrado e considerado o limite.

Não há nem no Antigo Testamento, nem no Novo Testamento, uma passagem posterior onde lemos que o Senhor revogou a determinação, ampliando esse limite que fôra estabelecido desde o princípio.

Agora, permita-me demonstrar a extrema importância do que estou afirmando. O casamento é bom para o homem e para a mulher. Nisso todos concordamos. Sendo assim, por que Jesus não se casou? Se o casamento é tão bom assim e é uma instituição divina, por que Jesus não se casou?

Jesus não se casou “ainda”. Mas irá se casar em breve. Jesus tem uma noiva com a qual ele irá se casar nas Bodas do Cordeiro. Lemos isso na Bíblia. Se Jesus tivesse se casado enquanto esteve entre nós em carne, ele estaria traindo a Igreja!

Quantas noivas Jesus têm? Uma só. Jesus tem uma única noiva, com a qual irá se casar nas Bodas do Cordeiro. Então, o ideal divino estabelecido no jardim é um homem para uma mulher. E Cristo respeita isso também. O ideal divino seguido pelo exemplo que Cristo nos deixou é um homem para uma mulher. O que passar disso não procede de Deus.

O que está escrito nos Dez Mandamentos? “Não adulterarás.” É o sétimo mandamento. A monogamia como norma divina para o bem-estar do homem está implícita na história de Adão e Eva, no Decálogo para o povo de Deus no Antigo Testamento, no relacionamento entre Deus e seu povo e entre Cristo e a Igreja. E isso traz benefícios para ambas as partes.

O mandamento que proíbe o adultério, preserva a fidelidade; do mesmo modo, por exemplo, o mandamento que proíbe o roubo, protege a propriedade privada. Os mandamentos de Deus sempre visam o bem comum e a ordem geral.

Portanto, cuide bem de seu cônjuge e você já estará cumprindo bem à sua missão.

Semana que vem continuamos e rogo a Deus que abençoe vocês!

Josué Gonçalves é terapeuta familiar, escritor, pastor e apresentador do programa Família Debaixo da Graça, transmitido pela RedeTV!. Trabalha com o tema Família há 27 anos.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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