Precisamos falar sobre aborto
O mundo tem se aberto cada vez mais à possibilidade de matar um ser humano e chamar isso de liberdade
Bia Kicis - 04/02/2021 17h11
Precisamos falar sobre os quarenta e dois milhões e setecentos mil assassinatos em 2020 que tiveram como cena do crime o próprio ventre materno. Esta foi a principal causa de morte no ano passado.
De acordo com dados do Worldometer, só no ano de 2021, que mal começou, já ultrapassamos os quatro milhões de vidas ceifadas com o respaldo do “meu corpo, minhas regras”. Com justificativas irracionais, dados mentirosos e uma falsa empatia, o mundo tem se aberto cada vez mais à possibilidade de matar um ser humano e chamar isso de liberdade.
Tínhamos tudo para iniciar o ano respirando esperança. Mas fomos sufocados pelos aplausos que comemoravam o grito de dor daqueles que sequer tem voz. Argentina, Coreia do Sul e Estados Unidos ingressam como protagonistas na propagação da cultura da morte em 2021.
O mundo tem se aberto cada vez mais à possibilidade de matar um ser humano e chamar isso de liberdade
Em seu primeiro dia como Presidente do país símbolo de democracia do ocidente, Joe Biden anuncia que vai deixar a aliança internacional contra o aborto, articulada por Trump e Bolsonaro. O novo governo dos EUA se mostra empenhado na propagação do assassinato de inocentes e no rompimento com qualquer valor conservador que a administração anterior havia lutado tanto para conquistar.
Após a aprovação do aborto na Argentina, vimos a absurda manifestação da ONU no Twitter. Em sua conta “ONU Mulheres Argentina”, registraram: “É lei! Felicitamos o movimento feminista e o Estado argentino por esta significativa conquista”. Estão todos juntos em prol da destruição de vidas indefesas.
Acreditem se quiser, até previsão do futuro teve. Em entrevista realizada no mês de março do ano passado (2020), María Florencia Alcaraz – jornalista argentina autora do livro “¡Que sea ley!” – diz “2020 será o ano do aborto legal; é irreversível que se torne lei”. Em dezembro de 2020, o aborto até a 14ª semana foi legalizado.
Mas os valores pulsam forte na população, e os números comprovam isso. Em pesquisa realizada na Argentina (feita pela Cátedra de Sociologia da Universidade do Norte São Tomás de Aquino), em dezembro de 2020, 93% dos entrevistados se posicionaram contra a lei que liberou o aborto. Dentre os entrevistados 70% eram mulheres, sendo 60% de mulheres em idade fértil.
A luta em prol do assassinato de bebês inocentes não é de hoje. Acompanhamos a sua legalização desde o milênio passado, tendo como uma das bases a falácia de que o aborto diminuirá, caso seja descriminalizado.
Vamos apresentar alguns dados para que as máscaras possam cair
Os EUA liberaram o aborto na década de 70, tendo um número aproximado de 193.000 abortos. Em 1975, o número chegou a 1.034.170, ocorrendo um aumento de 625%.
A Suécia, por sua vez, liberou o aborto em 1939, com o número de 439 casos. Em 1949, dez anos depois, esse número aumentou para 5.503; e, no ano de 2010, para 37.698 abortos.
Proporcionalmente falando, levando em consideração a população e a quantidade de abortos, na Alemanha ocorrem 3 vezes mais assassinatos de bebês no ventre do que no Brasil. Na Espanha, 4 vezes mais. Nos EUA, 6 vezes mais. No Reino Unido, 7 vezes mais. Na Romênia, 9 vezes mais. Na China, 12 vezes mais. Na Rússia, 23 vezes mais. Em todos os países citados, o aborto foi legalizado.
Agora vamos olhar para alguns dados brasileiros. Em pesquisa realizada pelo IBOPE no ano de 2003, 90% da população brasileira se posicionou contra o aborto. Em 2005, o mesmo Instituto trouxe dados de que a aprovação do aborto diminuiu de 10%, no ano de 2003, para 3%, em 2005.
Dados do Data Folha de 2007, mostram que só 3% consideram “moralmente aceitável” fazer um aborto. O brasileiro é tão contra essa prática que o Congresso Nacional, casa do povo, reflete essa postura. Por isso, a militância insiste na judicialização da causa. O território brasileiro é ringue de incansável luta contra a descriminalização do aborto.
O Brasil está passando por um período de transição demográfica, na qual há baixas taxas de fecundidade e de crescimento populacional. Sem qualquer intervenção na dinâmica populacional, o Brasil atingirá, nas próximas décadas, taxas de crescimento inferiores ao dos países desenvolvidos – problema que se refletirá gravemente no mercado de trabalho e na previdência social. Descriminalizar o aborto gerará um impacto ainda maior.
Na Islândia, quase não é possível encontrar pessoas portadoras da Síndrome de Down, havendo a possibilidade de abortar após a 16ª semana, em caso de deformidade
Tentam, a todo custo, disfarçar um dos grandes intuitos do aborto: a erradicação dos não desejáveis. Na Islândia, quase não é possível mais encontrar pessoas portadoras da Síndrome de Down, havendo a possibilidade de abortar após a 16ª semana, em caso de deformidade.
Segundo a CBS News, os EUA têm uma taxa estimada de extermínio da Síndrome de Down de 67% (1995-2011); a França, de 77% (2015); a Dinamarca, de 98% (2015); e a Islândia, de quase 100% hoje.
O que será isso, se não eugenia? Recordo-me de um memorando assinado por Adolf Hitler no dia 1º de setembro de 1939, que permitia a “morte piedosa” de pessoas “inviáveis”. A eugenia que Hitler buscava implementar precisou de um processo de aceitação, para que fosse “normal” o extermínio de muitas vidas, inclusive de judeus.
Quando a suposta qualidade de vida de uma pessoa tornou-se mais importante que o valor da própria vida? Seja a qualidade de vida da mulher, que quer arrancar de forma cruenta seu filho do ventre, seja a de bebês com qualquer tipo de deficiência.
Começa-se com o argumento “não é uma vida, é um amontoado de células”, depois o discurso floreado da tal “gravidez não desejada”, e logo chegaremos ao mesmo ponto que a Alemanha nazista chegou.
Toda tentativa de provar que o feto não é humano esbarra em contrassensos intransponíveis
Como disse o professor Olavo em um artigo: “Toda tentativa de provar que o feto não é humano esbarra em contrassensos intransponíveis. Mas negar que o outro seja humano é a mais velha desculpa de quem deseja matá-lo. A ciência nazista provava, com argumentos parecidos, que os judeus não eram gente”.
O aborto é, portanto, uma estratégia para o rompimento dos limites da moralidade humana, capaz de corromper o direito natural. O aborto é um passo execrável para alcançar, um dia, a eugenia, livre de “amarras” morais, algo tão sonhado por defensores de uma agenda nefasta.
Defender o aborto não é lutar por liberdade. Na verdade, nada mais é do que lutar pelo aprisionamento de nossa própria consciência.
Bia Kicis foi procuradora do Distrito Federal durante 24 anos, ativista e atualmente é deputada federal pelo PSL/DF. |
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