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Lembra de Guerra nas Estrelas? Nas eleições brasileiras, o roteiro é semelhante

André Mello - 05/09/2018 09h47

Lembra de Guerra nas Estrelas? Depois de uma investida rebelde bem-sucedida, as forças imperiais se reaglutinam e partem para o ataque devastador, forçando a retirada dos rebelados. Nas eleições brasileiras, o roteiro é semelhante. O PSDB saiu das cordas, reagrupou suas forças no Centrão e aumentou o impacto da investida para colocar Alckmin no segundo turno. Bolsonaro, evangélicos e ruralistas são os principais alvos da frota tucana.

NA BALA
O PSDB viu o risco de perder o maior estado da federação e, também, a eleição nacional e começou a se movimentar. Depois de garantir o maior tempo de campanha (e a maior parte dos recursos do fundo partidário), os tucanos lançaram articulações para derrubar o impulsionamento petista na Internet, ao mesmo tempo em que buscam isolar o crescimento de Bolsonaro. Para isso, além de denúncias e contra-ataque virtual, os estrategistas da campanha de Alckmin resolveram associar o candidato do PSL às imagens de violência. Foram atrás de uma campanha vitoriosa no Reino Unido, no qual uma bala destroça vários objetos e alimentos, antes de parar perto da cabeça de uma criança. O discurso subliminar é forte e as associações sugerem que a violência pode aumentar.

NA PIZZA
Antes de se lançar candidato, Geraldo Alckmin chamou lideranças evangélicas para uma pizza no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Antes de lançar a ofensiva midiática contra Bolsonaro, reuniu mil pastores e obreiros da Igreja Mundial do Poder de Deus. Eduardo Tuma, secretário da Casa Civil do prefeito Bruno Covas tem articulado um discurso de Alckmin junto aos parlamentares e lideranças. Os líderes evangélicos querem o compromisso dos tucanos contra qualquer projeto que criminalize o discurso religioso sobre a homossexualidade.

Para o presidente da Concepab (Confederação de Conselhos de Pastores do Brasil), Bispo Robson Rodovalho (Sara a Nossa Terra) a definição só sairá depois de um posicionamento claro. Ou seja, espera-se que o candidato tucano se posicione a respeito de temas como aborto, drogas, homofobia e liberdade de expressão. Por enquanto, o jeito tucano de não tomar posição é um problema a ser contornado. Oitenta e nove por cento dos eleitores (50% católicos e 29% evangélicos) estão atentos às temáticas comportamentais.

NO CAMPO
Ao mesmo tempo em que lança pontes para o meio evangélico, Alckmin também visitou o Rio Grande do Sul e a Expointer (maior feira de agronegócios). O tucano, para atrair esse setor, além de atrair a senadora Ana Amélia (PP) como vice na chapa, declarou que é a favor do porte de armas liberado para os fazendeiros.

O PP tem 143 prefeitos e pretendia lançar um candidato a governador no Rio Grande do Sul. Luiz Carlos Heinze, que seria candidato, tem demonstrado mais afinidade com Bolsonaro – e a julgar pela sua participação ao lado do candidato do PSL na Expointer, ainda não digeriu totalmente a manobra dos tucanos. Na região Sul, Bolsonaro lidera com 28% das intenções de voto, segundo o Datafolha.

MAIS UMA
No agregador de pesquisas (comparações de resultados de várias pesquisas, realizado por Poder360 em conjunto com o Google), Jair Bolsonaro (PSL) lidera no Acre, Distrito Federal, Roraima e Santa Catarina.

Nacionalmente, a pesquisa PODER360, feita por telefone, mostra a consolidação de Bolsonaro em 21% das intenções de voto. Clique e veja a comparação de pesquisas.

NA MÍDIA
A participação de Bolsonaro no Jornal Nacional, as agendas de campanha e, especialmente, a militância na Internet tem garantido ao candidato do PSL uma vantagem que pode equilibrar a disputa com Alckmin na propaganda eleitoral.

Os estrategistas da campanha de Alckmin têm preferido o ataque sistemático a Bolsonaro através da mídia (como fez Fernando Henrique Cardoso), por meio de peças de campanha negativas, narrações de locutores e, nos bastidores, negociações com lideranças políticas e líderes neopentecostais.

Resta saber se o eleitorado vai reagir conforme a música. Ao contrário da série Guerra nas Estrelas, a guerra pelos votos não tem roteiro previsível.

André Mello é jornalista, tradutor, teólogo e cientista da religião.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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