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A polícia federal fez um upgrade da Lava Jato? Começou a fase 2.0?

A chamada operação Câmbio, Desligo teve como alvo 33 doleiros e empresários. Inicialmente, apura-se o desvio de 1,6 bilhões de dólares (7, 2 bilhões de reais)

André Mello - 08/05/2018 11h19

Na última quinta-feira (3), mais uma força-tarefa da Lava Jato foi deflagrada, a operação Cambio, Desligo. É sobre esse upgrade da Lava Jato que quero falar hoje.

QUEM É DARIO MESSER?
Você não o conhece, mas é famoso. É o principal operador de um esquema de tenebrosas transações que a Polícia Federal (PF) está investigando atualmente. O braço carioca da Lava Jato cumpriu 33 mandados de prisão, visando especialmente a família de Messer.

Messer, segundo a PF, é a cabeça de uma família de doleiros brasileiros. Ele tornou-se cidadão paraguaio em 2002, quando a PF prendeu os sócios de Ronaldo Nazário por causa do envio de milhões de dólares para o exterior. Segundo o maior jornal paraguaio, o doleiro buscou abrigo no país vizinho e, atualmente, é amigo pessoal do presidente Horacio Cartes. Messer é bem relacionado também com o genro milionário de Vladimir Putin. E se você não ouviu falar dele, saiba que Daniel Dantas, o PT, o PSDB, o PMDB e outros doleiros já ouviram. O homem é alvo de inquéritos há pelo menos 30 anos.

Os dois maiores jornais do Brasil afirmaram que a atual operação, inicialmente relacionada com o desvio de 1,6 bilhões de dólares, pode ser um faxinão, maior do que a Lava Jato.

UP GRADE
A Operação Câmbio, Desligo, segundo o procurador, Eduardo El Hage, “é a maior operação desde o Banestado”. Na época, Messer apareceu na CPI e no esquema de lavagem de dinheiro operado via Banco do Estado do Paraná. Seu nome voltou a surgir nas denúncias do mensalão, em 2005. Foi apanhado também na rede da Operação Sexta Feira 13; esquema que remeteu cerca de 20 milhões de dólares para paraísos fiscais.

A rede de pesca da PF apanhou até empresários ligados ao apresentador Luciano Huck.

DELAÇÃO MULTINACIONAL
Inicialmente, o mandado de prisão de 33 pessoas é fruto de uma ação conjunta, com autoridades policiais do Brasil e do Uruguai. Dois doleiros, Vinicius Claret e Cláudio Barbosa, presos no ano passado na Operação Eficiência, são os delatores do esquema. Como “doleiros dos doleiros” movimentavam um esquema financeiro que transferia dólares para contas no exterior e, também, transferia dólares de contas estrangeiras para pagamentos em dinheiro vivo no Brasil.

A Polícia Federal teve acesso ao sistema informatizado dos doleiros, Bankdrop, onde os dois registravam todas as transações. Outra doleira, Patrícia Matalon, cuja família trabalhava em sociedade com a família Messer também fez delação premiada. Um chinês, Wu Yu Sheng, um libanês, Henri Tabe,t e a família Messer são os principais investigados. Se todos forem presos, se começarem as delações, vamos precisar de uma prisão internacional.

SIGA O DINHEIRO!
Por enquanto, o tamanho do problema é apenas prospecção. Mas o caminho de “seguir o dinheiro”, ou de esclarecer os esquemas dos doleiros, promete grandes emoções. Isso tem sido uma constante, desde o escândalo político que culminou com a renúncia de Richard Nixon, em 1974: o maior escândalo de corrupção envolvendo presidentes nos Estados Unidos da América.

Aguardamos os próximos capítulos.

André Mello é jornalista, tradutor, teólogo e cientista da religião.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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