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Depois de atacar Sérgio Moro e a Lava Jato, tabloide faz ‘carinho’ em ministros do STF

O objetivo é acalmar os ânimos nos bastidores do Supremo Tribunal Federal

Helder Caldeira - 30/07/2019 10h55

Em ação preventiva, uma nota plantada por notória colunista da Folha de S.Paulo tenta reduzir os danos ao tabloide digital que tentou macular o trabalho, a honra e a dignidade de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e da força-tarefa da Operação Lava Jato. De acordo com o texto, o site “desmente rumores de que tem seus arquivos diálogos de magistrados do STF”.

O objetivo é acalmar os ânimos nos bastidores do Supremo Tribunal Federal, fazendo um “carinho” em seus ministros, que no início de agosto irão retomar o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula.

Por maiores que sejam as divergências entre os membros da Corte, sabe-se que a expressiva maioria reagiu mal à possibilidade de seus celulares terem sido invadidos pelos hackers e à confirmação de que magistrados de outros tribunais tiveram conversas privadas roubadas pela trupe de Araraquara.

Em situações assim, há uma espécie de solidariedade corporativa — também preventiva — que supera as divergências interna corporis. Fomentar a indústria de crimes cibernéticos é uma faca de dois gumes. Como ainda não se sabe oficialmente a extensão dos ataques e quem teve sua privacidade invadida pelos criminosos, prevalece a velha história do passarinho que come pedra: hoje é ele quem está na boca do sapo, mas amanhã pode ser qualquer um de nós.

Além disso, agora é a Polícia Federal quem está com todo conteúdo roubado pelos hackers. Se ministros do STF, do STJ e de outros tribunais foram realmente hackeados, a privacidade de cada um deles repousa nos arquivos da investigação. Onde isso vai parar? Na ausência de resposta, a união faz a força.

Plantar nota na imprensa assegurando que não teve acesso aos diálogos de ministros do Supremo é um recado neste momento de dúvidas. O problema é: quem acreditará em “carinho” que entra pela janela quando a ética já saiu pela porta?

P.S.: Um ponto é indiscutível no “Putz Verdevaldogate”: no Brasil do século XXI, jornalistas fazem “freela” como juristas e peritos criminais, analisando ritos processuais complexos e atestando a autenticidade e veracidade de documentos roubados. Não está fácil para ninguém!

Helder Caldeira é escritor, colunista político e palestrante. Há duas décadas atua e escreve sobre a Política brasileira. É autor dos livros ‘Águas Turvas’, ‘Bravatas, gravatas e mamatas’, ‘Pareidolia política’, entre outros. Contato: eventos@heldercaldeira.com.br
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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