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Orar por candidatos a cargos políticos 

A Igreja ora por quem quer um cargo político, cobra ações de quem é eleito e denuncia o erro dos que usam de suas posições para o mal da sociedade

Josué Valandro Jr. - 24/08/2018 09h57

“Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador” (I Timóteo 2:1-3).

Falar de política gera muitos ressentimentos. Eu entendo plenamente. Afinal de contas, não acreditamos em 90% dos políticos devido a tantos escândalos de corrupção e prevaricação. Além é claro, do viés ideológico antifamília, anti-igreja, antissexualidade nos padrões bíblicos, e tantas outras oposições aos bons costumes e à ética, que a política tem apoiado nos últimos tempos.

Mas nosso manual é a Bíblia. O que a Bíblia diz? O texto de I Timóteo 2:1-3 é claro ao afirmar que precisamos orar pelos governantes. A Bíblia não define se será num evento, em casa, na rua. Diz apenas para orar.

Se uma pessoa acha que não deve orar por eles na igreja, mesmo que sem pedir voto, e apenas orando, é preciso respeitar essa opinião. Mas outro vai trazer todos os candidatos que a igreja conheça a uma reunião para orar por eles, sem pedir votos e sem dizer que este ou aquele é o candidato oficial da igreja. Temos que respeitar. Mais complicado fica quando se define que só se ora pelo candidato A ou B. Isto pode estar ignorando que o caráter profético da Igreja não se restringe a uma intenção de apoio a alguém.

Cada membro da igreja tem live-arbítrio, livre reflexão e seu dever individual de cidadania e voto. A Igreja ora por quem quer um cargo político, cobra ações de quem é eleito e denuncia o erro dos que usam de suas posições para o mal da sociedade. A Igreja é canal profético para a política.

Os profetas do Antigo Testamento denunciavam os desmandos dos reis. João Batista perdeu a cabeça nas mãos de um carrasco por expor até mesmo a imoralidade de um governante. A Igreja não é agência política. Não é palanque político. Mas é intercessora e aferidora da obra política, como representante de Deus na terra.

A Igreja deve orar até por governantes que nada tenham a ver com sua fé. São muitos os momentos em que Deus usa autoridades NÃO comprometidas com Ele para abençoar o povo de Deus. Por exemplo, faraó deu uma oportunidade a José que mudou a história do povo de Israel. Nenhum compromisso com Deus o faraó tinha. Mas foi instrumento de Deus.

Sempre oro por candidatos sem expressar que um ou outro é candidato oficial da igreja. Nunca pedi nada em troca para orar por ninguém e já orei por pessoas que eu não concordava com muitas de suas opiniões. Nunca pedi voto para candidato algum na igreja mas já orei e cobrei atitudes de muitos.

Quando orei por um candidato a presidente em minha igreja, recentemente, muitos estranharam por parecer que fiz isso pela primeira vez. É comum em nossa igreja orar por quem quer governar ou legislar. Nada cobramos pra isso e nada pedimos por isso. Só oramos e exigimos caso eleito que seja fiel à decência e ao trabalho pelo povo.

SOBRE MINHA ORAÇÃO POR UM CANDIDATO À PRESIDÊNCIA
Em primeiro lugar quero deixar claro que não chamei um candidato para discursar. Nunca faria isso. Chamei à frente um candidato para orar pela vida dele. Sempre orei por pessoas que se candidatam, independentemente de partido ou ideologia. Se acreditam na oração, oramos por eles, pedindo que a vontade de Deus seja feita em suas vidas. Não temos, e nunca tivemos candidatos oficiais da igreja para qualquer cargo político. Não entendemos que nossa igreja deva fazer isso. Basta olhar nossa história.

Chamei à frente um candidato a presidente cuja mulher é membro da nossa igreja e ele é católico. Não é fácil para a família ver tantas acusações a quem amam. Há sofrimento demais para a família. Como pastor, decidi orar por ele pedindo que a vontade de Deus seja feita na vida dele e que tenha paz ao longo da campanha. Deixei claro que, na igreja, cada um vota em quem quer, que não há voto de cabresto, e que oramos por todos. Assim é a democracia.

O candidato Jair Bolsonaro recebeu uma oração intercessória em igreja Foto: Reprodução Instagram

Ao fim da oração sem ele falar nada, e já saindo do púlpito em lágrimas, o deixei agradecer em 30 segundos a oração, e ele o fez sem citar qualquer candidato e sem pedir voto. Eu não pedi voto, não distribuí material de campanha, não disse que ele era meu candidato, não citei seu número de legenda, e ainda declarei que outros candidatos a presidente podem vir à igreja que serão recebidos da mesma forma.

E mais, não divulguei qualquer vídeo ou foto do ocorrido em minhas redes sociais. Não há campanha eleitoral alguma, somente oração por um cidadão que exerce seu direito de concorrer a um cargo público e por sua família.

Agradeço a sua atenção e se você discorda do que expus, eu o respeito e peço que me perdoe por ofender o amado. Mas, não acredito que um ato meu, que você discorde, é suficiente para que eu o julgue assim e assado ou você me defina. Não somos um ato, mas uma história. A forma que reajo ao diferente pode definir nossa história. A campanha passa. O caráter e as amizades ficam. A forma que trato irmãos também fica diante das pessoas, e diante do Pai desses filhos imperfeitos. Às vezes, não criticamos por Teologia ou Eclesiologia, mas por sentimentos não tão bons do nosso coração.

Em Cristo somos um, independentemente de nossas opiniões tão pequeninas, já que somos tão carentes do Senhor.

Um beijo a todos,

Josué Valandro Jr. É o pastor presidente da Igreja Batista Atitude da Barra da Tijuca, no Rio. Se graduou em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e informática pela PUC-RJ. Pós-Graduado em gestão estratégica de recursos humanos pela UNILESTE-MG, e mestrando em teologia pelo Southeastern Baptist Theological Seminary, na Carolina do Norte (USA). Casado com Bianca, Valandro é pai do Lucas e do Gabriel.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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