Você é 100% honesto(a)?
A soma de pequenas corrupções no dia a dia pode ser a explicação do motivo pelo qual não prosperamos
Anderson de Alcantara - 09/10/2018 10h46
Olá, pessoal que me acompanha aqui no Pleno.News, como vão? Tudo bem? Primeiramente, peço a você que resista à tentação de não ler este artigo. Sim, parece que o assunto desta reflexão é meio óbvio, e pode parecer até uma afronta me dirigir à nossa seleta audiência perguntando a vocês se são pessoas realmente 100% honestas… mas não é. Gostaria de mostrar algumas coisas a respeito disso hoje. Separe uns 10 minutos de tranquilidade para esta reflexão.
Desonestidade, no Brasil, parece ser mais uma daquelas coisas que “só acontece com os outros”; como doenças, fatalidades, imprevistos da vida etc. Mas deixe eu lhe comprovar a necessidade de abordarmos esse assunto por meio de um episódio no qual eu mesmo fui protagonista.
Em 2009, fui indicado a participar de um treinamento de formação de professores de um curso de Finanças. A metodologia estava sendo trazida dos Estados Unidos para o Brasil por uma importante editora cristã.
Naquele sábado, a sala alugada para ministrar essa capacitação estava repleta de representantes de diversas igrejas e denominações. Havia até gente de fora do Rio de Janeiro, uma vez que esse treinamento não acontece a todo instante. Os participantes foram dispostos em círculo, e não em fileiras como de costume.
Logo após a apresentação inicial, o professor palestrante veio direto para nós com essa pergunta que está no título:
– Você é 100% honesto(a)?
Apontou para um dos participantes, que de pronto respondeu:
– Sim!
E foi seguindo a ordem do círculo no sentido horário aguardando a resposta de cada um.
Eu estava do outro lado da sala, e senti um incômodo nascer no meu coração e um borbulhar em cada célula do meu corpo. A cada pessoa que respondia “sim!” meu coração me acusava de pequenas ilicitudes que eu tinha cometido recorrentemente, mesmo sendo um cristão professo há mais de 30 anos. Por exemplo:
- As apostilas da faculdade que eu imprimia no trabalho utilizando papel e toner do meu patrão, sem que o mesmo soubesse…
- Aquele um ou outro recibo extra que eu pedia ao médico ou dentista para jogar na minha declaração de imposto de renda…
- Aquele DVD do meu filme favorito que eu comprei no mesmo mês em que tinha dito para a minha esposa que estávamos sem dinheiro para irmos ao cinema…
Graças a Deus, antes que eu desmaiasse e acordasse somente no dia do juízo final, a pessoa ao meu lado direito falou seu firme “sim” e, quando levantei meu olhar o palestrante estava com o dedo apontado para mim aguardando a minha resposta.
–Não – eu disse, e abaixei a minha cabeça.
Ele prosseguiu com a sequência e quando apontou para a próxima pessoa, à minha esquerda, este demorou um pouco mais do que o habitual e, timidamente, balbuciou “não” também. Em seguida, dali até ao final da roda, todos os presentes passaram a responder “não”.
Ao final, o professor perguntou se alguém gostaria de mudar a sua resposta. Todos os que, antes de mim, haviam dito “sim” com convicção, mudaram suas respostas para um “não” resignado.
Então, ele se dirigiu a mim e me agradeceu por “ter liberado o ‘não’ remidor” daquela turma, e perguntou que motivos me levaram a fazê-lo. Citei os três exemplos acima e ele me pediu para parar. Provavelmente se eu não o tivesse feito ainda citaria todos os exemplos aparentemente pequenos de desonestidade que cometi na vida, mesmo tendo aceitado a Cristo aos 9 anos de idade.
Dali em diante, o palestrante discorreu com tremenda alegria que um dos princípios-base da felicidade financeira é a honestidade; e seguiu com a programação do dia.
Agora, vamos pensar um pouco sobre isso. Faça uma pausa na leitura e pense se você estivesse naquela roda comigo. O que você responderia? Você daria “não” remidor da turma ou ainda se arriscaria a dar um “sim” com convicção?
