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A TV pode deformar em vez de transformar. Imponha limites!

Quanto tempo damos ouvidos aos sábios na Bíblia e quanto tempo precioso perdemos, ouvindo os tolos na televisão?

Josué Gonçalves - 10/11/2018 08h09

Querido amigo leitor do Pleno.News, quero continuar abordando o tema criação de filhos. E hoje, quero falar sobre a televisão e o papel dela em nossa casa. Seu uso é algo para pensarmos.

“A TV pode ser a causa do fracasso de uma vida. E isso depende de como a usamos”.

Todo excesso é prejudicial, e a TV não pode ser a “babá eletrônica” dos nossos filhos. A Bíblia diz que ainda que seja o mel (um alimento tão nutritivo), se comermos demais, ele nos fará mal (Provérbios 25:27). Esse princípio também se aplica ao uso equilibrado da TV.

Uma pergunta interessante foi feita para os americanos sobre o hábito de assistir televisão. A pergunta era: Se alguém lhe oferecesse um milhão de dólares para você deixar de assistir TV pelo resto da sua vida, você aceitaria? O resultado foi surpreendente: um em cada quatro entrevistados disse que não, tal o fascínio que a TV exerce sobre as crianças, os jovens e os adultos.

O professor de sexologia, Márcio Ruiz Schiavo, fez uma pesquisa a partir de 441 questionários coletados na cidade do Rio de Janeiro sobre a importância da programação adulta nos hábitos televisivos infantis e chegou à seguinte conclusão:

  • Mais de 72% das crianças entrevistadas passam mais de 3 horas diárias na frente da TV;
  • 87,1% dos pais assistem TV regularmente com os filhos;
  • 81,9% dos pais conversam frequentemente com seus filhos a respeito dos programas que eles assistem;
  • 65,8% dos pais conversam com frequência com seus filhos sobre os programas que eles assistem quando o tema é sexualidade;
  • 26,7% dos pais fazem restrições ou proíbem de maneira constante que seus filhos assistam a algum programa.

O tempo que a maioria das famílias dedica à TV é surpreendente. Um estudo recente feito no mundo inteiro mostrou que, em média, as pessoas gastam um pouco mais de três horas por dia vendo televisão. Os norte-americanos gastam quatro horas e meia; e os japoneses, um pouco mais, cinco horas por dia.

Vamos fazer uma conta básica? Se uma pessoa gastar quatro horas por dia vendo TV, quando ela chegar aos sessenta anos terá gasto dez anos na frente da TV. O que você acha de uma pessoa que gastou um sexto da sua vida assistindo televisão? Ela investiu ou desperdiçou o seu tempo?

Sete motivos para que os nossos filhos não assistam TV em excesso:

  1. Interfere negativamente na educação e no desenvolvimento das crianças. Infelizmente, a maioria dos programas está fundamentado em falsos valores e voltados apenas para satisfazer aos apelos primários da audiência, independentemente se isso vai promover tudo aquilo que é nocivo aos nossos filhos.
  2. Prejudica o relacionamento com os pais. Quanto mais os filhos assistem televisão, menos tempo eles passam com os pais. Eis a razão pela qual em muitas famílias a distância entre pais e filhos é preocupante. A TV, com os seus programas apelativos, vai cavando uma “vala” que separa cada vez mais os pais dos filhos.
  3. Compromete a formação do caráter. Nós somos o resultado daquilo que pensamos, vemos e ouvimos. A influência que os programas de TV exercem tem o poder de moldar a forma de pensar e de agir das pessoas. O professor Márcio Shiavo diz que “as crianças que estão mais expostas à TV tendem a reproduzir atividades e práticas presentes na programação assistida, principalmente quando a personagem é uma criança ou a situação vivenciada aproxima-se de suas próprias experiências de vida. Cenas eróticas, relações de gênero ou situações de violência são muito prevalecentes nos programas assistidos pelo público infantojuvenil. Uma das consequências mais visíveis é a aceleração de algumas vivências, sem que tenha havido um amadurecimento para tal. Por exemplo: é comum crianças ou adolescentes ‘ficarem’ imitando um comportamento visto na tela”. O apresentador britânico David Frost disse: “A TV é uma invenção que permite que você se divirta na sua sala com pessoas que não convidaria para entrar na sua casa”.
  4. Interfere no processo de socialização. A vida é feita de relacionamentos e o excesso de TV pode levar a criança, o adolescente e o jovem ao isolamento. Isso porque o seu mundo deixa de ser o real e passa a ser o virtual. Quando um adolescente se torna escravo da TV – um viciado nas programações – ele abre mão da convivência social com os pais, com os irmãos e com os amigos. Isso acaba por destruí-lo psicológica, espiritual e fisicamente falando.
  5. Leva à perda da sensibilidade. Quando uma pessoa fica durante muito tempo exposta a cenas de violência, sua alma vai aos poucos sendo anestesiada e o seu “coração vai se petrificando”. Essa é uma das razões pelas quais vivemos em uma sociedade onde a maioria das pessoas não se importa mais com a dor do próximo.
  6. É uma das causas da obesidade. Pesquisas mostram que há uma ligação entre obesidade e excesso de horas em frente à televisão. No entanto, não podemos generalizar dizendo que todas as pessoas obesas passam muito tempo sentadas assistindo TV. Contudo, é inegável que almoçar ou jantar e depois passar horas diante da TV todos os dias contribui significativamente para que a pessoa se torne obesa.
  7. Estimula o desejo sexual precocemente. Quase todos os programas de TV têm um apelo sexual explícito ou implícito. Seja nos de auditório, nas telenovelas, nos comerciais, nos programas de humor ou de entrevistas. Isso faz com que os nossos filhos sejam bombardeados com mensagens que provocam, despertam ou aguçam o desejo sexual. As crianças são atingidas, os adolescentes são estimulados, os jovens são ensinados a praticar hoje o que deveria ser preservado para o tempo da maturidade no contexto seguro do casamento.

