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Juros: Conheça a taxa básica da economia

Uma simples troca de aplicação poderia ter feito seu esforço render quase 20 vezes mais!

Anderson de Alcantara - 15/01/2019 10h10


Olá, amigo do Pleno.News! Como vai? Tudo bem?

Na semana passada comecei a falar de Juros aqui com você (clique aqui para ler, caso tenha perdido) e, após a leitura, tenho a certeza de que você ficou impressionado com o conceito de JURO REAL, e como após compreender a verdade por trás dos números, constatamos que quem tem dinheiro aplicado em Caderneta de Poupança no Brasil, nos últimos 4 anos, viu seu dinheiro crescer pouco mais de 1% em termos reais.

Isso significa que, quem está guardando todo o produto de seu esforço financeiro nesta aplicação, dificilmente verá seu patrimônio dobrar, pois para isso, teria que viver 100 anos para obter um resultado de 100% de crescimento a uma taxa média real de 1% ao ano.

– Mas Professor, para ter juros maiores eu preciso correr riscos maiores… Tenho medo de bolsa.

Não necessariamente! O seu problema não é querer correr mais ou menos riscos. É a falta de informação.

Inicialmente, é bom esclarecer que não existe investimento sem risco. Em lugar nenhum do mundo. Se alguém lhe disser algo contrário, DESCONFIE.

A Caderneta de Poupança conta com um sistema de segurança chamado FGC – Fundo Garantidor de Crédito, que é um sistema privado, que garante aos investidores até R$ 250 mil de reembolso em caso de quebra da instituição financeira. Sendo que esse sistema garante não só os recursos aplicados na Caderneta de Poupança, mas também o saldo em conta, e dinheiro investido em CDB, RDB, LC, LH, LCI, LCA e outros títulos específicos. Saiba mais acessando o site oficial do FGC.

Já que essas aplicações também contam com a mesma garantia da Caderneta de Poupança, não valeria a pena conhecer um pouco mais a respeito delas? Lógico que sim. Ainda mais que a maioria delas rende consideravelmente melhor. Falaremos delas, sem dúvida, ao longo das próximas semanas. Mas antes, é importante que você entenda o conceito de TAXA BÁSICA DA ECONOMIA, e como ela influencia a sua vida.

Se você é uma pessoa informada, do tipo que assiste radio ou telejornais, posso afirmar, com certeza, que você já ouviu algum jornalista-âncora dizer em algum momento que “O comitê de política monetária do Banco Central se reuniu nesta quarta-feira e alterou a SELIC – a taxa básica de juros da economia para… X,X % ao ano…” Certo?

Mesmo que você não seja fã de noticiários, acaba sabendo da movimentação da taxa SELIC de alguma forma; porém, mesmo com tanto destaque, muita gente ainda não sabe ao certo o que é a SELIC, como ela funciona e qual é a sua influência na vida de todos. Vamos entender, então.

SELIC é a abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia — e taxa Selic está ligada aos juros dos títulos públicos que o governo oferece no sistema. A princípio, somente bancos e instituições financeiras podem operar nesse sistema, intermediando Títulos Públicos para seus investidores, além do próprio governo, através do Tesouro Direto.

Quem decide o valor dessa taxa é o próprio Banco Central, a partir da reunião do COPOM — Comitê de Política Monetária da instituição. Como são emitidos pelo governo, os títulos públicos são bastante seguros e acabam sendo utilizados como garantia quando os bancos precisam pegar dinheiro emprestado entre si. Logo, a taxa acaba refletindo, na prática, quanto um banco paga para captar recursos com outro banco nesse mercado — sempre com base na remuneração dos títulos públicos. Isso acaba gerando o “irmão gêmeo” da SELIC: o CDI – Certificado de Depósito Interbancário.

Resumidamente:

  • SELIC = Taxa básica da economia, utilizada exclusivamente pelo Governo, para remunerar títulos públicos e outras obrigações suas ou a seu favor;
  • CDI = Taxa de mercado da economia, utilizada pelos bancos e instituições financeiras, podendo servir também para remunerar quaisquer tipos de títulos e contratos privados, por quem a quiser utilizar.

Por ordem, vamos ver primeiro como a SELIC – Taxa básica da economia – pode ser usada a nosso favor. Dois parágrafos acima eu mencionei rapidamente o Tesouro Direto, do qual você também já deve ter ouvido falar.

Enquanto o sistema SELIC custodia (guarda) e liquida (compra e vende) todos os Títulos Públicos emitidos pelo Governo Federal, o Tesouro Direto é um programa participante desse sistema, cujo objetivo é tornar popular o acesso ao investimento em títulos públicos, possibilitando sua compra por pessoas físicas diretamente pela internet a valores iniciais bem acessíveis.

