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Infelizmente, a maioria dos homens insiste em pensar no contato físico apenas como um gatilho sexual

Josué Gonçalves - 28/04/2018 08h00

Caro leitor do Pleno.News, hoje quero falar sobre algo muito importante que abrange a vida íntima de muitos casais.

Mas, antes de pensarmos na necessidade do toque e afago, sem sexo, é importante compreendermos um pouco sobre o valor da nossa pele. Phyllis K. Davis, em seu livro O poder do Toque, escreveu: “Pobres dos milhões de seres humanos que dariam tudo para ter o que um gato ou um cachorro de estimação recebem no que se refere ao amor e contatos físicos – ainda que por um dia. É irônico que, em nosso ambiente, os animais desfrutem mais daquilo do que nós, como seres humanos, tanto precisamos. Não que os animais não necessitem de contato físico. A diferença está no fato de que estes, ao contrário de nós, tocam muito mais nas suas crias e uns aos outros. Enquanto, por exemplo, os animais lambem e acariciam seus filhotes quando estes se machucam, os pais dizem simplesmente aos filhos: ‘Não chore, não foi nada’, fazendo-lhes um curativo em seguida”.

Sempre que falamos em tato, estamos falando de pele. Podemos comparar a pele que nos cobre a um envelope gigante. É um órgão que recebe impressões táteis, ou sensoriais, e reage a qualquer contato com sensações específicas. Os receptores da pele reagem ao calor, ao frio, ao toque, à coceira, a cócegas e a vários tipos de dores e vibrações.

A pele é o maior órgão de nosso corpo; compreende de 15 a 20% de nosso peso corporal. O corpo humano médio apresenta 1,67 metro quadrado de pele pontilhada por aproximadamente 5 milhões de minúsculos terminais nervosos que atuam como transmissores de sensações.

A pele é o nosso órgão mais importante, em seguida vem o cérebro. As áreas relativas ao tato, no cérebro, cobrem uma área surpreendentemente grande, tanto na região sensorial quanto na motora. Os lábios, a língua, o rosto, o polegar, os dedos e as mãos ocupam uma quantidade desproporcional de espaço cerebral, seguidos de perto pelos pés.

Se você roçar a ponta dos dedos nos lábios, passar as mãos pelo nariz e rosto e lamber os lábios com a língua, você estimulará as áreas mais sensíveis de seu corpo. O sentido do tato prevalece muito em nossos dedos e mãos.

É através da nossa pele que nos envolvemos com frequência com o mundo exterior. O interessante é que a pele constitui-se numa saída simbólica para os problemas emocionais íntimos, para as emoções reprimidas.

Há mais de cem anos, acredita-se que a pele é uma voz para os problemas emocionais íntimos.

Foram os médicos franceses Brocq e Jacquet que criaram, em 1891, o termo, neurodermatite, para definir as inflamações de pele resultantes de perturbações emocionais.

O dermatologista Robert Gieshmer descobriu, após estudar 5 mil pacientes, que em muitos casos as emoções são, sem dúvida, a causa de vários tipos de distúrbios. Especificamente:

  • 27% dos quistos e 36% dos resfriados e dos herpes-zósteres foram provocados por problemas emocionais latentes;
  • psoríases, 62%;
  • urticárias, 68%;
  • eczemas, de 56% a 70%;
  • coceiras, 86%;
  • verrugas, 95%;
  • coçaduras graves e subsequente rompimento da pele, 98%;
  • enquanto 100% das sudoreses tinham causa psicológica.

A pele, numa tentativa de socorrer os problemas psicológicos das pessoas, produz sintomas, a fim de chamar a atenção para esse grito interior de libertação.

É pelo sentido do tato que nossa pele recebe impressões sensoriais e reage a qualquer contato. A sensação do tato ocorre em consequência do mínimo contato, ativa os terminais nervosos apropriados, que retransmitem mensagens sensoriais ao longo da coluna vertebral para o cérebro.

A experiência mais precoce, mais elementar e, provavelmente, mais dominante do bebê, ao nascer, é a tátil. Portanto, o senso de humanidade associa-se ao contato físico no instante de nosso nascimento e continua ao longo da vida.

Contato físico, ou estimulação tátil, embora receba pouca atenção, comparada aos nossos outros sentidos e modos de expressão, ainda é a nossa forma de comunicação mais básica, e nós, subconscientemente, sabemos disso.

O contato físico em si não é um acontecimento emocional, mas seus níveis sensoriais provocam alterações neurais, glandulares, musculares e mentais que chamamos de emoções. É importante entender esse conceito, porque na infância relacionamos emoções e significados, via contato físico. Se experimentamos afeto e envolvimento, por meio do contato físico, este passará a nos significar afeto e envolvimento. Representará também segurança. Sentimos, amamos e odiamos, tocamos e somos tocados por intermédio das células do tato em nossa pele.

Quanto mais usamos nosso sentido do tato, mais ele se desenvolve. Até os ratinhos, quando tocados e acariciados, crescem, aprendem e vivem mais do que os companheiros desprezados.

O TOQUE E A EXPRESSÃO DA SEXUALIDADE, SEM O ATO SEXUAL
Infelizmente, a maioria dos homens insiste em pensar no contato físico apenas como um gatilho sexual. Muitos casais vivem um relacionamento, mais parecido com um “arranjo”, onde apesar do apego entre a vagina e o pênis, os cônjuges vivem como trilhos numa estrada de ferro: sempre juntos, mas nunca se tocando.

O psiquiatra Marc Holender defende o conceito de que algumas mulheres anseiam muito mais por serem abraçadas do que pelo ato sexual, podendo até trocar o sexo pelo aconchego e consequente sensação de segurança.

O contato corporal, segundo Holender, “normalmente causa a sensação de ser amado, de estar protegido e confortado, e a necessidade ou o desejo por ele pode ser afetada pela depressão, pela ansiedade e pela raiva. Certamente, é frequente ocorrer um período de atividade sexual frenética em momentos de necessidade emocional intensa”.

O simples contato entre peles pode ser tranquilizador. Talvez, as mulheres anseiem mais por tocar e estar com outra pessoa do que pelo alívio da tensão sexual. Para muitas delas, um simples abraço proporciona segurança, proteção, conforto e amor. Penso que muitos homens, além do seu problema de ego e de sua tendência a relacionar contato físico com sexo, simplesmente não sabem tocar. Não compreendem as técnicas do tocar e do aconchegar sua esposa. Acredito ser necessário que os homens aprendam o quanto é importante o tocar a mulher sem estar, necessariamente, pensando em praticar o ato sexual. Esse comportamento demonstraria maturidade.

O contato físico não deve ser um serviço, mas sim uma troca de emoções íntimas entre duas pessoas que se amam e se valorizam.Trata-se de uma forma de comunicação, não um serviço, nem uma técnica. Só o contato físico pode eliminar a distância entre duas pessoas, neutralizar a solidão da vida dentro da nossa própria pele e estabelecer um vínculo entre duas mentes, dois corações e dois corpos.

Pense nisso! E, que Deus o abençoe!

Josué Gonçalves É terapeuta familiar, escritor, pastor e apresentador do programa Família Debaixo da Graça, transmitido pela RedeTV!. Trabalha com o tema Família há 27 anos.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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