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Cultura doméstica: muito além da sustentabilidade

A consciência da sustentabilidade como uma ferramenta de integração amplia nossa responsabilidade como cidadãos co-criadores

Bia Sartori - 07/08/2020 13h28

Muito tempo atrás, quando não falávamos de sustentabilidade, tínhamos uma prática altamente sustentável, aproveitando o que o mundo nos oferecia, com respeito e compromisso pela continuidade da vida. Uma vez que, como humanidade, perdemos o respeito e a reverência zelosa pela natureza e pelos recursos que ela nos dá, as demandas pela sustentabilidade surgiram em diversas áreas, no início da década de 70.

E do grito solitário de alguns, passou a integrar um movimento de redenção nos anos 80, passando pelo modismo até começar a sedimentar seus conceitos e virar prática cotidiana, construindo uma cultura. Esse assunto é muito amplo, e vai além de mini hortas domésticas, reuso de água, compostagem, lixo reduzido e separado por tipo de reciclagem, lâmpadas de LED, etc. Integra áreas como economia, política, sociedade e cultura.

Os investimentos em tecnologia e ampliação das energias renováveis, seja eólica, solar ou hídrica, são capazes de suprir totalmente as demandas do nosso mundo. Deixando de fora questões político-econômicas, focando na nossa prática diária, já alcançamos a realidade de que cada edificação pode se tornar independente, com instalações de geração de energia solar, que estão mais acessíveis no mercado.

E é com base nesta premissa, que desenvolvo a reflexão aqui. Quero fazer uma ligação com a simplicidade e eficiência, que nossa ancestralidade carrega nas veias, considerando como uma prática esquecida. Estamos reaprendendo e resgatando essa atmosfera orgânica para dentro de nossos ambientes de vivência.

As novas gerações, já estão incorporando alguns conceitos como prática diária, que eu precisei reaprender, pensar e prestar atenção. Um exemplo bem típico, é a questão da reciclagem do lixo. Do discurso passou à prática, e hoje é um hábito!

A compostagem do lixo doméstico, já é algo bem mais difícil de incorporar, pois nem tudo que é orgânico (como carnes, queijos, salgados e comidas ácidas) pode entrar neste processo. Para quem mora em apartamento, então, as possibilidades são muito reduzidas. E a compostagem, só faz sentido, se você vai usar o resultado como adubo! Solução foi a coleta seletiva.

Os telhados verdes, começam a surgir. Ainda um pouco mais caros para executar, exigindo estrutura física e mão de obra técnica. Mas, vem ganhando adeptos no mundo todo, unindo várias pessoas, trazendo a certeza da força comunitária para a construção de qualidade de vida.

A consciência da sustentabilidade como uma ferramenta de integração, une o discurso e prática, amplia nossa responsabilidade como cidadãos co-criadores, revigorando nossa mente, direcionando nosso olhar para nosso pequeno mundo do dia a dia, que constrói a base para possibilidades de sobrevivência e bem-estar.

Aos poucos temos incorporado hábitos, fundamentados em conhecimento sólido de como fazemos a limpeza dos nossos ambientes e quais produtos usamos. Simplificando nossa casa, nossas empresas, simplificamos nossa carga de preocupação com higiene e limpeza. Conhecimento tão importante, hoje, em plena pandemia do COVID-19! Algo sem muita importância, sobe o ranking e ocupa primeira posição, exigindo que a complexidade do momento seja simplificada. Senão, nós não aguentamos mais uma complicação.

As áreas de serviço e lavanderias se tornam ambientes com muita atenção, pois é lá que encontramos algum tipo de segurança, higienizando nossas roupas, sapatos, e tudo aquilo chega de fora. Bancadas bem planejadas, armários para guardar o que já foi higienizado, evitando novo contato com possíveis contaminações, produtos em lugar de fácil acesso. Voltamos nosso olhar para um lugar sem muita fama nos projetos!

Um aspecto que faz parte da nossa história é a agricultura familiar. Percebo um ensaio, da população urbana, na retomada e adaptação dessa cultura, no cultivo de mini hortas, seja no quintal, ou nas varandas dos apartamentos. O artista Zin Cruz propõe, com verdadeiras obras de arte, as hortas verticais e vasos com pinturas especiais, que acolhem de forma estética e harmônica esse cultivo doméstico.

O cultivo do próprio alimento, já é uma prática, com muitos adeptos. Neste sentido, pessoas que se importam com a alimentação, que encontram prazer no cultivo paciente, no cuidado e observação do crescimento dos brotos, grãos e temperos, integram uma grande parte da população que volta às raízes da agricultura doméstica.

No cultivar, aprendemos com a natureza o respeito por ciclos, a persistência necessária, a surpresa do novo surgindo. E você? Como é sua experiência? O que essa prática contribui com seu desenvolvimento e crescimento?

Bia Sartori , designer de interiores formada pelo SENAC e pós-graduada pelo IPOG; personal organizer formada pela OZ!, pedagoga com especialização em Orientação Educacional pela PUCC.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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