A partir da implantação do Tesouro Direto, em 2002, os poupadores ganharam uma forma alternativa e democrática de aplicação dos seus recursos com melhor rentabilidade e segurança – oferecida neste caso, não mais pelo sistema privado do FGC, mas sim diretamente pelo Tesouro Nacional.

Não quero me delongar muito por aqui hoje, mas se você entrar no site oficial do TD, vai encontrar à venda, cerca de 10 títulos diferentes de papéis do Tesouro Nacional, divididos em 3 grupos:

  1. Indexados ao IPCA;
  2. Prefixados;
  3. Indexados à Taxa Selic.

O próprio site tem bastante informação a respeito de cada categoria, e para quem deseja ser um investidor consciente e inteligente, o entendimento desses 3 conceitos de remuneração é praticamente obrigatório.

Como meu objetivo aqui hoje é oferecer um substituto mais rentável à Caderneta de Poupança, quero destacar o Tesouro Selic (antiga LFT – Letra Financeira do Tesouro), papel Indexado à Taxa SELIC, que oferece o menor risco dentre as 3 categorias acima.

Por ser um título que acompanha a Taxa SELIC, e esta por sua vez sempre traz embutido em seu cálculo um ganho real em cima da inflação, o risco de investir nesse título e sair perdendo é praticamente inexistente.

Ele também pode ser sacado a qualquer momento (com pagamento em 3 dias úteis), sem ter que esperar por “data de aniversário”, o que é perfeito para criar uma reserva de emergência, por exemplo.

Por esses 3 fatores (melhor rentabilidade, segurança similar, e ausência de carência para sacar com rendimentos) é que o Tesouro Selic é considerado uma das melhores opções para sair da Poupança e fazer seu dinheiro começar a render mais.

A Caderneta de Poupança pode ter um rendimento real negativo, em determinados períodos (como por exemplo em 2015, como já vimos semana passada), ou mesmo apresentar um ganho real muito pequeno (pouco mais de 1% nos últimos 4 anos, como também já demonstramos).

Agora veja o resultado que obteve quem aplicou em um investimento que remunera seu dinheiro à Taxa básica da economia, e o quanto esta trouxe de JUROS REAIS (acima da inflação) nos últimos 4 anos:

FONTE: Calculadora do Cidadão do Banco Central

Se você é uma daquelas pessoas curiosas que, na semana passada, puxaram a calculadora para ver a soma dos resultados, já deve ter se espantado positivamente – dessa vez – com o quanto de resultado real obteve quem aplicou melhor o seu dinheiro nos últimos anos no Brasil.

  • Resumo: quem investiu no Tesouro Selic nos últimos 4 anos ganhou quase 20 vezes mais juros do que quem colocou seus recursos na Caderneta de Poupança;
  • Na prática: essa janela de observação pegou um período atípico de ambas as aplicações. Mas, em tese, o Tesouro Direto sempre vai render pelo menos 30% a mais que a Poupança;
  • O que entra no bolso: é um pouco menos, já que o investidor paga Imposto de Renda sobre o lucro nesta aplicação e um pequeno percentual de taxa de custódia e corretagem. A Poupança é isenta de ambos, mas ainda assim o resultado líquido do Tesouro Selic é expressivamente melhor;
  • Por que isso acontece: porque sendo o Governo quem fixa, tanto as taxas da Poupança, como as do Tesouro Direto, como ele tem interesse em captar mais recursos do que deixá-los ir para os bancos, ele – espertamente – fixa o rendimento da Poupança em um patamar bem menor do que os rendimentos dos seus títulos, atraindo mais investidores. Simples assim. 😉
  • O que você deve fazer agora: nada ainda! Continue nos acompanhando e você vai saber que ainda existem alternativas melhores que o próprio Tesouro Selic. Acredite!

Permaneça por aqui pelas próximas semanas para saber mais sobre como investir melhor o seu dinheiro com inteligência e segurança, contribuindo assim para atingir a sua tão sonhada LIBERDADE FINANCEIRA.

Por hoje fico aqui, lembrando que, caso você tenha alguma questão ou dúvida relacionada a Finanças Pessoais, envie-a para redacao@plenonews.com.br e eu terei o maior prazer em responder e tentar lhe ajudar.

Forte abraço, até semana que vem, sucesso, e fique em Paz!

Anderson de Alcantara é profissional do mercado financeiro há 29 anos, atua como Consultor Financeiro na Sukses Consulting Advisory e é Professor Titular do Ministério Videira – Educação Financeira à luz da Bíblia.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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