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Opinião Josué Gonçalves: A resposta da Igreja frente aos desafios para a família cristã

A família cristã tem a função de desenvolver as virtudes do homem em sua tríplice dimensão: cultural, espiritual e material

Josué Gonçalves - 17/02/2018 08h00

Prezados leitores do Pleno.News, como podemos definir família?

O escritor F. Bastos de Ávila, em seu livro Introdução à Sociologia, diz: “A família é o único fenômeno social, além do fenômeno religioso, que se encontra em todos os tempos e em todas as culturas”.

No plano de Deus a família é uma ordem da criação (Gênesis 1:26-31; 2:18-25). A família é uma economia sociocomportamental ideal. Não existe outra a que se possa comparar, ou seja, ela é a origem de tudo o que se possa pensar sobre relacionamento interpessoal. Para os judeus, a família sempre foi o agente integrador de grupo, o estabilizador emocional e o corretivo psicológico. Eis a razão porque, para eles, preservar a família, era preservar a pureza do seu povo, da sua nação.

A família é o lugar privilegiado em que se inicia a educação e o exercício da fraternidade e da solidariedade em suas múltiplas formas. Aquilo que se aprende na experiência familiar, permanece por toda a vida. Não existe outra oficina a qual se possa comparar à família, na modelagem do caráter do indivíduo.

Além dessa função, a família também serve como moderadora da ordem social. É nela que todos são chamados para servir. É nessa convivência que aprendemos que: “Quem não serve, não serve”. A família também é o centro de promoção e laboratório do desenvolvimento cultural, social e humano pela sua própria vocação.

Observe que tudo começa a partir da família. No caso da família cristã, sua função é desenvolver as virtudes do homem em sua tríplice dimensão: cultural, espiritual e material.

A família é o lugar da humanização do divino. Jesus como o verbo que se fez carne, não surgiu do mar mediterrâneo, ou apareceu como um extraterrestre no deserto da Judeia. Ele nasceu e cresceu dentro de uma família (Lucas 2).

A família também é um lugar teológico, onde Deus se revela e onde se revela Deus. Isto posto, fica claro porque desde sempre a família é um alvo estratégico de Satanás. Deus tem presa em nos despertar a buscar um avivamento que traga cura integral para a família.

De volta à Palavra, o manual
Assim como para saber o funcionamento correto do carro que compramos é necessário ler, estudar o manual, esse princípio não é diferente em relação a família. A Bíblia é como “o manual do fabricante”. A Palavra de Deus ensina o que devemos ou não fazer no relacionamento familiar.

A razão primeira pela qual muitas famílias não estão vivendo debaixo da bênção planejada por Deus desde a sua criação, é porque o “manual/Bíblia” não é levado a sério.

É impossível dar errado quando a família é orientada pelos princípios estabelecidos nas Escrituras Sagradas. Jesus afirmou isso quando disse: “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha” (Mateus 7:24,25).

Resgatando valores perdidos dentro de casa
A parábola que Jesus contou sobre a dracma perdida (Lucas 15:8-10) nos ensina algumas lições interessantes. Podemos afirmar que as 10 moedas, representavam valores. Eis a razão pela qual assim que a mulher perdeu uma, acendeu a candeia, varreu a casa e buscou encontrá-la diligentemente.

O que podemos aprender com essa parábola de Jesus?

  1. As perdas mais significativa são aquelas que acontecem dentro de casa, na família;
  2. Nunca considere normal perder. Valores perdidos significam o início do processo do empobrecimento moral de uma família;
  3. Ela levou a sério a perda de uma moeda. Quem encara com naturalidade perder “uma moeda/um valor”, logo estará sem nenhuma/sem nenhum, pois grandes perdas começam com pouco;
  4. Não espere que outro faça aquilo que você pode e deve fazer. A mulher da parábola foi proativa e o resultado na vida de quem age assim, é sempre positivo;
  5. Acender a luz nos fala da dependência do Espírito Santo. É o Espirito Santo que nos ajuda a recuperar os valores perdidos dentro de casa.

Cinco valores a serem recuperados na família:

1. Respeito
A palavra respeito tem muitos significados: apreço, consideração, acatamento, deferência, obediência, submissão, referência, relação, medo e temor.

