Leia também:
X A tragédia precisa nos ensinar algo

Casamento implica em mudanças radicais – parte 2

A felicidade na vida a dois depende diretamente da rapidez e da forma de assimilação das mudanças que surgirão

Josué Gonçalves - 09/06/2018 08h00

Queridos amigos do Pleno.News, semana passada comecei a conversar com vocês sobre as mudanças radicais que o casamento traz. Hoje quero abordar mais algumas mudanças do nascimento dessa nova família.

O problema do casamento são as diferenças de expectativas: a mulher acha que o homem vai mudar após o casamento, enquanto o homem acha que a mulher não vai mudar após o casamento. (Anônimo)

Todos nós buscamos escrever uma história de amor isenta de divórcio, certo? Então precisamos estar atentos às mudanças que o casamento implica à nossa vida.

TERCEIRA MUDANÇA: O CASAMENTO IMPLICA DIVIDIR A VIDA COM A PESSOA AMADA
O nosso terceiro ponto é uma mudança da qual não gostamos, pois por natureza somos egoístas. Temos um pouquinho de narcisismo. Essa terceira mudança incomoda porque o casamento nos impõe dividir a nossa “vidazinha” particular e exclusiva com outra pessoa, e respeitar as suas diferenças. Temos que dividir a cama. Temos que dividir o quarto. Temos que dividir o banheiro. Temos que dividir o dinheiro. Temos que dividir a mesa. Temos que dividir o tempo.

O casamento implica dividir a vida com outro. Parece um paradoxo: eu deixo pai e mãe para unir-me à pessoa amada e, em seguida, devo dividir as coisas! Não deveria somar? Não, a união divide!

O casamento muda até mesmo a utilização dos pronomes. Casou? Agora não existe mais o pronome possessivo singular “meu”: é usado o coletivo “nosso”.
Já não cabe mais dizer “meu carro”; agora é “nosso carro”.
Já não cabe mais dizer “meu dinheiro”; agora é “nosso dinheiro”.
Já não cabe mais dizer “minha casa”; agora é a “nossa casa”.
Já não cabe mais dizer é o “teu filho”; agora é “nosso filho”.
São “nossas batalhas”, “nossas tristezas”, “nossas alegrias”.

Viu como muda?

Não resista a abrir-se para essa realidade sobre o pacto de casamento. A felicidade na vida a dois depende diretamente da rapidez e da forma de assimilação dessa mudança. Independentemente de quem será seu companheiro ou companheira, terá que aprender a dividir tudo.

Essa mudança está presente em todas as uniões e aqueles que encontram dificuldades para admiti-la retardam diversas outras bênçãos, alegrias e o próprio amadurecimento que ela proporciona.
Ajuste-se ao seu cônjuge o quanto antes e aprenda a dividir a carga, o dia a dia, os projetos. Sim! Pois não se divide apenas o que é ruim – as coisas boas estão inclusas e você terá com quem dividir as suas alegrias e vitórias também.

O casamento traz novos componentes: o dever e a responsabilidade. Casar é deixar a independência ou dependência e assumir a interdependência.

QUARTA MUDANÇA: DEVO VIVER PARA FAZER O OUTRO FELIZ
Das muitas mudanças promovidas pelo casamento, esta talvez seja a mais empolgante. O casamento é uma missão, e essa missão é viver para fazer o outro feliz.

Parte do seu projeto de vida, agora, é esforçar-se para que a felicidade seja uma realidade plena na vida de outra pessoa.

Isso tem implicações? Sim, implica renúncia da sua parte, implica abrir mão, ceder. E como você pode notar, relaciona-se com as mudanças anteriores. Perceba que é uma cadeia de acontecimentos, de modo que queimar ou pular etapas pode comprometer todo o projeto.

Siga, portanto, as mudanças e as mudanças farão com que os bons resultados sigam você e seu lar.

Vejamos na Bíblia uma base para esta afirmação. Leia o que está em Deuteronômio 24:6: “O homem recém-casado não sairá à guerra. Por um ano ficará livre em sua casa, promovendo felicidade a mulher que tomou”.

