Leia também:
X Empoderamento cor-de-rosa

O voto útil é democrático. O voto nulo é anarquista

Muita gente acredita na mentira de que o voto nulo é um grito de revolta. Não anule seu voto, nem vote em branco. Seu voto é muito importante

André Mello - 05/10/2018 11h13

ZEBRAS NO PÓDIO
Nesta eleição, como bem demonstra a capa do Jornal Metro, os líderes de intenção de voto são também líderes de rejeição. Só isso já bastaria para caracterizar a eleição de 2018 como atípica. No mundo inteiro, bem como nas eleições anteriores, quem tem menor taxa de rejeição é, por consequência lógica, o líder nas intenções de voto.

Em um paralelo com o universo esportivo, é como se as zebras assumissem o pódio e levantassem a taça de campeão.

VOTO ÚTIL
Sair de casa para votar no candidato que não representa o eleitor é algo impensável nas democracias representativas modernas. Pode-se dizer que, nesse caso, o voto útil é um voto no menos pior. De fato, se o eleitor não fosse obrigado a votar, não haveria voto útil. Ou seja, nos Estados Unidos da América, por exemplo, não votar é a opção para aqueles que não se sentem representados.

ABSTENÇÃO E NULIDADE
Ir a uma sessão eleitoral para votar nulo, ou votar em branco é uma opção menos digna do que não comparecer. Quem não comparece, paga multa e regulariza a situação eleitoral, mas não se submete à eleição.

Há no Direito moderno, por aplicação universal dos Direitos Humanos o direito à objeção de consciência. Objetores de consciência são firmes, mas quem vota em branco ou entra na urna para anular o voto tem outro nome: é uma nulidade.

VOTAR NULO É PIOR DO QUE VOTAR EM BRANCO
Os votos em branco receberam a atenção da rede de fast-foods Burger King. No comercial, os consumidores escolhiam o sabor “em branco” – com pão e cebola, sem carne. No texto publicitário, quem vota em branco dá a outros o direito de escolher o sabor de seu hambúrguer.

O voto em branco é um voto válido, ainda que seja uma contradição na Democracia. É como se alguém dissesse na loja: quero COMPRAR qualquer coisa. Cientes do paradoxo, alguns eleitores dizem – prefiro votar nulo. Todavia, o voto nulo tem efeitos piores do que o voto em branco.

VOTAR NULO É VOTAR NO LÍDER
Muita gente acreditou na mentira de que o voto nulo é um grito de revolta. Outros, acreditaram na fake news do WhatsApp de que muitos votos nulos forçariam uma nova eleição. A verdade é outra, bem amarga. A lei eleitoral diz que uma eleição pode ser anulada, mas só quando o Tribunal Superior Eleitoral decide que há fraude ou irregularidades no processo, ou nas candidaturas.

Isso ocorreria, por exemplo, se Lula (inelegível) ganhasse no primeiro turno. Haveria, então, convocação de novo pleito. O voto nulo, porém, não força nova votação.

O que acontece com o voto nulo é semelhante às senhas de uma fila. Se o caixa chamar dois números e as pessoas não comparecerem, a terceira senha passa a ser a primeira da fila.

Como o TSE só conta os votos válidos, o voto nulo é descartado. Assim, se todos os familiares dos candidatos votarem neles, mesmo com os votos nulos de todos os eleitores, serão eleitos com os votos válidos de seus parentes.

A ESQUERDA RADICAL CRIOU O VOTO NULO
No tempo da cédula de papel, a esquerda radical e os anarquistas incentivavam o povo a votar nulo. E o discurso era o mesmo de hoje: Denunciar a farsa da democracia formal. Na prática, então, além de ajudar os candidatos a se elegerem, o voto nulo fortalece os extremistas que desejam substituir a democracia por algum regime autoritário.

Então, se você não deseja destruir a liberdade democrática, se não é a sua vontade participar daqueles grupos de black blocs que picham os muros com grafites – dizendo que eleição é fraude – sua alternativa é escolher um candidato.

Acesse o site e confira as candidaturas homologadas pelo TSE. Escolha o seu candidato, pesquisando por estado. Afinal, você não rasgaria todas as roupas da loja porque não há uma camisa que você goste. Como uma pessoa adulta, escolheria a melhor opção, mesmo que não seja sua cor favorita, certo? Até porque é assim que se amadurece a Democracia.

André Mello é jornalista, tradutor, teólogo e cientista da religião.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.