E aí? Sim ou Não?
Honestidade significa ser verdadeiro, transparente, não roubar, não enganar ou defraudar ninguém. O indivíduo honesto repudia a esperteza e o desejo de querer levar vantagem em tudo e sobre todos. O oitavo mandamento da Lei de Deus nos aconselha a ter uma vida de honestidade:
Não furtarás (Êxodo 20:15).
O furto é caracterizado quando alguém toma posse daquilo que não é propriedade sua. Algumas pessoas preferem “atalhos” para conquistar aquilo que não lhes pertencem. A pirataria de músicas ou filmes, por exemplo, é um desses atalhos muito comuns hoje em dia. Ter um sinal de TV a cabo que não é levado diretamente pela operadora e sim por um “intermediário do bairro” ou uma caixinha milagrosa ligada à internet também o é. Nem preciso dizer que o “gato” na luz ou na água é um roubo explícito, preciso?
Filosoficamente, a palavra ética vem do grego ethos, e significa: modo de ser e caráter, comportamento. A ética está diretamente relacionada com a nossa conduta em relação ao outro, estabelecendo os princípios e valores ideais para um relacionamento virtuoso e justo. De forma bem prática “ética é aquilo que você faz mesmo quando ninguém está vendo”.
Quando analisamos a história da humanidade, percebemos que a desonestidade não é um problema apenas do homem do século 21, mas é uma realidade desde os tempos mais remotos. O comportamento humano sempre continua deixando a desejar quando o assunto é honestidade.
As mesmas pessoas que no dia a dia oferecem propina ao agente de trânsito para não serem multadas, ou que recebem um “agrado por fora” para comprar deste e não daquele fornecedor no trabalho, costumam ser ferozes atacantes da corrupção política nas conversas e nas redes sociais.
Mas basta vermos o noticiário quando há greve dos policiais militares no estados para constatarmos que, sem o policiamento nas ruas, aumentam exponencialmente os crimes de homicídio e os assaltos. Famílias inteiras, inclusive com crianças, são flagradas saqueando lojas…
Afinal, quantas câmeras precisaríamos instalar para que todos fôssemos 100% honestos? E a questão é: precisaríamos ter que chegar a esse ponto?
A honestidade traz diversos benefícios na vida, por exemplo: no trabalho, com atos honestos, podemos nos colocar em uma melhor posição; na questão social, a honestidade gera admiração, estima e consideração; na família, promove harmonia; no âmbito fiscal, gera tranquilidade e evita pesadas perdas financeiras com multas etc.
Tudo aquilo que conseguimos com honestidade deixa a nossa consciência tranquila e em paz, além de darmos um sentido melhor às nossas vidas.
Além de tudo, independentemente de qual seja a sua religião, não podemos descartar a Lei da Consequência, que toma diferentes nomes, segundo a sua aplicação. Na física, por exemplo, é chamada de O Princípio de Newton ou Lei da Ação e Reação, assim enunciada: “uma força não pode exercer uma ação, sem, no mesmo instante, gerar uma reação igual e diretamente oposta”, ou, por outras palavras, “toda causa gera um efeito correspondente”.
Tudo o que você faz de bom ou errado aqui nesta terra, acaba se voltando contra você. Essa é uma lei que jamais poderá ser ignorada.
Por isso lhe sugiro que, ainda hoje, faça uma reflexão profunda em todas as áreas de sua vida e veja se, de repente, não está sendo impedido de progredir e prosperar pelo pecado da falta de honestidade.
Por hoje é só. Contem comigo! Estarei toda semana por aqui. Forte abraço, até semana que vem, sucesso, e fiquem em Paz!
Caso você tenha alguma questão ou dúvida relacionada a Finanças Pessoais, envie-a para redacao@plenonews.com.br e eu terei o maior prazer em responder e tentar lhe ajudar.
Anderson de Alcantara é profissional do mercado financeiro há 29 anos, atua como Consultor Financeiro na Sukses Consulting Advisory e é Professor Titular do Ministério Videira – Educação Financeira à luz da Bíblia. |