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Coluna Elaine Cruz: Amar e gostar

Infelizmente, estamos substituindo a palavra gostar ou admirar, pela palavra amar

Elaine Cruz - 25/01/2018 09h15

As palavras são mutáveis em seus significados e valores. A palavra marginal, que significa estar à margem, hoje tem sido utilizada dentro de outro contexto e significado. Outras, como bacana, por exemplo, cuja origem vem da palavra bacanal, hoje é aplicada como um elogio, evidenciando o quanto a linguagem é versátil.

Há, porém, outra palavra, cada vez mais em uso, mas que traz equívocos substanciais, uma vez que a estamos esvaziando ou diluindo seu precioso significado. Me refiro a palavra AMOR.

As pessoas dizem que amam o pai, o conjugue, a mãe, filhos e amigos. Mas com a mesma intensidade e naturalidade que dizem também amar torta de chocolate, uma marca de carro, estrogonofe, um shopping preferido ou um programa de televisão.

Na verdade, estamos substituindo a palavra gostar ou admirar, pela palavra amar. Gostamos de uma comida, de um lugar, de um clima ou de um programa de rádio. Podemos admirar um personagem de desenho animado ou o quadro de um artista.

Amar é uma decisão racional de nutrir afeto, um ato maior, interativo e consciente. Amar pode ser difícil, trabalhoso e, muitas vezes, amamos pessoas que nem são gostáveis ou admiráveis! O fazemos porque sabemos ser o certo, porque é um mandamento divino, porque decidimos amar em vez de odiar ou guardar rancor, amargando nossa existência.

Sim, amar é diferente de gostar. Há pessoas que são difíceis de gostar: pais ausentes, familiares abusivos, vizinhos encrenqueiros, parentela e colegas de trabalho invejosos, fofoqueiros, egoístas e maus. Há ainda aqueles que se esmeram em tentar nos destruir, caluniar e perseguir, se colocando como inimigos nossos, retornado o bem em mal. Destes, podemos até admirar a tenacidade e/ou disciplina, mas não gostamos do que fazem ou falam.

Entretanto, mesmo a esses inimigos, biblicamente, podemos decidir amar, a ponto de não responder a altura, denegrir ou desejar mal. Nosso afeto torna-se superior à mesquinhez do outro, e não está subordinado ao merecimento alheio. Amamos para não sofrer com ódios ou iras. Amamos pessoas, mesmo sem gostar de alguns ou muitos de seus atos.

Goste de coisas. Ame pessoas. Esforce-se para gostar de pessoas, e quando for importante e difícil conviver com o desgostar, não deixe que o desgosto o consuma. Decida amar, apesar de.

 

Elaine Cruz é pastora no Ministério Fronteira, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro; Psicóloga clínica e escolar, especializada em Terapia Familiar, Dificuldades de Aprendizagem e Psicomotricidade; Mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense; palestrante e conferencista internacional, com trabalhos publicados no Brasil e no exterior; Mestre em Teologia pelo Bethel Bible College (EUA); e membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil, com oito livros publicados.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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