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DEM e MDB atuam como oposição e estão enfraquecendo Governo Bolsonaro

O placar desta quarta-feira terá o poder de enfraquecer ainda mais o Poder Executivo

Helder Caldeira - 21/05/2019 16h09

Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A terça-feira (21) foi marcada por mais uma reunião de caciques na residência oficial da Presidência da Câmara dos Deputados. Aos veículos de comunicação, as assessorias informaram tratar-se de uma tentativa de pacificação entre Executivo e Legislativo para colocar em votação, já na quarta-feira (22), a Medida Provisória 870, que reestruturou a Esplanada dos Ministérios.

À mesa do almoço estavam o anfitrião, Rodrigo Maia (DEM/RJ), o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM/RS), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM/AP), e o líder do governo, senador Fernando Bezerra (MDB/PE). Noutras palavras, foi um rega-bofe exclusivo para DEM e MDB, ou seja, o crème de la crème da velha política. Não por acaso, houve “acerto”.

Ficou apalavrado que não mais interessa aos partidos políticos a recriação de dois Ministérios: o das Cidades e o da Integração Nacional. Mesmo sendo medida aprovada pela Comissão Especial Mista instalada no Congresso Nacional, o assunto “morrerá” e não será levado ao plenário. Entretanto, mantiveram-se inarredáveis quanto a tirar o COAF das mãos do ministro Sérgio Moro, a transferência da demarcação de terras indígenas do Ministério da Agricultura para a FUNAI e a tesourada nos poderes dos auditores fiscais da Receita Federal. A justificativa é que tais medidas foram aprovadas pela Comissão Especial Mista.

Convenhamos, contrassenso maior não há. Quer dizer que há poder discricionário para retirar de pauta a recriação de Ministérios, mas não há o mesmo poder para as demais medidas, sendo que todas foram aprovadas pela mesma Comissão? Conversa fiada. Fiadíssima!

Resta claro que DEM e MDB estão atuando como uma espécie de oposição velada no alto do muro. Foi para isso que nasceram e se criaram ao longo do tempo. São pêndulos de poder. Se o governo der certo, dirão que o apoiaram desde o berço; se der errado, vão dizer que sempre fizeram a chamada “oposição construtiva”. E tudo não passa de uma prosaica demonstração de poder.

A votação desta quarta-feira tem um único objetivo: entregar ao presidente Jair Bolsonaro a realidade de sua base no Congresso Nacional, neste momento absolutamente insuficiente para aprovar as reformas necessárias para tirar o Brasil da lama. Dos 594 parlamentares, entre deputados e senadores, os números do governo contabilizam algo entre 180 e 190 apoiadores. O placar terá o poder de enfraquecer ainda mais o Poder Executivo.

DEM e MDB, representando as oligarquias políticas que dominam Câmara e Senado, vão fritar Sérgio Moro para tentar chamuscar as melenas arredias de Paulo Guedes e aguardar que Bolsonaro acene com a possibilidade de “negociação”, vulgo “toma-lá-dá-cá”. Colocar o galinheiro aos cuidados de velhas raposas é um filme que já vimos antes muitas vezes e não vale a pena ver de novo.

Helder Caldeira é escritor, colunista político e palestrante. Há duas décadas atua e escreve sobre a Política brasileira. É autor dos livros ‘Águas Turvas’, ‘Bravatas, gravatas e mamatas’, ‘Pareidolia política’, entre outros. Contato: eventos@heldercaldeira.com.br
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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