Memorize isso: “Casar é abraçar a missão de fazer o outro feliz”.

O amor real tem essa característica de que poucas pessoas se dão conta: à medida que cuidamos em fazer o próximo feliz, nós é que somos recompensados. Quando estou empenhado em tornar feliz a vida da pessoa amada, esse amor semeado é colhido também por mim.

Quem não vive para fazer o cônjuge feliz, nunca será feliz.

Se você não viver para fazer seu marido feliz ou sua esposa feliz, você nunca saberá o que é felicidade. Isso porque parte do projeto matrimonial previsto por Deus para você não está sendo considerado nem buscado e, consequentemente, não está sendo realizado. Deus quer casais e famílias felizes e por isso incumbiu-nos de cuidar da felicidade uns dos outros.

Veja como Paulo explica isso: “O homem que não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, em como agradar ao Senhor. Mas o homem casado preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar sua mulher […] Tanto a mulher não casada como a virgem preocupam-se com as coisas do Senhor, para serem santas no corpo e no espírito. Mas a casada preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar seu marido. Estou dizendo isso para o próprio bem de vocês […]” (1 Coríntios 7:32-35).

Se um irmão disser para mim: “Eu sou feliz” – mas deixou a esposa chorando, com o coração ressentido por causa da sua indiferença – essa felicidade não é segundo Deus. Devo presumir que tal felicidade é segundo o diabo, pois só é possível ser feliz de fato quando se faz o outro feliz.

Viver a vida é viver para fazer o outro feliz.

QUINTA MUDANÇA: SAIR DA INDEPENDÊNCIA PARA A INTERDEPENDÊNCIA
Quando toco neste ponto vem à minha mente uma chave para entendê-lo em poucas palavras: prestação de contas.

Este é outro ponto no qual tenho insistindo, do mesmo modo como venho “promovendo” a sogra (assunto que abordei no texto da semana passada). E faço questão de insistir, pois a repetição gera o hábito e ajuda a fixar aquilo que não está bem fixado em nossa mente e em nosso coração.

Prestar contas é levantar um muro de proteção em torno do coração, da mente, da vida.

O casamento em que não se cultiva o hábito de prestar contas fica vulnerável. E essa vulnerabilidade ocorre diante daquele que é o nosso principal adversário: o diabo.

O marido deve prestar contas à esposa. A esposa deve prestar contas ao marido. O casamento implica prestação de contas e penso que todo aquele que se dispõe a unir-se em casamento precisa, irremediavelmente, refletir sobre essa questão, pois ela é fundamental na consolidação de uma união do tipo “uma só carne”.

Ignorar a interdependência é a mesma coisa que não se unir em uma só carne com seu cônjuge e ataca frontalmente o princípio divino para o casamento.

Decorre daí que não é possível esperar bons frutos, nem longevidade, nem felicidade, nem bênçãos, pois o Senhor não abençoa nem faz prosperar uma união na qual não há união! Pode soar estranha essa última afirmação, mas a falta de interdependência é o diagnóstico da ausência de união e unidade.

Casais que não praticam a interdependência não se uniram ainda. Em outras palavras, ainda não desfrutam o que chamamos de casamento. Podem ter feito uma bela cerimônia, podem ter gasto dinheiro com uma festa requintada, podem ter feito a viagem dos sonhos, podem ter gasto uma fortuna na montagem e decoração de uma casa ou apartamento, mas não uniram o principal: a sua alma, a sua devoção pela pessoa amada. Eles não se deram por inteiro, pois ainda guardam reservas particulares, escondem nos recônditos do seu coração suas fantasias, nutrem um desejo pelo privado e todas essas coisas são nocivas à saúde de um lar.

Essas são algumas das mudanças pontuais que devem ocorrer em um pacto, mudanças que preparam o ambiente no lar para a composição de uma boa história de amor que valha a pena ser contada aos quatro cantos.

Que Deus os abençoe!

Josué Gonçalves é terapeuta familiar, escritor, pastor e apresentador do programa Família Debaixo da Graça, transmitido pela RedeTV!. Trabalha com o tema Família há 27 anos.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
Siga-nos nas nossas redes!
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.