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Casamento implica em mudanças radicais – parte 1

Muitas transformações se passam na vida daqueles que começam um novo lar. Você está pronto para viver essas mudanças?

Josué Gonçalves - 02/06/2018 08h00

Queridos amigos do Pleno.News, quero começar hoje mais um assunto, muito importante com vocês. Quero falar sobre as mudanças radicais que o casamento traz à vida… e como é necessário se adaptar a elas. Vamos conversar um pouco?

O problema do casamento são as diferenças de expectativas: a mulher acha que o homem vai mudar após o casamento, enquanto o homem acha que a mulher não vai mudar após o casamento. (Anônimo)

Estamos trabalhando duro para escrever uma história à prova de divórcio. É o objetivo de todos nós. Para isso, é preciso compreender as dinâmicas que envolvem a união entre um homem e uma mulher. A vida a dois é diferente da vida de solteiro.

Quem demora a compreender isto, demora a fazer os ajustes necessários e enfrenta problemas que poderiam ser facilmente evitados.

As mudanças radicais movidas pelo casamento exigem humildade e serenidade para que o período de transição seja frutífero e prazeroso. Quem não está disposto a se submeter de modo suficientemente humilde para aceitar essas mudanças não deve se arriscar a um casamento.

De maneira ampla, quero listar e tecer breves comentários sobre quais são as principais mudanças que todo casal deve enfrentar.

PRIMEIRA MUDANÇA: DEIXAR O ÚTERO DO LAR DOS PAIS PARA NASCER COMO MARIDO E ESPOSA EM UM NOVO LAR
Toda separação, seja qual for sua natureza, implica dor. A separação envolve o rompimento de laços afetivos intensos, confortos e carinhos agradáveis, a perda da proteção e a consequente superexposição repentina. Estou sendo econômico nas implicações, mas isso tudo está implícito no processo de constituição de um novo lar.

O “deixar” o útero do lar dos pais exige paciência, compreensão, uma disposição vigorosa. Do contrário, será um parto abortivo: a pessoa nem deixa a casa dos pais nem nasce como marido ou esposa no outro lar. “Deixar” implica, portanto, dor − tanto para quem sai, como para os que ficam. No entanto, é necessário haver essa mudança.

E aqui eu invoco, novamente, as palavras de Jesus que sustentam a minha afirmação sobre essa primeira mudança: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne” (Mateus 19:5).

Esse “deixar o útero do lar” é traumático, repito, pois uma vez que o novo pacto é indissolúvel aos olhos de Deus, não devemos esperar retorno. Aliás, a bem da verdade, é uma grande distorção da realidade imaginar que, casando-se, alguém perderá a família de origem. Não estou me contradizendo. Explico:

Há moças e rapazes que temem não poderem mais usufruir as regalias da casa dos pais. No entanto, é preciso separar bem as coisas. Quando nos casamos, nossos pais não se tornam nossos inimigos. Nossos principais laços relacionais estavam tecidos com a casa paterna, porém, uma vez casados, fazemos um novo nó.

Quando falo nesses laços principais, penso naquilo que diz respeito à responsabilidade, maturidade e inclinação do novo casal. Eles não devem contar com a intromissão dos pais na solução dos seus problemas: rompem com a família no sentido de que, de agora em diante, é nova vida, novo lar. No entanto, o carinho, o afeto, a atenção de seus pais estarão sempre à disposição. Apenas peço atenção para que saibam separar as coisas.

Para ter um exemplo de como isso é verdadeiro, veja as mães já maduras. Quando suas filhas se casam, elas dizem que “ganharam um novo filho”, ou as mães dos rapazes costumam dizer que “ganharam uma nova filha”.

Por quê? Porque elas sabem que a responsabilidade, a maturidade frente aos problemas, o planejamento e tudo o mais agora depende do novo casal, mas nem por isso elas deixam de ser mães!

Um conselho, portanto, para os novos casais: saibam separar as coisas sem separar as pessoas.

SEGUNDA MUDANÇA: ASSUMIR A FAMÍLIA DO OUTRO COMO PARTE DA NOVA HISTÓRIA QUE ESCREVERÃO
Penso que todo marido deveria dizer para a futura esposa algo assim: “A tua família será a minha família. Os teus irmãos serão os meus irmãos. Os teus pais serão os meus pais”.

Essa frase eu parafraseei da resposta de Rute para Noemi (Rute 1:16). Penso que não pode ser diferente na nossa experiência. O casamento necessariamente aproxima duas famílias inteiras, com tudo o que elas têm a acrescentar (quer coisas boas, quer coisas ruins!). Casou? Leve o pacote todo.

E por que eu penso assim? Porque não existe “ex-mãe”, não existe “ex-pai”, não existe “ex-irmão”. Uma vez pai, mãe ou irmão, para sempre pai, mãe ou irmão. Como disse na PRIMEIRA MUDANÇA, separamos as coisas, as responsabilidades, os deveres e obrigações, mas não podemos “desfiliar” uma moça de suas origens nem podemos “desfiliar” um rapaz de seus familiares.

Por isso digo que “Casou? Leva o cunhado, leva a cunhada, leva a sogra, leva o sogro”.

Por mais que se saiba (e deva) separar determinados aspectos, como estou insistindo, sempre haverá o relacionamento familiar presente. Não podemos ser indiferentes às demandas do nosso cônjuge.

Imagine se a sua sogra adoecer e o seu cônjuge, naturalmente, entristecer-se e preocupar-se. Não faz sentido você tomar atitudes que demonstrem total falta de sensibilidade. É preciso ocupar-se do caso, oferecer ajuda, dispor-se a participar.

Tenho defendido a sogra e elaborei uma frase para ilustrar isso. Tome nota e reflita sobre ela: “Quem não sabe honrar a sogra cospe no útero que gerou o amor da sua vida”.

Dizer para o nosso cônjuge que nós o amamos, mas não queremos os pais dele ou dela por perto, é uma estupidez sem tamanho. Se a minha esposa disser para mim “Meu bem, eu te amo. Mas não suporto sua mãe e não a quero por perto; se ela morrer, não fará falta”, devo imaginar que ela não me ama, porque quem ama, trata com dignidade e respeito as pessoas que são importantes para a pessoa amada.

Deixo uma reflexão para você: um dia você será sogro ou sogra. E como a lei bíblica da semeadura não falha, o que você plantar hoje será colhido por você amanhã.

Fica, então, a dica: ame os parentes do grande amor da sua vida e escreva uma verdadeira história de amor!

Que Deus os abençoe!

Josué Gonçalves é terapeuta familiar, escritor, pastor e apresentador do programa Família Debaixo da Graça, transmitido pela RedeTV!. Trabalha com o tema Família há 27 anos.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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