O custo de não ensinarmos coisas básicas aos nossos filhos
Estamos criando jovens que não têm habilidades básicas de vida doméstica
Anderson de Alcantara - 12/02/2020 10h30
Há algum tempo ouvimos muitas reclamações de que o ensinado nas escolas não é muito prático no mundo real. Pois é, isso é verdade.
Os estudantes modernos podem desvendar problemas matemáticos complexos, mas ainda não possuem as habilidades necessárias para preparar uma refeição ou fazer qualquer outra coisa que os ajude a viver como seres humanos independentes.
Existe uma nova geração se casando e formando família cujos custos fixos são estratosféricos, comparado aos dos lares que acabaram de deixar. E isso num mesmo nível de conforto de seus pais, ou até inferior. As novas famílias optam pelo delivery ao invés de fazerem suas próprias refeições, pela lavanderia ao invés de lavarem e passarem sua próprias roupas e também pela diarista para realizar as tarefas básicas do lar.
As escolas estão se adaptando aos tempos atuais e implementando as mudanças propostas pela nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mas, tanto elas como os pais, estão se esquecendo de ensinar aos futuros adultos habilidades simples da vida cotidiana, que podem ter um enorme impacto em suas finanças.
Semana passada eu comentei aqui neste nosso espaço que a Educação Financeira nas escolas brasileiras agora é realidade e isso é um grande avanço. Mas ainda há uma grotesca falta de equilíbrio no sistema educacional. Os alunos estão se formando sem muito conhecimento do “mundo real” e é hora de a sociedade como um todo começar a levar isso a sério.
Ensinar economia doméstica nas escolas pode, por exemplo, ajudar a resolver muitos desses problemas. A disciplina poderia ser chamada de “Habilidades para a Vida”, e deveria ser obrigatória! Assim os jovens teriam conhecimento do que precisam para ter mais tranquilidade e menos despesas quando iniciarem suas próprias vidas ou famílias.
No padrão de família atual, onde os pais trabalham fora e passam pouco tempo com os filhos, haveria muito o que aprender nessas aulas. As aulas poderiam incluir culinária, gerenciamento de tempo, pequenos consertos, e até como fazer compras. Através dessas aulas, os alunos poderiam aprender a usar melhor seus pontos fortes e resolver suas fraquezas e obter melhores resultados com seu trabalho duro.
Imagine como seria bom se seu filho aprendesse a consertar e manter as coisas e roupas, ao invés de simplesmente ficar pedido para você comprar novas? Se as crianças também aprendessem a fazer refeições para si e para os outros, o custo de refeições fora e delivery cairia bastante – e ainda trazer consigo um correlato aumento na qualidade da saúde, pois já está comprovado que refeições feitas em casa são muito mais saudáveis do que as de fora.
Um conhecimento básico de economia doméstica ajudará bastante as pessoas a se tornarem mais independentes. Afinal, depois da escola e da faculdade, essas crianças formarão seus futuros lares e criarão seus filhos (nossos netos). Se a coisa continuar tomando a proporção atual, cada vez mais os avós serão chamados para socorrer financeiramente os seus descendentes pois estes incorporaram hábitos equivocados ao longo da vida, cuja conta uma hora chega.
Então, além da educação financeira, procure dar (você mesmo ou através da escola) noções de economia doméstica para os pequenos. Isso ajudará a formar adultos emocionalmente mais seguros, envolvidos com o lar, comprometidos com o progresso e prosperidade sustentáveis. Dessa forma teremos menos problemas em nossas famílias no futuro.
Por hoje fico aqui, lembrando que, caso você tenha alguma questão ou dúvida relacionada a Finanças Pessoais, envie-a para redacao@plenonews.com.br e eu terei o maior prazer em responder e tentar lhe ajudar.
Forte abraço, sucesso, fiquem na paz, e até semana que vem se Deus quiser!
Anderson de Alcantara é profissional do mercado financeiro há 30 anos, onde atua como como Planejador Pessoal; e é Professor Titular do Ministério Videira – Educação Financeira à luz da Bíblia. |