O que é necessário para que os pais assumam o controle?

  1. Calcule quando tempo você gasta com a TV e seja o exemplo para os filhos. A Bíblia diz: “…o argucioso considera os seus passos” (Provérbios 15:15). Não pode haver incoerência entre o que você ensina e as suas ações. Aquilo que não serve para os seus filhos não deve servir para você.
  2. Calcule quanto tempo sua família gasta com a TV. O escritor Stephen R. Covey, em seu livro Os Sete Hábitos das Pessoas muito Eficazes, diz que “diante desse desafio para a família, em relação ao tempo que se passa na frente da TV, resolveram reduzir esse tempo para sete horas por semana. Isso significa que a família tinha uma hora por dia para assistir TV”. Achei essa uma sugestão muito interessante. A família que praticar essa disciplina com certeza estará ganhando, e muito.
  3. Talvez você esteja pensando: “Uma hora por semana é muito pouco, mais do que isso é o tempo de duração de uma partida de futebol”. Tente passar um dia por semana sem assistir TV e uma semana por mês. Essa disciplina já fará toda a diferença. Uma maneira de reduzir o tempo gasto com a TV é retirá-la do quarto das crianças e do casal. Isso pode ajudar nos limites impostos. As crianças que têm TV no quarto assistem uma hora e meia a mais por dia do que aquelas que não têm, aponta uma pesquisa.
  4. Programe o que a família vai assistir. É claro que há programas bons para serem assistidos. Seria interessante se os pais verificassem, antecipadamente, qual é a programação do dia, selecionando aquelas que os filhos desejam ver e quais seriam mais educativas e agradáveis para todos.
  5. Seja criterioso com relação ao que pode e ao que não pode ser assistido pelas crianças. Os limites só funcionam quando os pais são firmes na aplicação da disciplina, ou seja, quando as regras impostas não são quebradas ou desrespeitadas.
  6. Reflita com os seus filhos sobre as advertências da Palavra de Deus quanto ao que deveríamos assistir na TV. “Não se enganem: ‘As más companhias estragam os bons costumes’” (1 Coríntios 15:33). “Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado!” (Salmo 1:1). Você já observou como em algumas novelas e filmes o “sagrado” é ridicularizado? “Pelo contrário, o prazer deles está na lei do SENHOR, e nessa lei eles meditam dia e noite” (Salmo 1:2). “Essas pessoas são como árvores que crescem na beira de um riacho; elas dão frutas no tempo certo, e as suas folhas não murcham. Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo” (Salmo 1:3). “Por último, meus irmãos, encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente” (Filipenses 4:8). “Não porei coisa má diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim” (Salmo 101:3). “Ai dos que chamam de mau aquilo que é bom e os que chamam de bom aquilo que é mau; que fazem a luz virar escuridão e a escuridão virar luz; que fazem o amargo ficar doce e o que é doce ficar amargo!” (Isaías 5:20). “Quem anda com os sábios será sábio, mas quem anda com os tolos acabará mal” (Provérbios 13:20).
  7. Nunca aceite que seus filhos façam refeições na sala com o prato nas mãos, assistindo televisão. Em nossa casa não permitimos que os nossos filhos almocem ou jantem com o prato nas mãos diante da TV. A mesa deve ser um “lugar sagrado” para a família, pois é um momento de encontro, de diálogo, de comunhão, de compartilhar sobre a vida, sobre os momentos marcantes para cada membro da família.

Então vamos pensar: Quanto tempo damos ouvidos aos sábios na Bíblia e quanto tempo precioso perdemos, ouvindo os tolos na televisão?

Quando os pais levam a sério o uso da TV e sua influência sobre a vida dos filhos, procurando, assim, impor limites, a qualidade de vida familiar cresce e o ambiente se tornará menos tóxico e mais nutridor.

Josué Gonçalves é terapeuta familiar, escritor, pastor e apresentador do programa Família Debaixo da Graça, transmitido pela RedeTV!. Trabalha com o tema Família há 27 anos. Seu trabalho pode ser conhecido no site Amo Família.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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