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Competitividade, o desafio Brasil

Fábio Guimarães - 25/06/2017 16h42

No que diz respeito à competitividade, o Brasil amarga a 61ª posição entre 63 países pesquisados, em 2017. Esse índice global é um estudo abrangente do mercado mundial, realizado pelo International Institute for Manegment Development ― IMD, de Lausanne, Suíça. O resultado reflete análises estatísticas de dados nacionais e internacionais, além de pesquisas primárias com milhares de executivos ao redor do mundo.

No topo dessa lista de países competitivos, encontramos Honk Kong, Suíça, Singapura e EUA. O Brasil despencou 23 posições nos últimos 7 anos. Em 2010 ocupávamos a modesta 38ª posição, e hoje a péssima 61ª. Isso reflete não só a piora nas condições internas brasileiras, relacionadas aos fatores de competitividade e produtividade, como também a relativa melhoria de outros países.

A economia é uma atividade dinâmica. Com o avanço tecnológico, os progressos são ainda mais rápidos, e o Brasil está ficando para trás.

As causas da baixa competitividade brasileira são muitas, mas podemos destacar alguns fatores importantes.

Educação: O Brasil precisa avançar na educação formal e profissional de seus trabalhadores, tanto no aspecto quantitativo quanto no qualitativo. No caso da educação formal, precisamos aumentar o número de anos estudados, bem como a qualidade do ensino. O mesmo vale para a qualificação profissional, que deve ser sempre orientada ao mercado, valendo-se das novas tecnologias e de constante reciclagem.

Infraestrutura: Na pesquisa do IMD, estamos em último lugar na análise sobre infraestrutura básica rodoviária e logística, o que reflete a nossa precariedade no fornecimento de insumos, no trânsito de trabalhadores e no escoamento das mercadorias. O chamado “custo brasil” é diretamente determinado por essa deficiência na infraestrutura rodoviária e logística, somada aos gargalos na área de energia e comunicação.

Tecnologia: O Brasil não estimula a inovação. Somos um dos países que menos investem em desenvolvimento tecnológico. Como consequência, também somos um dos países que menos pedem registro de patentes no mundo. Precisamos de incentivo governamental para investimento em tecnologia, inclusive com financiamentos atrativos.

Burocracia: O Brasil é um país caro e burocrático. Temos muitos impostos em todas as esferas de governo, cada um com suas especificidades de cobrança e emissão de informações para órgãos estatísticos e de controle. A “atividade meio” no Brasil consome muito dos trabalhadores, seja na iniciativa privada, seja na esfera público. Chegamos ao extremo em que empresas e/ou órgãos públicos contratam mais profissionais para gerenciar a “área meio” de suas missões do que propriamente as atividades fins, razão de ser da empresa ou do órgão de governo.

As ações do governo têm papel decisivo para tornar o Brasil um país mais produtivo e competitivo. Precisamos de pensamento estratégico nas ações de desenvolvimento econômico, com visão nacional, porém sempre respeitando as características e vocações regionais.

Dentro deste modelo baseado em um pensamento estratégico nacional não cabe ao governo ações isoladas de protecionismo, subsídios e sobretaxa em determinadas importações. O governo precisa eliminar os gargalos históricos e auxiliar no aumento da produtividade.

Muitas ações podem ser facilmente listadas para alcançar esse objetivo:

1) Melhoria na qualidade do ensino formal e da qualificação técnica;

2) Incentivo à produtividade econômica, promovendo ações estruturais (como combate ao aumento de preços), estimulando a participação no comércio exterior;

3) Adequação da infraestrutura, principalmente no que tange aos processos de logística, energia e comunicação;

4) Desburocratização pública, diminuição da carga tributária e da taxa de juros reais; e

5) Promoção de linhas de financiamento específicas, subsidiadas para fomento à ciência e ao desenvolvimento tecnológico.

Essa lista vai longe, e será um desafio colocá-la em prática. Mas vamos em frente! O Brasil não pode parar. Se queremos ser competitivos amanhã, precisamos investir hoje.

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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