Então surgem questões: Por que as pessoas ferem quem mais amam? Como seria a família se todos se respeitassem?

O apóstolo Paulo ao escrever suas epístolas sobre os deveres domésticos, disse: Mulheres – “…cada esposa deve respeitar o seu marido” (Efésios 5:33). Filhos – “Respeite o seu pai e a sua mãe.” (Efésios 6:2). Pais – “…não provoqueis vossos filhos à ira…” (Efésios 6:4). Pedro disse: Maridos – “…tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade…” (1 Pedro 3:7).

Lembre-se, respeito gera respeito!

2. Submissão
O homem nasce debaixo de autoridade que são seus pais; Deus criou a mulher debaixo do principio de autoridade (Gênesis 2:18). Deus estabeleceu o princípio de autoridade para que houvesse organização, proteção e administração efetiva. O pior tempo vivido por Israel, foi quando Josué morreu e a nação já não tinha uma liderança central forte. O último versículo de Juízes diz que cada um fazia o que achava melhor; eis a razão pela qual esse foi um tempo de escuridão moral e espiritual (Malaquias 4).

Ao escrever para os corintos, Paulo deixou bem claro como opera a cadeia de autoridade. “Deus é o cabeça de Cristo, Cristo a cabeção do homem e o homem a cabeça da mulher” (1 Coríntios 11:3). O cristão precisa entender que toda autoridade procede de Deus e aquele que se rebela contra a “autoridade” seja o pai, a mãe, o pastor, o líder, os governos etc, está se rebelando contra Deus (Romanos 13).

3. Lealdade
A palavra lealdade pode ser definida como qualidade de fiel. Constância, firmeza nas afeições, nos sentimentos; perseverança. Observância rigorosa da verdade; exatidão. Podemos incluir ainda franqueza, sinceridade, retidão e probidade. Todos esses valores que estamos estudando, têm a ver com caráter.

Uma das definições de família que dei logo no início foi: “A família é a oficina modeladora do caráter do indivíduo”. Os pais devem ser para os filhos um exemplo de lealdade. Pessoas leais protegem os ausentes, não aceitam difamação e resistem aos fofoqueiros.

4. Verdade
A base de qualquer relacionamento é a confiança. E confiança não se compra, se constrói. É impossível construir confiança com outro “material” que não seja a verdade. Foi por isso que Paulo, ao escrever aos Efésios, sobre unidade, disse: “…deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Efésios 4:25).

Quando a família não pratica o princípio da verdade, ela dá legalidade, deixa uma brecha para que o diabo tenha liberdade para levantar suas fortalezas. Quando a família trabalha só com a verdade, significa dizer que a casa está sendo levantada sobre a Rocha (Mateus 7:24-27), e isso fará toda a diferença em tempos difíceis.

5. Santidade
Em 2 Crônicas 7:14 está escrito: “ Se o meu povo que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar, me buscar e se converter dos seus maus caminhos, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (grifo meu).

A vontade de Deus é que a nossa casa seja “terra santa”, e isso só é possível quando há “conversão – arrependimento”.

O arrependimento envolve:

  1. Tristeza pelo pecado;
  2. Confissão do pecado e
  3. Abandono do pecado (Provérbios 28:13).

Se a família é o lugar onde Deus deve ser reverenciado e adorado, essa reverência e espírito de adoração deve gerar temor e santidade.

Por isso, nunca é demais repetir: a família é prioridade no coração de Deus. Quando a Igreja investe na família, consciente de que está investindo na base, na nascente do rio da civilização, na oficina modeladora de caráter, na célula máter da sociedade, no sonho de Deus, o resultado é cura, restauração, libertação e vida com qualidade em todas as áreas.

Chegou o tempo de a Igreja se mobilizar, orando e agindo de forma estratégica para alcançar as famílias que precisam de cura e libertação. Famílias saradas é igual a Igreja bem edificada.

Josué Gonçalves É terapeuta familiar, escritor, pastor e apresentador do programa Família Debaixo da Graça, transmitido pela RedeTV!. Trabalha com o tema Família há 27 anos.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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